Ataque a tiros mata 137 em casa de shows em Moscou
Homens armados invadiram local e deixaram mais de cem feridos, segundo a imprensa estatal russa
Redação Exame
Publicado em 22 de março de 2024 às 15h48.
Última atualização em 25 de março de 2024 às 07h30.
Um grupo de homens armados invadiu um dos principais espaços de shows em Moscou, na Rússia, e abriu fogo contra os frequentadores, na noite desta sexta, 22. Ao menos 137 pessoas foram assassinadas e mais de 100 ficaram feridas, segundo a imprensa estatal russa.
O grupo terrorista Estado Islâmico reivindica a autoria do ataque.
O espaço, chamado Crocus City Hall, que tem capacidade para 7.000 espectadores, pegou fogo em meio ao ataque. Segundo um repórter da agência Ria Novosti, pessoas em uniformes táticos invadiram a casa de shows e abriram fogo antes de lançar uma granada ou uma bomba incendiária, provocando um incêndio.
"As pessoas que estavam na sala se jogaram no chão para se proteger dos disparos por 15 ou 20 minutos e muitos conseguiram sair rastejando", disse o repórter. O ataque ocorreu durante um show da banda de rock russa Piknik, cujos integrantes foram retirados do local a salvo. Autoridades confirmaram ao menos 40 mortos no ataque.
Os serviços de resgate, citados pela agência Interfax, relataram que um grupo de duas a cinco pessoas não identificadas, com uniformes de combate e armas automáticas, abriram fogo contra os agentes de segurança na entrada da casa de shows. Em seguida, dispararam contra o público.
Segundo o Ministério de Situações de Emergência, os bombeiros conseguiram evacuar cem pessoas que estavam no porão do local. Também há operações em curso para salvar pessoas que estão no telhado do prédio.
A agência de notícias TASS indicou que cerca de um terço do prédio pegou fogo. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram grandes colunas de fumaça preta saindo do edifício.
O complexo Crocus City Hall é um dos principais espaços de lazer de Moscou. Inclui um shopping center, outra casa de shows, para 1.500 pessoas, hoteis, restaurantes e um supermercado. O local recebeu o concurso Miss Universo, em 2013, e é um dos principais espaços de espetáculos de Moscou. O espaço pertence à família Agalarov, que tem proximidade com o presidente Vladimir Putin.
Autoria do ataque em Moscou
Horas depois do ataque, o grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria da ação.Na mensagem, divulgada pela agência Amaq, associada ao grupo, o EI afirma que "um grande agrupamento de cristãos foi atacado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscou, matando e deixando centenas de feridos e causando grande destruição". A mensagem afirma que os atiradores teriam escapado com vida, mas as autoridades russas não confirmam essa informação.
O Ministério das Relações Exteriores atribuiu a "um atentado terrorista sangrento" a tragédia, que ocorreu em um auditório de Krasnogorsk, um subúrbio no noroeste da capital russa. "Toda a comunidade internacional deve condenar este crime hediondo!", afirmou Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, no Telegram.
Ainda não havia informações sobre quem seriam os autores do ataque ou o que teria motivado a ação. Um porta-voz do governo da Ucrânia disse que o país não tem nada a ver com a ação e que nunca foram usados métodos terroristas na guerra contra a Rússia.
John Kirby, conselheiro de comunicação da Casa Branca, disse que "não há indicações neste momento de que a Ucrânia ou ucranianos tenham envolvimento no ataque".
O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, anunciou o cancelamento "de todos os eventos esportivos, culturais" e de caráter público durante o fim de semana.
Nos últimos dias, a Rússia tem sido alvo de ataques de combatentes russos antigovernamentais e de bombardeios vindos da Ucrânia, confrontada desde 2022 a uma invasão militar russa.
A Rússia já foi alvo de numerosos ataques cometidos por grupos islamistas e de ataques a tiros sem motivação política ou atribuídos a pessoas desequilibradas.
Em 2002, um grupo de combatentes chechenos fez 912 pessoas reféns no teatro moscovita de Dubrovka para pedir a retirada das tropas russas da Chechênia. A tomada de reféns resultou em uma intervenção das forças especiais e na morte de 130 pessoas, quase todas asfixiadas pelo gás usado pelos militares.
Com AFP e Agência O Globo.