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Ave adota curiosa estratégia para fugir de predadores

Como um personagem das fábulas de La Fontaine, o chapim madruga e nunca tem os olhos maiores que a barriga, uma estratégia que garante a sua sobrevivência

Pássaro da família Paridae, a mesma do chapim: pesquisadores perceberam que os chapins saíam muito cedo para procurar alimento, mas só comiam à tarde (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 13h32.

Paris - Como um personagem das fábulas de La Fontaine, o chapim, ave da família Paridae, madruga e nunca tem os olhos maiores que a barriga, uma estratégia que garante a sua sobrevivência.

Não é a questão moral que o inspira, trata-se de adaptação, pois este é o meio mais seguro que encontrou de passar o inverno incólume aos ataques dos predadores durante o dia.

A estratégia, chamada "de ave matinal", foi descoberta por zoólogos da universidade britânica de Oxford, após a observação do comportamento de mais de 2.000 pássaros equipados com marcadores nas florestas vizinhas ao seu laboratório.

Eles perceberam que os chapins saíam muito cedo para procurar alimento, mas só comiam à tarde.

"Os pássaros têm a necessidade de armazenar gordura para evitar morrer durante as frias noites de inverno, mas isto pode deixá-los pesados e mais lentos, o que os deixa mais vulneráveis aos predadores", explicou o zoólogo Damien Farine em um comunicado publicado por sua universidade.

"Há, portanto, um julgamento entre a necessidade de permanecer bem magros para "afastar" seus predadores (...) durante o dia e conseguir gordura para passar a noite", ressaltou.

Para a experiência, os cientistas equiparam os pássaros - chapins-carvoeiros, azuis, palustres e pretos, assim como trepadeiras-azuis - com marcadores para acompanhar seus deslocamentos.


Paralelamente, espalharam pelas florestas uma centena de manjedouras capazes de detectar estes marcadores individuais, revelando a hora exata em que as aves pousavam.

Eles concluíram que estas aves exploraram ativamente seu ambiente em busca de alimentos durante a manhã, mas guardavam sua refeição para mais tarde.

"Poucas fontes de alimentos foram descobertas durante a tarde, enquanto novas fontes detectadas durante a manhã foram rapidamente encontradas. Isto alude à ideia de uma estratégia "de ave matinal", que consiste em buscar o alimento de manhã cedo para poder consumi-lo um pouco antes do cair do dia e se preparar para enfrentar as noites frias e longas", afirmou Damien Farine.

O inverno é um período crítico para as aves pequenas. Não apenas o alimento é escasso, mas seus predadores naturais, como o gavião, também têm grande necessidade de aumentar suas reservas de gordura e os caçam sem sossego durante o dia.

Um pequeno pássaro como o chapim pode perder até 10% de sua massa em uma única noite durante noites muito longas. Se não recuperar rapidamente as gramas perdidas, ele corre um sério risco de sucumbir.

Estas aves corajosas não teriam chance alguma de se reproduzir se não sobrevivessem ao inverno e por isso "desenvolveram, durante sua evolução, uma série de comportamentos que lhes permite otimizar suas chances de escapar dos predadores e, ao mesmo tempo, evitar a fome", resumiu Damien Farine, que publicou seus trabalhos na revista Biology Letters, da Academia de Ciências Britânica.

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Paris - Como um personagem das fábulas de La Fontaine, o chapim, ave da família Paridae, madruga e nunca tem os olhos maiores que a barriga, uma estratégia que garante a sua sobrevivência.

Não é a questão moral que o inspira, trata-se de adaptação, pois este é o meio mais seguro que encontrou de passar o inverno incólume aos ataques dos predadores durante o dia.

A estratégia, chamada "de ave matinal", foi descoberta por zoólogos da universidade britânica de Oxford, após a observação do comportamento de mais de 2.000 pássaros equipados com marcadores nas florestas vizinhas ao seu laboratório.

Eles perceberam que os chapins saíam muito cedo para procurar alimento, mas só comiam à tarde.

"Os pássaros têm a necessidade de armazenar gordura para evitar morrer durante as frias noites de inverno, mas isto pode deixá-los pesados e mais lentos, o que os deixa mais vulneráveis aos predadores", explicou o zoólogo Damien Farine em um comunicado publicado por sua universidade.

"Há, portanto, um julgamento entre a necessidade de permanecer bem magros para "afastar" seus predadores (...) durante o dia e conseguir gordura para passar a noite", ressaltou.

Para a experiência, os cientistas equiparam os pássaros - chapins-carvoeiros, azuis, palustres e pretos, assim como trepadeiras-azuis - com marcadores para acompanhar seus deslocamentos.


Paralelamente, espalharam pelas florestas uma centena de manjedouras capazes de detectar estes marcadores individuais, revelando a hora exata em que as aves pousavam.

Eles concluíram que estas aves exploraram ativamente seu ambiente em busca de alimentos durante a manhã, mas guardavam sua refeição para mais tarde.

"Poucas fontes de alimentos foram descobertas durante a tarde, enquanto novas fontes detectadas durante a manhã foram rapidamente encontradas. Isto alude à ideia de uma estratégia "de ave matinal", que consiste em buscar o alimento de manhã cedo para poder consumi-lo um pouco antes do cair do dia e se preparar para enfrentar as noites frias e longas", afirmou Damien Farine.

O inverno é um período crítico para as aves pequenas. Não apenas o alimento é escasso, mas seus predadores naturais, como o gavião, também têm grande necessidade de aumentar suas reservas de gordura e os caçam sem sossego durante o dia.

Um pequeno pássaro como o chapim pode perder até 10% de sua massa em uma única noite durante noites muito longas. Se não recuperar rapidamente as gramas perdidas, ele corre um sério risco de sucumbir.

Estas aves corajosas não teriam chance alguma de se reproduzir se não sobrevivessem ao inverno e por isso "desenvolveram, durante sua evolução, uma série de comportamentos que lhes permite otimizar suas chances de escapar dos predadores e, ao mesmo tempo, evitar a fome", resumiu Damien Farine, que publicou seus trabalhos na revista Biology Letters, da Academia de Ciências Britânica.

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