Seul - A tragédia com um avião da Malaysia Airlines na zona de conflito do leste da Ucrânia provocou perguntas sobre por que esta e outras companhias aéreas continuavam sobrevoando aquele território, embora outras tivessem modificado suas rotas há meses.
O espaço aéreo ucraniano sempre foi uma rota muito utilizada por voos entre a Europa e a Ásia, e seu desvio supõe um aumento do tempo de voo e dos custos de combustível.
No entanto, muitas companhias aéreas asiáticas, como as sul-coreanas Korean Air e Asiana, a australiana Qantas e a taiwanesa China Airlines, informaram na sexta-feira que haviam começado a evitar esta região de conflito há pelo menos quatro meses, quando as tropas russas entraram na Crimeia.
"Deixamos de sobrevoar a Ucrânia por razões de segurança", declarou um porta-voz da Asiana, Lee Hyo-Min.
A Korean Air desviou a partir de 3 de março seus voos para 250 km ao sul da Ucrânia, "devido à instabilidade política da região", disse um funcionário à AFP.
Um porta-voz da Qantas indicou por sua vez que seus voos entre Londres e Dubai pararam de voar sobre a Ucrânia "alguns meses atrás", enquanto a China Airlines mudou seus voos em 3 de abril.
Perguntado sobre por que a Malaysia Airlines não adotou as mesmas precauções, o ministro malaio dos Transportes, Liow Tiong Lai, explicou que as autoridades internacionais aéreas haviam considerado a rota segura.
"A Organização Internacional de Aviação Civil e os países por cujo espaço aéreo a aeronave passava aprovaram a trajetória do voo MH17", informou o ministro em Kuala Lumpur.
"Nas horas antes do incidente, outros aviões de várias empresas utilizaram o mesmo caminho", disse ele.
Especialistas dos srviços de inteligência americanos consideraram que um míssil terra-ar derrubou o Boeing 777 que viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur.
Segundo o órgão europeu de segurança aérea Eurocontrol, a aeronave malaia voava a cerca de 10.000 metros de altitute (33.000 pés, nível 330).
A rota havia sido fechada no nível "320", mas estava autorizada acima deste.
Evitar zonas de conflito
Outras companhias aéreas asiáticas, como Singapore Airlines, Air India, Thai Airways e Air China; europeias como Lufthansa e Air France, e a americana Delta, declararam que só agora evitariam passar pela Ucrânia.
"Para mim é inacreditável", disse Geoff Dell, especialista em segurança aérea da Universidade Central de Queensland, na Austrália.
"Se existem áreas de conflito no mundo é preciso evitá-las", declarou à TV britânica Sky News.
"Não se pode, desnecessariamente, colocar em risco seus principais recursos: seus passageiros, sua tripulação, seu avião", acrescentou.
Mas Gerry Soejatman, consultor da companhia Whitesky Aviation de fretamento de aeronaves, com sede em Jacarta, disse que cada companhia aérea tem o seu próprio nível de risco.
Voar acima de 30.000 pés é geralmente considerado seguro, porque requer um alto nível de treinamento e um armamento muito sofisticado para derrubar um avião nesta altitude, acrescentou Soejatman.
"Dez anos atrás, seria idiota sobrevoar o Iraque abaixo de 15.000 pés, mas acima de 30.000 era muito seguro, por isso depende do nível de risco", concluiu.
-
1. As 10 maiores tragédias do ar
zoom_out_map
1/12 (AFP)
São Paulo - O mundo está acompanhando há dois dias as buscas pelo
avião desaparecido da Malaysia Airlines, com 239 pessoas a bordo. O voo saiu de Kuala Lumpur com destino a
Pequim, mas sumiu do mapa no meio do trajeto. As buscas ainda não encontraram destroços ou qualquer outra pista. Autoridades já avisaram os familiares dos passageiros para se prepaparem para o pior, mas ainda não se pode afirmar com plena certeza que o avião sofreu um acidente e todos morreram. Se o acidente se confirmar, ele será o 17º mais mortal da história. Veja a seguir os 10 casos mais fatais da história da aviação. Observação: o número de vítimas fatais no solo não foi levado em conta. Se assim fosse, os atentados como os de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas em Nova York seriam considerados os acidentes aéreos mais fatais - já que mataram seus passageiros, mas também mataram milhares de outras pessoas.
-
2. 1. Acidente de Tenerife
zoom_out_map
2/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 583 pessoas Quando: Em 1977, na Espanha (Ilhas Canárias) O que aconteceu: Em 27 de março, uma bomba explodiu no aeroporto de Gran Canaria, em uma das Ilhas Canárias. Com a ameaça de uma segunda bomba, vários voos foram desviados para o aeroporto de Los Rodeos, na ilha de Tenerife. Por conta de erros e confusão no controle das decolagens e aterrissagens, dois Boeing 747 - um da KLM Royal Dutch Airlines e outro da Pan American World Airways - se chocaram próximos ao solo do aeroporto. No avião da KLM, os 248 passageiros morreram. No avião da Pam Am, 335 dos 396 passageiros morreram.
-
3. 2. Acidente do Japan Airlines Voo 123
zoom_out_map
3/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 520 pessoas Quando: Em 1985, no Japão O que aconteceu: Em 1978 a aeronave Boeing 747SR sofreu um dano sério na fuselagem durante um voo, mas foi reparada pelo equipe da Boeing, que garantiu a sua segurança. O caso, contudo, foi decisivo para o acidente fatal, sete anos depois. Em 12 de agosto, a aeronave da Japan Air Lines saiu de Tóquio com destino a Osaka. Pouco depois de decolar, o aparelho traseiro que controla a pressão explodiu - na mesma área do acidente de 1978 - , causando sérios danos a aeronave. O avião perdeu altitude e caiu. A explosão matou 520 dos 524 ocupantes.
-
4. 3. Acidente de Charkhi Dadri
zoom_out_map
4/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 349 pessoas Quando: Em 1996, na Índia O que aconteceu: O acidente em 12 de novembro foi uma colisão entre duas aeronaves na região de Charkhi Dadri, na Índia. O Boeing 747-100B da Saudi Arabian Airlines e o Ilyushin Il-76, da Kazakhstan Airlines, se chocaram e mataram todos a bordo em ambos os voos. Investigações mostraram que houve falhas na comunicação entre as duas aeronaves e que o avião da Kazakhstan Airlines, em determinado momento, reduziu a sua altura de voo sem autorização e aviso.
-
5. 4. Acidente de Ermenonville
zoom_out_map
5/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 346 pessoas Quando: Em 1974, na França O que aconteceu: Em 3 de março, o voo 981 da Turkish Airlines saiu de Istambul com destino a Londres. Em Paris, ele fez uma escala e seguiu viagem. Na região de Paris, na floresta de Ermenonville, ele caiu e matou as 346 pessoas a bordo. Uma escotilha traseira se danificou e houve despressurização. Os pilotos perderam o controle da aeronave, que caiu.
-
6. 5. Acidente do Air India Voo 182
zoom_out_map
6/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 329 pessoas Quando: Em 1985, no Oceano Atlântico O que aconteceu: O voo 181/182 da Air-India chegou em Toronto, no Canadá, depois de voar por Bombaim, Delhi e Frankfurt. Ali, ele sofreu um pequeno reparo na asa esqueda. O voo partiu então para Montreal, onde chegou em segurança. O voo mudou de 181 para 182 e se preparou para voltar para Bombaim, com paradas em Londres e Delhi. Em 23 de junho, no caminho de Londres, no Oceano Atlântico, uma explosão aconteceu no compartimento de carga. O avião se dividiu em dois antes de atingir o mar e matar todos os 329 passageiros. A explosão foi causada por uma bomba. Reportagens mostraram que um passageiro despachou a sua bagagem, mas não embarcou. A suspeita é que extremistas Sikh, que lutam na Índia, tenham promovido o atentado.
-
7. 6. Acidente do Saudia Voo 163
zoom_out_map
7/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 301 pessoas Quando: Em 1980, na Arábia Saudita O que aconteceu: O avião da Saudia Arabian Airlines fazia um voo doméstico entre o Riyadh International Airport e o Jeddah-King Abdulaziz International Airport. Em 19 de agosto, assim que decolou de Riyadh, ele pegou fogo e fez um pouso de emergência. Mas as 301 pessoas a bordo morreram.
Investigações posteriores apontaram que o comandante da aeronave falhou no procedimento de evacuação imediata da aeronave.
-
8. 7. Acidente do Iran Air Voo 655
zoom_out_map
8/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 290 pessoas Quando: Em 1988, no Oceano Índico O que aconteceu: No dia 3 de julho, o voo civil da Iran Air viajava entre Teerã, no Irã, e Dubai, nos Emirados Árabes, quando foi atingido por um míssil americano, disparado por um cruzador da Marinha americana, o USS Vincennes. O governo americano alegou que suspeitou do avião e não sabia que transportava civis. O fato gerou uma crise diplomática. A Corte Internacional de Justiça condenou os Estados Unidos a pagar 61,8 milhões de dólares em indenizações para as famílias.
-
9. 8. Acidente da Guarda Revolucionária do Irã
zoom_out_map
9/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 275 pessoas Quando: Em 2003, no Irã O que aconteceu: Em 19 de fevereiro, o Ilyushin Il-76, do exército iraniano, caiu na região montanhosa de Kerman, matando os seus 275 ocupantes. As causas do acidente ainda não são claras. As condições do tempo eram péssimas no momento do acidente, o que pode ter causado problemas na aeronave. Mas o fato de que esse tipo aeronave costuma suportar menos de 200 pessoas levantou a suspeita de que, na verdade, teria ocorrido uma colisão no ar com outro avião. O grupo extremista Abu-Bakr, sem muitos detalhes, disse que tinha sido o responsável pelo acidente.
-
10. 9. Acidente de Chicago
zoom_out_map
10/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 271 pessoas Quando: Em 1979, nos Estados Unidos O que aconteceu: O voo 191 da American Airlines voaria em 25 de maio do Aeroporto Internacional O'Hare, em Chicago, para Los Angeles. Assim que decolou em Chicago, ele perdeu o controle e caiu, matando os 271 passageiros e outras duas pessoas no solo.
-
11. 10. Acidente do Korean Air Lines voo 007
zoom_out_map
11/12 (Wikimedia Commons)
Mortes: 269 pessoas Quando: Em 1983, no Oceano Pacífico O que aconteceu: Em 1º de setembro, o voo entre Nova York e Seul passava pelo Mar do Japão quando foi atingido por mísseis de um navio da Marinha soviética. Todos os 269 passageiros morreram na hora. Entre os passageiros, estava o congressista americano Lawrence McDonald, o que causou uma crise diplomática entre os dois rivais da Guerra Fria. Os soviéticos negaram, no começo, qualquer envolvimento com o acidente. Depois, admitiram o acidente, mas alegaram que o avião tinha invadido o espaço aéreo deles, na região do Alasca.
-
12. Leia também: os países com os maiores gastos militares
zoom_out_map
12/12 (Scott Nelson/Getty Images)