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Autoridades temem "grande violência" em protestos de Paris

Capital francesa mobiliza oito mil membros das forças de segurança para manifestação dos "coletes amarelos"

Protestos em Paris: avenida Champs-Elysées foi alvo do caos e o Arco do Triunfo sofreu pichações ao ser tomado por manifestantes (Stephane Mahe/Reuters)

Protestos em Paris: avenida Champs-Elysées foi alvo do caos e o Arco do Triunfo sofreu pichações ao ser tomado por manifestantes (Stephane Mahe/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 15h08.

Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às 15h09.

Tábuas de madeira nas vitrines, monumentos fechados, viagens para fora da cidade... Parisienses e turistas se preparam para uma possível nova onda de violência neste sábado (8) na capital francesa, à margem da manifestação dos "coletes amarelos".

"Pediram que recolhêssemos tudo o que pudesse ser usado como arma", explica Aziz, um agente do serviço de limpeza pública da prefeitura de Paris, carregando de sucata de metal seu caminhão estacionado em uma rua perto dos Champs-Élysées.

Não muito longe, dois de seus colegas desmontam as grades de ferro fundido que cercam as árvores da avenida Malesherbes, invadida em 1º de dezembro por vândalos.

"Você pode imaginar alguém sendo atingido por isso na cabeça?", ponderou um deles.

Um dia de "grande violência" é temido no sábado pelas autoridades, que mobilizaram cerca de oito mil membros das forças de segurança para este protesto dos "coletes amarelos".

Além disso, uma célula de crise será ativada, e 2.000 elementos do mobiliário urbano foram desmontados, segundo Anne Hidalgo, prefeita de Paris, uma das cidades mais visitadas do mundo.

A Torre Eiffel e o Museu do Louvre estarão fechados, assim como as lojas de departamentos no bairro da Ópera e as lojas nos Champs-Élysées, principal ponto de tensão.

Na avenida Malesherbes, Louise, segurança de um edifício haussmaniano, guarda as latas de lixo.

"No prédio, várias pessoas vão viajar para o interior", explica a mulher, que se diz "cansada" de ficar confinada em seu apartamento pelo terceiro sábado consecutivo.

A alguns metros de distância, um carpinteiro está ocupado.

"Estamos barricando tudo para amanhã", diz Denis Thibaudet, instalando painéis de madeira para proteger as vitrines de uma loja de champanhe.

Nas ruas ao redor, as mesmas cenas se repetem. Homens carregam chapas de compensado para proteger os estabelecimentos comerciais. Nos canteiros de obras, funcionários escondem máquinas, ferramentas e produtos inflamáveis.

Na quinta-feira à noite, a polícia visitou uma cervejaria.

"Fomos convidados a retirar as mesas da calçada, os vasos de flores, fechar as portas de ferro", conta uma garçonete, que não quis se identificar.

Os turistas parecem impassíveis. Com uma câmera em volta do pescoço, Szery Mayra, uma argentina de 28 anos, visita a capital francesa até domingo, acompanhada da mãe.

"Viemos hoje para visitar Champs-Élysées, porque sabemos que não conseguiremos amanhã", explica.

No sábado, vão ao Castelo de Versalhes, localizado nos subúrbios de Paris. "Para evitar as manifestações", acrescenta.

"Não temos medo. Acontece frequentemente na Argentina, e continuamos a viver nossas vidas normalmente", diz ela.

Do outro lado do rio Sena, os turistas fazem fila na Torre Eiffel. Símbolo de Paris, "a dama de ferro" será fechada no sábado, por ordem da prefeitura.

"É por isso que estamos aqui hoje", diz Kate Johnson, uma americana de 64 anos. "Amanhã, não sabemos ainda, vamos ver", completa.

Perto delas, homens com coletes amarelos e capacetes de proteção nas cabeças se movimentam. "Não é apoio, hein! É para o trabalho", exclama um deles, rindo.

As barreiras de metal são posicionadas, e o entulho, depositado em caçambas.

Ao redor, algumas lojas estarão fechadas no sábado. Não por medo da violência - que permanece localizada em algumas partes da capital -, mas porque os turistas vão para outras partes.

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