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Assange comemora arquivamento de investigação por estupro

Ele declarou que seus advogados entraram em contato com as autoridades britânicas e que esperavam "um diálogo sobre a melhor maneira de avançar"

Assange: o australiano escreveu no Twitter que "não esquece e não perdoa" ter sido privado de liberdade durante sete anos (Peter Nicholls/Reuters)

Assange: o australiano escreveu no Twitter que "não esquece e não perdoa" ter sido privado de liberdade durante sete anos (Peter Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de maio de 2017 às 16h12.

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, comemorou nesta sexta-feira da varanda da embaixada do Equador em Londres "uma vitória importante" após o arquivamento na Suécia da investigação por estupro que pesavam contra ele.

"Este dia é uma vitória importante para mim e para o sistema de direitos da ONU", lançou, com o punho serrado, Assange, refugiado há 5 anos na embaixada equatoriana para escapar de uma possível extradição.

Ele declarou que seus advogados entraram em contato com as autoridades britânicas e que esperavam "um diálogo sobre a melhor maneira de avançar", acrescentando desejar um "diálogo com o departamento de Justiça americano.

Apesar da decisão sueca e na ausência de um mandado de detenção europeu, a polícia britânica advertiu que seria "obrigada" a prender Julian Assange caso ele deixe a embaixada. Em 2012 ele violou as condições de sua liberdade condicional no Reino Unido.

Quanto à parte sueca, "o caso Assange" termina em um fiasco judicial. Este é o fim de uma batalha amarga de procedimentos e de comunicação, cujos desafios foram além do dossiê instruído no país escandinavo.

O desenlace é uma vitória para o ex-hacker australiano, que sempre negou as acusações apresentadas contra ele por uma sueca em agosto de 2010, e denunciou uma manobra para ser extraditado posteriormente aos Estados Unidos, onde poderia ser julgado pela divulgação de documentos militares e diplomáticos americanos de caráter confidencial.

Em declarações à imprensa em Estocolmo, a promotora Marianne Ny anunciou que "decidiu arquivar a investigação por suposto estupro contra Julian Assange", e pediu a retirada do mandado de detenção europeu em vigor desde 2010.

"Vitória total"

Faltando três anos para a prescrição do caso, a magistrada explicou que jogou a toalha em razão da ineficiência de um procedimento excepcionalmente longo, e não à luz de novos fatos.

"Todas as possibilidades de fazer a investigação avançar foram esgotadas (...) e não parece adequado manter o pedido de detenção provisória contra Julian Assange ou o mandado de detenção europeu", argumentou.

Apesar do alívio demonstrado, o australiano escreveu no Twitter que "não esquece e não perdoa" ter sido privado de liberdade durante sete anos.

"Detido durante sete anos sem acusações enquanto meus filhos cresciam e meu nome era jogado na lama. Eu não perdoo e não esqueço", escreveu no Twitter de seu refúgio na embaixada do Equador em Londres, onde está desde 2012 para escapar de uma extradição para a Suécia depois de ter esgotado os recursos legais.

Em fevereiro 2016, um grupo de trabalho da ONU criticou o ritmo lento da investigação e pediu que a Suécia e o Reino Unido indenizassem o ex-hacker por "detenção arbitrária".

"É uma vitória total para Julian Assange. Está livre para deixar a embaixada quando quiser", comemorou um advogado sueco de Assange, Per Samuelsson.

"Ele está naturalmente feliz e aliviado. Mas critica o fato de ter durado tanto tempo", declarou à rádio sueca SR.

Quito saudou a decisão da justiça sueca e pediu que o Reino Unido permita que Assange deixe seu território sem ser perturbado.

"O mandado de prisão europeu não é mais válido. O Reino Unido deve assegurar uma saída segura a Julian Assange", afirmou no Twitter o ministro equatoriano das Relações Exteriores, Guillaume Long.

Prescrição

Mas a ameaça de uma prisão persiste. "A Grã-Bretanha anunciou que irá prender Assange independentemente do que aconteça e se recusa a confirmar ou negar que já recebeu um pedido de extradição dos Estado Unidos", tuitou o WikiLeaks.

A justiça britânica "emitiu uma ordem de prisão de Julian Assange quando não se apresentou ao tribunal em 29 de junho de 2012", recordou a polícia britânica em um comunicado, no qual indica que "é obrigada a executar a ordem", mas o australiano enfrentaria "um delito muito menos sério" que o de estupro, do qual foi suspeito até esta sexta-feira.

Em Estocolmo, a denunciante sueca que acusa Julian Assange de estupro, considera um "escândalo" o arquivamento do processo e, "chocada", mantém as acusações, afirmou a advogada Elisabeth Fritz.

"É um escândalo que um suposto estuprador possa escapar da justiça e evitar assim os tribunais (...) Minha cliente está chocada e nenhuma decisão de arquivar o caso pode mudar o fato de que Assange a violentou", escreveu a advogada em um e-mail enviado à AFP.

A denunciante, que tinha por volta de 30 anos no momento dos fatos, esperou em vão durante sete anos que o australiano, de 45 anos, fundador do WikiLeaks, fosse detido.

Ela o acusa de ter mantido uma relação sexual desprotegida enquanto ela dormia, na noite de 16 para 17 de agosto de 2010. Julian Assange argumenta que ela consentiu e concordou em não usar preservativo.

O processo de instrução na Suécia, atrasado principalmente pela recusa de Assange de ser ouvido na Suécia, arrastou-se por tanto tempo que a denúncia de outra jovem por uma agressão sexual na mesma época foi prescrita em 2015.

O Equador, que concedeu asilo a Assange, denunciou uma semana antes do epílogo, em uma carta ao governo sueco, "a manifesta falta de progresso" na investigação.

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