Afeganistão: Pelo menos dois atacantes morreram quando o carro-bomba foi detonado, enquanto outros que entraram nas instalações do tribunal foram mortos pelas forças de segurança. (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2013 às 16h50.
Militantes talibãs atacaram um tribunal afegão nesta quarta-feira, matando ao menos 44 pessoas, em uma tentativa de libertar insurgentes em julgamento, o atentado mais letal registrado no país em mais de um ano.
Ainda não está claro se os acusados conseguiram escapar do tribunal da cidade de Farah, no oeste do país, embora um médico do hospital local tenha informado que um prisioneiro estava entre as vítimas tratadas pelos ferimentos sofridos no incidente.
Todos os nove insurgentes foram mortos no ataque, que começou com a detonação de um carro-bomba na entrada do tribunal e continuou por pelo menos sete horas, enquanto as forças de segurança caçavam um último criminoso sobrevivente.
O sofisticado ataque levanta novas dúvidas sobre a capacidade de as forças afegãs protegerem o país, num momento em que a Otan se prepara para encerrar sua missão de combate na região no fim do próximo ano.
"Posso confirmar que 34 civis, seis militares e quatro policiais foram mortos e 91 pessoas, a maioria delas civis, ficaram feridas", afirmou Najib Danish, porta-voz do vice-ministro do Interior do país, à AFP.
"Nove agressores também foram mortos", completou.
O número de mortos foi o maior no Afeganistão a partir de um único ataque desde que um santuário xiita em Cabul foi bombardeado em dezembro de 2011, matando 80 pessoas.
"O ataque acabou, mas o número de mortos infelizmente subiu", afirmou o governador provincial de Farah, Mohammad Akram Khpalwak, à AFP, informando sobre 46 vítimas fatais no total.
Duas mulheres estão entre os mortos, disse.
O governador confirmou que um grupo de talibãs foi levado a julgamento no tribunal de Farah na manhã desta quarta-feira, mas não forneceu mais detalhes.
Os militantes talibãs que lutam contra o governo de Hamid Karzai, apoiado pelos Estados Unidos, reivindicou a responsabilidade pelo ataque, descrevendo-o como uma operação cuidadosamente planejada que utilizou um veículo pertencente às forças de segurança afegãs.
"O ataque começou quando soubemos pela inteligência que os funcionários provinciais fantoches estavam trazendo alguns prisioneiros, incluindo alguns talibãs, para um julgamento injusto", explicou o porta-voz do grupo, Yusuf Ahmadi, em um comunicado em seu site.
Ele disse que um jipe repleto de explosivos foi detonado, e foi seguido por ataques com granadas, coletes com explosivos e armas.
O grupo talibã afirmou que 13 prisioneiros que foram levados a julgamento escaparam, acrescentando que o número de mortos inclui 35 juízes, promotores, militares e policiais.
O presidente Hamid Karzai condenou o ataque chamando-o de massacre e disse que os afegãos "não devem deixar que estas mortes de muçulmanos pelos talibãs fiquem impunes".
Pelo menos dois atacantes morreram quando o carro-bomba foi detonado, enquanto outros que entraram nas instalações do tribunal foram mortos pelas forças de segurança, e um homem foi abatido após um tiroteio que durou grande parte do dia, disse a polícia.
Abdul Rahman Zhawandon, porta-voz do governador de Farah, disse que a área foi isolada na tarde desta quarta-feira e acrescentou que alguns agressores também conseguiram entrar em um escritório do Banco de Cabul localizado ao lado do prédio do tribunal.
Wakil Ahmad, um médico do hospital de Farah, disse que dezenas de feridos estavam sendo tratados, incluindo dois juízes e um prisioneiro do tribunal.
O complexo do governador se localiza a cerca de 200 metros do local do ataque, informou um jornalista da AFP.
Os combatentes talibãs no Afeganistão atacam frequentemente edifícios do governo equipados com coletes de explosivos e armas.
A insurgência talibã tem se intensificado desde que uma invasão liderada pelos Estados Unidos derrubou, em 2001, o regime, que estava no poder há cinco anos.
O grupo tem ampliado cada vez mais seus ataques para fora de suas principais bases, no leste e no sul do país, onde as forças da Otan têm direcionado sua atenção, e começam a agir em outras áreas, como Farah, que faz fronteira com o Irã.
As tropas de combate da Otan devem deixar o Afeganistão até o fim de 2014, deixando a responsabilidade da segurança nas mãos das forças de segurança afegãs, mas há temores de que a violência aumente com a sua partida.