Ativistas acusam governo indiano de tentar privatizar Taj Mahal
As manifestações surgiram após o Executivo ter lançado um controverso projeto para permitir que companhias "adotem" dezenas de monumentos
AFP
Publicado em 29 de abril de 2018 às 15h28.
Defensores do patrimônio nacional da Índia acusaram neste domingo (29) o governo do país de tentar privatizar relíquias histórias como o Taj Mahal. As manifestações surgiram após o Executivo ter lançado um controverso projeto para permitir que companhias "adotem" dezenas de monumentos.
A oposição acusou o gabinete do primeiro-ministro, Nerendra Modi, de "alugar" monumentos através do programa "Adote um Patrimônio", pelo qual 95 locais históricos passarão a ser geridos por empresas privadas.
O ministério do Turismo da Índia anunciou no sábado um contrato de cinco anos, por 250 milhões de rupias (3,7 milhões de dólares), com o conglomerado Damia Bharat pelo icônico Forte Vermelho de Délhi construído no século XVII - Patrimônio Mundial da Unesco - e outro forte no estado de Andhra Pradesh.
A lista também inclui outros monumentos como o Taj Mahal - pelo qual competem dois grupos - e o complexo Qutub Minar de Dhéli, do século XII, também parte do Patrimônio Mundial da Unesco.
Segundo o projeto, Dalmia Bharat poderá instalar publicidades, fixar preços de entradas e ganhar dinheiro com suas vendas sob a supervisão do governo.
Mas os críticos do programa o consideram uma forma de privatizar os locais e exigiram que, ao invés disso, se aumentem os fundos para conservá-los.
"Por que teria que alugá-lo? Hoje é um dia triste e sombrio em nossa história", tuitou Mamata Banerjee, ministro principal do estado de Bengala Ocidental.
A historiadora e ativista Rana Safvi advertiu que na maneira como se controlará a gestão que as empresas realizam sobre esses monumentos ainda não está clara.
A Índia abriga cerca de 3.700 monumentos históricos, 31 deles inclusos na lista de Patrimônio Mundial da Unesco.