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Assad enviou US$ 250 milhões por avião a Moscou, diz Financial Times

Nos últimos dias, presença militar russa no país vem diminuindo com a deposição de Assad

Movimentações financeiras suspeitas de Assad com destino a Moscou aconteceram entre 2018 e 2019
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 09h34.

O Banco Central da Síria, sob o comando de Bashar al-Assad, transportou por avião cerca de US$ 250 milhões em dinheiro para Moscou em um período de dois anos, num momento em que o então ditador sírio estava em dívida com o Kremlin por seu apoio militar e seus parentes estavam secretamente comprando ativos na Rússia.

Segundo reportagem do Financial Times,entre 2018 e 2019, o ditador transportou quase duas toneladas em notas de US$ 100 e notas de € 500 para o aeroporto de Vnukovo, em Moscou, para serem depositadas em bancos russos que sofriam sanções econômicas.

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As transferências incomuns de Damasco ressaltam como a Rússia, um aliado crucial de Assad que lhe emprestou apoio militar para prolongar seu regime, se tornou um dos destinos mais importantes para o dinheiro de Assad.

Figuras da oposição e governos ocidentais acusaram o regime de Assad de saquear a economia da Síria e recorrer à atividade criminosa para financiar a guerra e seu próprio enriquecimento. Os embarques de dinheiro para a Rússia coincidiram com a Síria se tornando dependente do apoio militar do Kremlin, incluindo mercenários do grupo Wagner, assim como a família do então ditador passando a comprar propriedades de luxo em Moscou.

Apoio fundamental de Irã e Rússia

Segundo o FT, a fuga de Assad para Moscou enquanto os rebeldes se aproximavam de Damasco enfureceu até mesmo alguns antigos leais ao regime, que veem isso como prova que Assad priorizava antes seus interesses pessoais

O regime de Assad se manteve de pé nos últimos anos graças ao apoio do Irã, que interveio no país em 2012, e pela Rússia que trouxe seus aviões de guerra para atacar o que restava dos rebeldes sírios e insurgentes islâmicos em 2015.

A primeira-dama Asma al-Assad, ex-JP Morgan, construiu uma posição poderosa dentro do governo, influenciando os fluxos de ajuda internacional e liderando um conselho econômico presidencial secreto. Assad e seus principais assistentes também geraram receitas com tráfico internacional de drogas e contrabando de combustível, de acordo com os EUA.

Em 2019, o FT relatou que a família de Assad havia comprado, a partir de 2013, pelo menos 20 apartamentos de luxo em Moscou usando uma série complexa de empresas e acordos de empréstimo.

Rússia manda tropas deixarem o país

A Rússia retirou pelo menos 400 soldados da região de Damasco nos últimos dias em coordenação com a principal facção rebelde que derrubou o regime de Bashar al-Assad, segundo o FT.

Soldados russos da embaixada em Damasco também partiram na semana passada e conversas estavam em andamento para retirar mais soldados em todo o país.

O futuro da presença militar da Rússia na Síria governada por rebeldes não está claro. Moscou comprometeu tropas para apoiar Assad durante a guerra civil, mas esse movimento é o sinal mais recente de que os russos estão repensando sua estratégia para o país

A saída também aponta para os primeiros sinais de cooperação entre Moscou e o HTS (considerada a facção militar mais poderosa dentro da oposição síria)após anos lutando em lados opostos na guerra civil do país.

De acordo com o FT, enviados militares russos se encontraram com a HTS em Damasco para negociar a passagem segura do comboio russo. Uma coluna de quase 100 veículos militares foi vista deixando a área de Damasco — incluindo veículos blindados, tratores, tanques de combustível, unidades médicas móveis, entre outros

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