São Paulo/Brasília - A menos de 10 semanas do início da Copa do Mundo, os trabalhos em novos e cruciais terminais de aeroportos na maioria das 12 cidades sede da Copa do Mundo estão atrasados, destacando o risco de superlotação e confusão durante o torneio.
Um terminal de lona temporário será usado em vez da planejada expansão do aeroporto para receber os fãs em Fortaleza (CE), que irá sediar seis jogos, incluindo um confronto entre Brasil e México e uma decisão das quartas de final. Representantes já preparam alternativas para outras cidades.
"Outros aeroportos não disseram nada ainda, mas eles provavelmente terão que elaborar contingências", disse Carlos Ozores, o principal consultor de aviação da ICF International, que foi consultado por empresas aéreas brasileiras e operadores de aeroportos.
Preocupações com os aeroportos brasileiros estão em destaque pois esses modais representam alguns dos investimentos mais duradouros para o mundial. Uma série de outros projetos de transporte foram adiados ou cancelados, somando críticas à visão de que a Copa do Mundo deixará os brasileiros com poucos benefícios de longo prazo.
Soluções rápidas e entregas de última hora são uma receita para o caos no complexo setor de aviação, dizem analistas. Aberturas complicadas de terminais em Londres, na Inglaterra, e Denver, nos Estados Unidos, levaram meses para serem arrumadas.
Qualquer caos aéreo será especialmente constrangedor para a presidente Dilma Rousseff, que fez uma forte aposta política na privatização de aeroportos importantes para deixá-los prontos para o mundial.
Se esses aeroportos falharem em entregar um bom serviço que justifique a privatização, o assunto pode rapidamente se tornar um problema de campanha eleitoral, já que Dilma busca a reeleição.
Porém, os atrasos de construção nos aeroportos administrados pelo Estado são mais dramáticos. No começo do mês passado, a reestruturação aeroportuária em sete cidades sede da Copa do Mundo estava apenas pela metade ou em estágio ainda pior, de acordo com a Infraero, a empresa governamental que administra as operações de aeroportos.
Ainda assim, os projetos de gestão privada estão sob escrutínio. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) redobrou suas inspeções em três aeroportos privatizados porque os trabalhos estavam atrasados em relação aos cronogramas propostos.
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1. Que aperto!
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1/18 (Dado Galdieri/Bloomberg)
São Paulo – A pouco mais de quatro meses para o início da
Copa do Mundo 2014, o setor aéreo brasileiro ainda se mostra pouco preparado para atender à demanda extra que será criada por conta do evento. Quatro aeroportos do país já transportam mais passageiros do que o previsto em seus projetos. Levantamento feito por EXAME.com mostra que 16 aeroportos comerciais do país operaram em 2013 acima de 80% de sua capacidade máxima. A análise foi feita com base em dados da
Infraero e das concessionárias dos
aeroportos de Guarulhos, Brasília e Viracopos. O caso mais sério é o do
Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que ultrapassou em 44% seu limite máximo, ao transportar 36 milhões de pessoas. A GRU Airport, empresa responsável por sua administração, garante que a construção de um novo terminal no local aumentará a capacidade em 12 milhões de passageiros até o início da Copa do Mundo. Outros aeroportos também passam por obras de ampliação devido ao evento. Mas, como até o final do ano passado as melhorias ainda não haviam sido concluídas, o brasileiro continua sofrendo com as lotações. Confira a seguir os aeroportos comerciais brasileiros onde os passageiros passam mais aperto:
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2. 1º) Aeroporto de Guarulhos (SP) - 144% da capacidade máxima
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2/18 (Veja São Paulo)
Voos em 2013: 284 mil
Passageiros transportados: 36 milhões
Capacidade de passageiros: 25 milhões
Teve 10% a mais de passageiros em relação a 2012 Guarulhos opera 44% acima da sua capacidade
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3. 2º Aeroporto de Cuiabá (MT) – 119,8% da capacidade máxima
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3/18 (Michael Heiman/Getty Images)
Voos em 2013: 64.846
Passageiros transportados: 2,99 milhões
Capacidade de passageiros: 2,5 milhões
Teve 8,5% a mais de passageiros em relação a 2012 Cuiabá opera 19,8% acima da sua capacidade
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4. 3º) Aeroporto de Vitória (ES) – 104,6% da capacidade máxima
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4/18 (Infraero/Divulgação)
Voos em 2013: 58.504
Passageiros transportados: 3,45 milhões
Capacidade de passageiros: 3,3 milhões
Teve 5,3% a menos de passageiros em relação a 2012 Vitória opera 4,6% acima da sua capacidade
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5. 4º) Aeroporto de Brasília (DF) – 103,1% da capacidade máxima
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5/18 (Cristiano Mariz/EXAME.com)
Voos em 2013: 179,6 mil
Passageiros transportados: 16,5 milhões
Capacidade de passageiros: 16 milhões
Teve 4,4% a mais de passageiros em relação a 2012 Brasília opera 3,1% acima de sua capacidade
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6. 5º) Aeroporto de Congonhas (SP) – 99,6% da capacidade máxima
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6/18 (Marcos Issa/Bloomberg News)
Voos em 2013: 209.570
Passageiros transportados: 17,02 milhões
Capacidade de passageiros: 17,1 milhões
Teve1,5% a menos de passageiros em relação a 2012 Congonhas opera com 99,6% da capacidade
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7. 6º) Galeão (RJ) – 98,3% da capacidade máxima
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7/18 (REUTERS/Ricardo Moraes)
Voos em 2013: 143.242
Passageiros transportados: 17,1 milhões
Capacidade de passageiros: 17,4 milhões
Teve 2,2% a menos de passageiros em relação a 2012 O Galeão opera com 98,3% de sua capacidade
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8. 7º) Confins (MG) – 98,1% da capacidade máxima
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8/18 (JONAS OLIVEIRA/PLACAR)
Voos em 2013: 109.257
Passageiros transportados: 10 milhões
Capacidade de passageiros: 10,2 milhões
Teve 3,8% a menos de passageiros em relação a 2012 Confins opera com 98,1% de sua capacidade
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9. 8º) Viracopos (SP) – 97,8% da capacidade máxima
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9/18 (Divulgação/Aeroportos Brasil Viracopos)
Voos em 2013: 127.256
Passageiros transportados: 9,29 milhões
Capacidade de passageiros: 9,5 milhões
Teve 4,9% a mais de passageiros em relação a 2012 Viracopos opera com 97,8% de sua capacidade
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10. 9º) Juazeiro do Norte (CE) - 97% da capacidade máxima
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10/18 (Divulgação/Infraero)
Voos em 2013: 7.378
Passageiros transportados: 387.990
Capacidade de passageiros: 400 mil
Teve 14% a mais de passageiros em relação a 2012 Juazeiro do Norte opera com 97% de sua capacidade
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11. 10º) Aeroporto de Fortaleza (CE) - 96% da capacidade máxima
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11/18 (LEO FELTRAN/VEJA SÃO PAULO)
Voos em 2013: 66.819
Passageiros transportados: 5,9 milhões
Capacidade de passageiros: 6,2 milhões
Teve 0,2% a menos de passageiros em relação a 2012 Fortaleza opera com 96% de sua capacidade
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12. 11º) Aeroporto de Florianópolis (SC) – 94,5% da capacidade
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12/18 (MADALENA LELES/VIAGEM E TURISMO)
Voos em 2013: 54.217
Passageiros transportados: 3,87 milhões
Capacidade de passageiros: 4,1 milhões
Teve 14,1% a mais de passageiros em relação a 2012 Florianópolis opera com 94,5% de sua capacidade
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13. 12º) Aeroporto de Campo Grande (MS) – 93,5% da capacidade
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13/18 (Flickr/Jáder Reis)
Voos em 2013: 25.541
Passageiros transportados: 1,46 milhão
Capacidade de passageiros: 1,6 milhão
Teve 9,6% a menos de passageiros em relação a 2012 Campo Grande opera com 93,5% de sua capacidade
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14. 13º) Santos Dumont (RJ) – 91,9% da capacidade máxima
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14/18 (FERNANDO LEMOS/VEJA RIO)
Voos em 2013: 127.328
Passageiros transportados: 9,1 milhões
Capacidade de passageiros: 9,9 milhões
Teve 1,1% a mais de passageiros em relação a 2012 Santos Dumont opera com 91,9% de sua capacidade
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15. 14º) Aeroporto de Navegantes (SC) – 85,9% da capacidade
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15/18 (Flickr/Nelson Biagio Jr)
Voos em 2013: 23.502
Passageiros transportados: 1,2 milhão
Capacidade de passageiros: 1,4 milhão Teve 5,9% a menos de passageiros em relação a 2012 Navegantes opera com 85,9% de sua capacidade
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16. 15º) Aeroporto de Curitiba (PR) – 85,3% da capacidade máxima
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16/18 (JONAS OLIVEIRA/PLACAR)
Voos em 2013: 82.459
Passageiros transportados: 6,74 milhões
Capacidade de passageiros: 7,9 milhões
Teve 1,3% a menos de passageiros em relação a 2012 Curitiba opera com 85,3% de sua capacidade
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17. 16º) Aeroporto de Goiânia (GO) – 85,2% da capacidade máxima
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17/18 (Divulgação/Infraero/Divulgação)
Voos em 2013: 61.848
Passageiros transportados: 2,98 milhões
Capacidade de passageiros: 3,5 milhões
Teve 3,1% a menos de passageiros em relação a 2012 Goiânia opera com 85,2% de sua capacidade
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18. Agora, veja a avaliação dos próprios passageiros sobre os aeroportos
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18/18 (MADALENA LELES/VIAGEM E TURISMO)
No aeroporto que serve Brasília (DF), o barulho de britadeiras ecoa em um saguão aberto, onde passageiros subindo uma escada rolante podem ver um buraco de seis metros de largura no chão, atrás de uma área de desembarque.
Um novo terminal deve abrir em semanas e o operador privado promete outro até maio, embora autoridades locais estejam minimizando essa possibilidade.
No aeroporto de Guarulhos (SP), próximo a São Paulo, a fachada brilhante do novo Terminal 3 esconde um interior onde ainda faltam várias paredes, tetos e sistemas operacionais básicos.
"Guarulhos é onde esperamos ter o maior revés", disse um funcionário do governo informado sobre o progresso do aeroporto, que pediu anonimato dada a sensibilidade da questão.
O sistema automatizado de verificação de bagagem e imigrações originalmente prometido não estará pronto para a Copa do Mundo. O novo terminal internacional deve abrir em uma fração de sua capacidade potencial, operando apenas um em cada quatro voos internacionais - menos de 10 por cento do tráfego total no aeroporto.
Operadores dos aeroportos concedidos à iniciativa privada dizem que irão entregar os terminais no prazo prometido.
Mas os prazos para os aeroportos era apertado desde o início. Após os leilões em fevereiro de 2012, documentos e regulações seguraram o início das construções até o segundo semestre daquele ano, deixando os aeroportos com mais ou menos um ano e meio para as reformulações.
O aeroporto de Viracopos, também concedido à iniciativa e localizado em Campinas (SP), tinha 82 por cento das obras de expansão concluídas em janeiro, cerca de três meses antes do prazo. Seu operador, porém, não quis permitir uma visita ao local.
A necessidade do Brasil de novos terminais de aeroportos é inquestionável, com três em cada quatro aeroportos com uso além da capacidade desde 2010, depois que o tráfego aéreo mais do que dobrou em uma década, de acordo com a Infraero.