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Assad deve vencer eleições polêmicas na Síria

O regime sírio realizava hoje eleições presidenciais conquistadas de antemão por Bashar al-Assad e denunciadas por seus adversários como uma farsa

Bashar al-Assad: colégios eleitorais abriram apenas nas zonas controladas pelo regime (AFP)
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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2014 às 11h17.

Damasco - O regime sírio realizava nesta terça-feira eleições presidenciais conquistadas de antemão por Bashar al-Assad e denunciadas por seus adversários como uma farsa que, segundo especialistas, prolongará a devastadora guerra civil que atinge o país há três anos.

Assad, de 48 anos, que reiterou em diversas ocasiões sua intenção de derrotar os rebeldes, chamados por ele de terroristas, votou com sua esposa Asma no centro de Damasco, segundo diversas fotografias publicadas pela rede de televisão estatal.

O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, declarou nesta terça-feira ao chegar ao centro eleitoral que a solução política à crise na Síria "começa hoje".

Por sua vez, o chefe da oposição, Ahmad Jarba, convocou os sírios a permanecer em casa, enquanto o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, classificou as eleições de farsa e disse que a Aliança Atlântica não reconhecerá os resultados.

Os colégios eleitorais abriram às 07h00 locais (01h00 de Brasília), apenas nas zonas controladas pelo regime, para estas eleições boicotadas pela oposição.

Os eleitores faziam fila em frente aos centros de votação em Damasco, onde as ruas estavam repletas de papéis com a imagem de Assad, no poder desde 2000.

Os outros dois candidatos, o ex-ministro Hassan al-Nouri e o deputado Maher al-Hajjar, também votaram na capital, sobrevoada constantemente por aviões do exército e onde eram ouvidos bombardeios e explosões das zonas próximas que estavam em combate.

As redes de televisão oficiais mostravam imagens de centros eleitorais com muitos eleitores que nem mesmo entravam nas cabines para votar, marcando seu voto em Assad diante das câmaras.

"Votei pelo presidente, naturalmente", afirmou à AFP Nadia Hazim, de 40 anos, em um colégio do centro da capital, expressando a esperança de que Assad vença a guerra contra os rebeldes.


Eleições de sangue

Na cidade de Homs (centro), nas mãos do regime desde o início de maio, as forças de segurança revistavam minuciosamente os veículos e havia caminhões e ônibus bloqueando as ruas para evitar possíveis atentados.

"Voltamos para mostrar ao mundo que foi o povo quem elegeu seu líder", afirmou Saleh Ali Mayasa, de 50 anos. Das centenas de pessoas que votaram, todas elegeram Assad para outro mandato de sete anos.

Em Aleppo, a metrópole do Norte dividida em setores a favor e contra o regime, também havia bastante movimento, segundo a televisão estatal. "Esperamos que não sejam registradas vítimas neste dia", disse o governador Wahid Akad.

Mais de 15 milhões de sírios estão convocados às urnas até as 19h00 locais (13h00 de Brasília), embora a votação possa se estender se a Comissão Eleitoral solicitar.

O regime controla 40% do território, no qual vive 60% da população, segundo o geógrafo especializado em Síria Fabrice Balanche.

Os bombardeios prosseguiam nos arredores de Damasco, em Aleppo e em Idleb (noroeste), enquanto os insurgentes, a oposição e seus aliados árabes e ocidentais se mostram incrédulos diante da resistência de Assad no poder.

"Enquanto ocorrem eleições de sangue, as tropas de Assad bombardeiam violentamente Daraya", disse Mohannad, um militante desta localidade próxima a Damasco, em um comunicado.

"Assad tenta recuperar legitimidade e atenuar sua imagem de criminoso de guerra. A única coisa que conseguirá é que os sírios o odeiem ainda mais", afirmaram os comitês de coordenação locais, uma rede de militantes da zona.

O quê: eleições parlamentares Quando: abrilO atual primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, está de olho em um terceiro mandato depois do Supremo Tribunal Federal iraquiano derrubar a lei que limitava os mandatos a dois.Maliki não tem a maioria das províncias depois das eleições regionais de 2013, o que o enfraquece. Por outro lado, os vários opositores podem decidir que mantê-lo no cargo é melhor do que uma mudança que aumentaria a instabilidade.O novo líder terá de enfrentar um Iraque muito violento: desde 2008 a violência não era tão grande. Em 2013, foram quase 9 mil assassinatos.
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    2 /4(MUSTAFA OZER/AFP/Getty Images)

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