ataque suicida contra quartel-general da polícia de Kirkuk, no Iraque (REUTERS/Ako Rasheed)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2013 às 13h21.
O ataque que atingiu neste domingo em uma hora de grande movimento o quartel-general da polícia de Kirkuk, cidade do norte do Iraque disputada entre Bagdá e o Curdistão iraquiano, deixou 30 mortos e 70 feridos, no momento em que o país atravessa uma grave crise política.
O ataque contra o centro policial, cercado por muros de concreto resistentes a explosões, ocorreu no início deste domingo, primeiro dia útil da semana no Iraque, no momento em que os trabalhadores chegavam ao trabalho no centro da cidade.
A autoria do ataque não foi reivindicada, mas os insurgentes sunitas, incluindo a Al-Qaeda no Iraque, tendo como alvo regular as forças de segurança com o objetivo de desestabilizar o governo de Nuri al-Maliki.
Depois do final de dezembro, o primeiro-ministro, um xiita, enfrenta um grande movimento de contestação da minoria sunita, que representa 24% da população iraquiana. Ela protesta nas regiões onde é majoritária para denunciar sua "marginalização" e causar a renúncia de Maliki.
O ataque deste domingo em Kirkuk foi desencadeado por um terrorista suicida ao volante de um veículo adulterado para se parecer com um carro da polícia. Ele parou no posto de controle do portal principal do complexo e detonou a carga que carregava.
Três de seus cúmplices, vestidos com uniformes da polícia, conseguiram, em seguida, invadir o complexo, lançando granadas, antes de serem mortos, de acordo testemunhas.
"Vi um veículo parar na barreira da entrada principal e a polícia começou a revistá-lo", disse à AFP Khosrat Hassan Karim, uma testemunha. "De repente, houve uma enorme explosão, foi assustador".
"Vi muitas pessoas sendo mortas. Nunca tinha visto uma explosão como essa em minha vida", prosseguiu.
O quartel-general, lojas e prédios residenciais nas imediações sofreram pesados danos e todos os acessos que levam ao centro da cidade foram bloqueados pelas autoridades, segundo um correspondente da AFP presente no local.
Mohammed Aziz, que trabalha em um centro comercial nas proximidades do quartel-general da polícia, disse ter perdido dois colegas no ataque.
Entre os feridos está o general Sarhad Qader, que comanda as forças da polícia na periferia de Kirkuk.
Os agressores "queriam claramente libertar presos. Eles estavam muito organizados", disse em um hospital de Erbil, no vizinho Curdistão, onde está sendo tratado.
"A polícia se agiu e nós os matamos", afirmou.
Kirkuk, onde vivem árabes, curdos e turcomanos, faz parte de uma faixa territorial do norte do Iraque reivindicada por Bagdá e pela região autônoma do Curdistão iraquiano. Observadores e diplomatas acreditam que esta disputa territorial representa a maior ameaça para a estabilidade do Iraque.
Kirkuk, e também Mossul, pouco mais a noroeste, e Tuz Khurmatu, também no norte do Iraque, são palcos de ataques frequentes praticados pelos insurgentes.
Ainda neste domingo, dois membros da Sahwa (O Despertar, em árabe), uma milícia que luta contra a Al-Qaeda, também foram mortos, um em Tarmiya, ao norte de Bagdá, outra em Baquba, também ao norte da capital iraquiana.
Embora não atinja mais os níveis registrados na época do conflito interconfessional de 2006-2008, a violência continua a assolar do Iraque quase diariamente.
Em janeiro, 246 pessoas foram mortos nos ataques no país, de acordo com um registro da AFP. O mês é o mais mortal desde setembro passado.