Atiraram para matar, mas estamos vivos, diz presidente cubano sobre EUA
Segundo o presidente, o endurecimento do embargo que os Estados Unidos mantêm desde 1962 foi, desde abril, "brutal e demente"
AFP
Publicado em 22 de dezembro de 2019 às 16h35.
Última atualização em 23 de dezembro de 2019 às 11h37.
O presidente cubano , Miguel Díaz-Canel, disse neste sábado (21) que 2019 foi "um ano carregado de desafios, tensões e agressões" por parte dos Estados Unidos, que atiraram na ilha "para matar" e devem manter suas hostilidades.
"Que nossas praças se encham de música e de alegria (pelo fim do ano)! Temos todos os motivos para festejar. No ano 61 da Revolução, atiraram em nós para matar e estamos vivos", afirmou o presidente, no discurso de encerramento da sessão anual do Parlamento que acontece tradicionalmente em dezembro.
Na presença do primeiro-secretário do Partido Comunista (PCC), Raúl Castro, e do novo primeiro-ministro, Manuel Marrero, Díaz-Canel afirmou que o bloqueio dos Estados Unidos foi "o pior e o mais abrangente dos obstáculos" enfrentados pela ilha nos últimos 12 meses.
Segundo o presidente, o endurecimento do embargo que os Estados Unidos mantêm desde 1962 foi, desde abril, "brutal, demente", ao ritmo de "uma medida por semana, ou seja, um reviravolta a cada sete dias", para asfixiar a economia da ilha.
O PIB terminou o ano com um crescimento modesto de 0,5%, enquanto o governo projeta 1% para 2020.
Díaz-Canel disse que as medidas que tentam cortar o abastecimento de petróleo para a ilha pressionam o financiamento e afugentam investimentos.
"Não há uma área livre da caça, do cerco, da perseguição" de Washington, denunciou.
"O inimigo converteu a economia cubana no primeiro alvo a destruir", acrescentou.
Setembro foi um mês duro para o país, devido à falta de combustível, que obrigou o governo a adotar planos de racionamento.
"Para justificar sua atuação, Washington recorreu novamente a mentiras, com a grosseira acusação de que somos um fator de instabilidade e ameaça para a região, o que desmentimos energicamente", frisou.
Washington acusa Havana de dar apoio militar ao governo venezuelano de Nicolás Maduro, principal aliado político e fornecedor de petróleo da ilha, assim como de oprimir o povo cubano.
Cuba alega que os poucos mais de 20.000 cubanos que trabalham na Venezuela são médicos, paramédicos e outros profissionais.
"Manteremos a solidariedade e a cooperação" com a Venezuela, garantiu Díaz-Canel, que também denunciou que os Estados Unidos destinaram cerca de US$ 120 milhões para a "subversão" e a "ingerência" na ilha.
Isso está acontecendo, segundo o presidente, com "um envolvimento de sua embaixada em Cuba nestas ações, em franca violação das leis cubanas e do Direito Internacional", afirmou.