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Atirador de Charleston queria iniciar "guerra racial"

Uma única vítima teria sido poupada pelo assassino para testemunhar sobre o massacre

Dylann Roof, 21 anos, detido por suspeita de matar 9 pessoas em igreja da Carolina do Sul, Estados Unidos (Jason Miczek/Reuters)

Dylann Roof, 21 anos, detido por suspeita de matar 9 pessoas em igreja da Carolina do Sul, Estados Unidos (Jason Miczek/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2015 às 16h25.

Washington - O jovem branco Dylann Roff admitiu à polícia nesta sexta-feira que matou nove pessoas em uma das igrejas mais emblemáticas da comunidade negra de Charleston, Carolina do Sul (sudeste dos Estados Unidos).

A polícia de Charleston anunciou no Twitter que Roof foi acusado formalmente pelo assassinato de nove pessoas e será levado a uma audiência à tarde.

Ele foi acusado pelos assassinatos, além de posse de arma de fogo durante um crime violento.

Um oficial da polícia afirmou ao canal CNN que o jovem de 21 anos declarou aos investigadores que desejava "iniciar uma guerra racial" quando entrou na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel de Charleston na quarta-feira à noite e abriu fogo enm uma aula de estudos da Bíblia.

Todas as vítimas eram afro-americanas.

A polícia prendeu Dylann Roof durante uma operação rodoviária no estado vizinho da Carolina do Norte, informou o chefe de polícia de Charleston, Gregory Mullen.

Imagens da televisão mostraram o suspeito entrando em um pequeno avião com as mãos algemadas e o uniforme de prisioneiro. Ele foi levado para uma prisão de Charleston.

"Acredito que foi um crime de ódio", disse Mullen.

A governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, afirmou nesta sexta-feira que Roof deve ser condenado à morte se for considerado culpado. A pena capital é legalizada no estado.

"É um crime absolutamente racista", declarou ao canal NBC.

"Queremos incondicionalmente a pena capital. É o pior crime racista que vi e que o país viu em muito tempo", completou.

Em seu perfil no Facebook, Dylann Roof aparece em uma foto com um casaco preto com a estampa da bandeira da África do Sul durante o apartheid, símbolo do segregacionismo, e em outra com a bandeira do ex-regime segregacionista da Rodésia (atual Zimbábue).

Sylvia Johnson, parente de uma das vítimas, disse à CNN que uma sobrevivente contou que o atirador falou coisas de teor racista.

Uma das vítimas tentou conversar com Roof durante o ataque para evitar mais mortes, mas ele disse 'não, vocês violentaram nossas mulheres e estão tomando o país. Tenho que fazer o que tenho que fazer'", relatou.

O horror deste crime e o simbolismo do local onde foi cometido marcaram profundamente o tom do discurso de quinta-feira do presidente Barack Obama, que, visivelmente frustrado, expressou sua tristeza e revolta com o que denunciou como "mortes sem sentido", ao mesmo tempo que defendeu mais uma vez uma regulamentação maior da venda de armas de fogo nos Estados Unidos.

Depois que a polícia retirou o cordão de isolamento ao redor do templo, os moradores de Charleston se aproximaram do local para depositar flores e balões.

"Não vou matar você"

Segundo as autoridades, o tiroteio aconteceu por volta das 21H00 locais. O suspeito entrou na aula de estudos bíblicos e permaneceu sentado por quase uma hora, antes de abrir fogo contra as vítimas - três homens e seis mulheres -, informou Mullen.

O agente especial do FBI John Strong anunciou que a polícia investiga se o suspeito cometeu um crime de ódio, um delito federal.

A líder local do movimento de direitos dos negros NAACP, Dot Scott, relatou à CNN que uma vítima teria sido poupada pelo assassino para testemunhar sobre o massacre.

"Sua vida foi poupada porque o assassino disse: 'eu não vou matar você porque eu quero que você diga a eles o que aconteceu", contou Scott.

As vítimas tinham entre 26 e 87 anos, incluindo o pastor da igreja Clementa Pinckney (41 anos).

"Ele era amado por todos. Eu nunca ouvi uma palavra dura contra ele. Ele era um pacificador, (...) uma voz marcante e tranquilizadora não só para a igreja, mas para o estado", declarou à CNN o seu primo Kent Williams.

Tensão racial

A tragédia representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados.

Em Nova York, uma manifestação reuniu cerca de 60 pessoas para lembrar os nove mortos em Charleston e exigir o fim do massacre de negros nos Estados Unidos.

"As vidas dos negros importam! Que acabem as mortes!" - diziam alguns cartazes do protesto, realizado na Union Square de Manhattan.

"O fato de que isso tenha ocorrido em uma igreja negra gera, evidentemente, questionamentos sobre uma página sombria da nossa história", afirmou na quinta-feira o presidente Obama.

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