Mundo

Ataque aéreo americano mata 16 policiais afegãos por engano

Segundo autoridade, "meia hora antes os talibãs ainda estavam ali, mas as forças afegãs tinham recuperado o controle da área"

Província de Helmand: grande parte está nas mãos de talibãs (Bronwen Roberts/AFP/AFP)

Província de Helmand: grande parte está nas mãos de talibãs (Bronwen Roberts/AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 22 de julho de 2017 às 10h06.

Um bombardeio americano contra os talibãs matou 16 policiais afegãos por em engano na sexta-feira na província de Helmand (sul) durante uma operação contra os insurgentes. O erro fortalece ainda mais as críticas em relação às forças estrangeiras.

O ataque aéreo, confirmado pelas forças americanas em Cabul, aconteceu na sexta-feira às 17H00 e nele "morreram 16 policiais afegãos, entre eles dois comandantes", informou neste sábado à AFP um porta-voz da polícia de Helmand, Salam Afghan.

Os policiais terminaram de rastrear o povoado de Pachava, no distrito de Gereshk, a 150 km a oeste de Kandahar e "de expulsar os talibãs quando os americanos bombardearam", explicou.

O porta-voz do ministério de Interior em Cabul, Najib Danish, contactado pela AFP, apresentou um balanço de doze mortos, mas o porta-voz do governador de Helmand, Omar Zwak, confirmou que 16 policiais morreram na linha de frente contra os talibãs.

Segundo Salam Afghan, "meia hora antes os talibãs ainda estavam ali, mas as forças afegãs tinham recuperado o controle da área quando ocorreu o bombardeio".

"Não foi deliberado, foi alvo dos policiais por erro", insistiu. O ministério do Interior enviou uma delegação ao local para que faça uma "investigação completa dos fatos", assegurou Danish.

A operação e o erro foram admitidos pelas forças ocidentais em Cabul na sexta-feira à noite em um comunicado, no qual informaram que "disparos aéreos provocaram a morte de forças afegãs amigas que estavam reunidas em campo", mas sem dar um balanço.

A missão da Otan disse que os tiros foram em "uma área do sul do Afeganistão, em grande parte controlada pelos talibãs" e anunciou a abertura de uma investigação interna, ao mesmo tempo em que transmitiu suas condolências "às famílias atingidas por este infeliz acontecimento".

Ópio e fuzileiros navais

Grande parte da província de Helmand está nas mãos de talibãs, enquanto que os territórios que escapam de seu controle são palco de intensos combates. A província produz 85% do ópio afegão, principal fonte de receitas dos insurgentes através das taxas impostas aos agricultores.

Para conter os talibãs, 300 fuzileiros navais americanos foram destacados em abril na base de Camp Bastino, ao norte de Lashkar-Gah, a capital provincial.

No início da semana, apoiaram as forças afegãs para retomar um distrito-chave, Nawa, ao sul de Lashkar-Gah. Este distrito caiu em outubro nas mãos dos talibãs, o que colocou em risco o aeroporto regional e resultou na suspensão dos voos comerciais.

Dentro da coalizão ocidental, as forças americanas são as únicas que executam bombardeios aéreos contra os talibãs e o grupo Estado Islâmico.

Com o tempo, os reiterados erros das forças estrangeiras alimentaram a ira da população.

O último incidente de magnitude, em fevereiro de 2017, matou 18 civis de Helmand, segundo a Missão das Nações Unidas no Afeganistão (Manua).

Em novembro, um bombardeio em princípio dirigido contra altos responsáveis talibãs na região de Kunduz (norte) deixou 32 mortos e 19 feridos, incluindo várias mulheres e crianças, segundo a Manua.

No dia 14 de julho, fontes locais anunciaram que oito civis afegãos ficaram feridos em um bombardeio aéreo em Uruzgan (ao norte de Helmand), atribuído a "forças estrangeiras".

No entanto, um porta-voz militar americano rejeitou as acusações e afirmou que "não foi realizado nenhum bombardeio nesse dia na província de Uruzgan".

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoEstados Unidos (EUA)Talibã

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal