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Ataque talibã contra consulado alemão mata seis no Afeganistão

Ataque ocorreu com um caminhão-bomba, que provocou uma explosão de grande potência

Ataque: entre as vítimas não há nenhum cidadão alemão, segundo Berlim (Anil Usyan/Reuters)

Ataque: entre as vítimas não há nenhum cidadão alemão, segundo Berlim (Anil Usyan/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 10h55.

Ao menos seis pessoas morreram em um ataque talibã contra o consulado alemão em Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão, uma ação em represália pela morte de civis em um bombardeio da Otan na semana passada.

O ataque com caminhão-bomba, que provocou uma explosão de grande potência, deixou seis mortos, segundo o hospital local que recebeu os corpos.

A polícia provincial, que informou sobre um balanço de sete mortos, disse que duas vítimas morreram por um erro das forças alemãs, que as confundiram com os criminosos.

Entre as vítimas não há nenhum cidadão alemão, segundo Berlim.

No ataque 128 pessoas também ficaram feridas, entre elas 10 crianças, segundo o responsável do hospital regional, Noor Mohamad Fayez. O médico confirmou que dois corpos que chegaram ao estabelecimento morreram por tiros.

O general Hasibula Quaraishi, comandante das forças policiais da região do norte do Afeganistão, falou de "um erro lamentável: as forças alemãs ampliaram o perímetro de segurança ao redor do local da explosão, e estes dois civis o ignoraram".

Estes dois homens "circulavam de moto e ignoravam os sinais" para parar, disse à AFP o responsável adjunto da polícia provincial, Abdul Razaq Qadri.

Este oficial da polícia também anunciou ter detido "um suspeito" do ataque, sem fornecer mais detalhes.

As autoridades alemãs em Cabul, consultadas pela AFP, não quiseram fazer nenhum comentário a respeito.

O presidente Ashraf Ghani condenou este ataque "bárbaro" e o classificou de "crime contra a humanidade".

Cratera gigante

O atentado, que deixou uma cratera gigante e provocou danos espetaculares, ocorreu pouco depois das 23h00 locais (17h30 de Brasília) de quinta-feira.

O muro do consulado, instalado em um antigo hotel, o hotel Mazar, ficou totalmente destruído pela explosão.

No Twitter, o ministério das Relações Exteriores alemão disse que "ocorreram combates no exterior e no complexo do consulado".

Em Berlim, o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, convocou uma reunião de crise, segundo uma fonte diplomática.

O porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, reivindicou "a operação mártir" em um comunicado. Os talibãs também anunciaram no Twitter a morte de dois civis por um erro das forças alemãs.

"Em represália"

Os talibãs explicaram que o ataque foi lançado "em represália" pelos bombardeios aéreos americanos de 3 de novembro em Kunduz (nordeste) que mataram ao menos 32 civis e deixaram 19 feridos, entre eles muitas mulheres e crianças, segundo a ONU.

Este novo erro das forças americanas, mobilizadas sob o mandato da Otan, provocou manifestações de repúdio entre a população.

O exército americano reconheceu que estes ataques "muito provavelmente" deixaram vítimas civis. A Missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA, em inglês) anunciou ter lançado sua própria investigação.

Mazar-i-Sharif é considerada uma das cidades afegãs mais tranquilas, embora seja alvo de repetidas ofensivas dos talibãs. O exército alemão estava mobilizado na cidade até o fim de 2014.

A cidade tem uma das principais bases da Força Aérea afegã, que está se reconstituindo com a ajuda da Otan. No mês passado ainda havia instrutores alemães ali.

A Força Aérea do Afeganistão e a dos Estados Unidos são solicitadas regularmente para apoiar as operações terrestres contra os rebeldes talibãs e os extremistas do grupo Estado Islâmico no leste.

A ONU denunciou recentemente o forte aumento de vítimas colaterais destes ataques, que aumentaram 72% em um ano.

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