Reino Unido: deputado conservador David Amess foi morto ontem, a facadas. (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 16 de outubro de 2021 às 10h23.
A comoção causada no Reino Unidos pela morte do deputado conservador David Amess, esfaqueado em seu distrito no sudeste da Inglaterra - segundo a polícia, um ato terrorista de inspiração islâmica - volta a colocar em primeiro plano a questão da segurança dos parlamentares, cinco anos depois de outro assassinato.
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O ataque ocorreu durante um encontro com eleitores em uma igreja metodista na pequena Leigh-on-Sea, 60 km ao leste de Londres.
O parlamentar de 69 anos, membro do partido conservador de Boris Johnson e firme defensor do Brexit, recebeu várias facadas pouco depois do meio-dia.
Um homem de 25 anos foi detido no local.
A polícia classificou o assassinato como ato terrorista e indicou que os primeiros elementos da investigação "revelam uma motivação potencialmente vinculada ao extremismo islâmico".
A imprensa britânica afirma que o homem seria um britânico de origem somali. A polícia acredita que o agressor agiu sozinho. Duas casas foram revistadas em Londres.
A morte de Amess, deputado há quase 40 anos, elogiado pela sua gentileza por parlamentares de todos os partidos, comoveu o país. Em sinal de unidade, neste sábado de manhã o primeiro-ministro Boris Johnson e o chefe do partido de oposição trabalhista Keir Starmer depositaram juntos coroas de flores no local do drama.
Esse ataque lembrou o assassinato em 2016 da deputada trabalhista Jo Cox por parte de um simpatizante neonazista.
Essa deputada de 41 anos morreu com vários tiros disparados por um extremista, Thomas Mair, uma semana antes do referendo britânico sobre o pertencimento à União Europeia.
Esses dois dramas levantam dúvidas sobre os dispositivos de segurança em torno dos deputados, especialmente quando eles estão em contato com o público em seus distritos.
"Não podemos ser intimidados por um indivíduo", declarou neste sábado em Leigh-on-Sea a ministra do Interior Priti Patel, destacando a importância para os deputados de "continuarem exercendo suas funções". Alguns parlamentares, porém, preferem adaptar suas interações com o público como medida de segurança.
O deputado trabalhista Chris Bryant sugeriu em um artigo no jornal The Guardian que os deputados se reúnam com seus administrados "por nomeação".
"Não queremos viver em fortalezas, mas não quero perder outro colega por morte violenta", explicou.
O deputado conservador Tobias Ellwood, que tentou salvar a vida do policial Keith Palmer, esfaqueado perto do Parlamento em um ataque reivindicado em 2017 pelo grupo Estado Islâmico, recomendou no Twitter suspender as reuniões presenciais entre deputados e seus administrados.
Os dados da polícia mostram um aumento dos atos de crime contra parlamentares. Em 2019, Scotland Yard mencionou um aumento de 126% entre 2017 e 2018 e de 90% nos quatro primeiros meses de 2019.
Vários representantes políticos explicaram terem sido alvo de ameaças de morte no contexto dos ásperos e intermináveis debates sobre o Brexit.
O presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, se declarou disposto a "examinar a segurança dos deputados, assim como todas as medidas a serem tomadas". Ele destacou que o assassinato de David Amess "comove toda a comunidade parlamentar e todo o país".