Ascensão de Dilma pode mudar perfil de eleição estadual
Especialistas apostam em vitória da candidata do PT no 1º turno; avanço em grandes colégios eleitorais pode mudar a escolha dos governadores
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.
São Paulo - A eventual vitória já no primeiro turno da candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, num quadro sem muitas chances de ser revertido, é hoje uma das principais apostas de cientistas políticos entrevistados pela Agência Estado. Na avaliação desses especialistas, é pouco provável que algo interfira na tendência de vitória da petista no dia 3 de outubro.
Além disso, eles acreditam que a ascensão de Dilma nos principais colégios eleitorais do País, como tem mostrado as últimas pesquisas de intenção de voto, poderá causar mudanças no perfil atual das eleições estaduais, em benefício dos candidatos apoiados pela petista.
O especialista em pesquisa eleitoral e em marketing político Sidney Kuntz aponta que o cenário para a vitória da candidata do PT em primeiro turno é ainda mais favorável do que foi o de 1998, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito também em primeiro turno.
Naquelas eleições, o tucano venceu em cinco dos sete maiores colégios eleitorais do País, perdendo apenas no Rio de Janeiro e no Rio Grande no Sul. A mais recente pesquisa Datafolha, realizada nos dias 23 e 24 deste mês, mostrou que Dilma está na frente de seus concorrentes em todos esses Estados. "Só um escândalo ou algo realmente convincente, que faça com que os eleitores pensem que ela não merece a confiança deles, pode tirar a vitória da Dilma", apontou o especialista. "Uma hecatombe", ressaltou.
Kuntz explicou ainda que, desde as eleições de 1989, nenhum candidato à sucessão presidencial que apresentou no fim do mês de agosto a vantagem que Dilma tem registrado nas últimas pesquisas de intenção de voto perdeu uma eleição. A consolidação de uma eventual vitória, de acordo com o especialista, deve levar a petista a direcionar a munição nos próximos dias para Estados em que existe a possibilidade de o PT sofrer derrotas nas urnas. O gesto pode, segundo ele, modificar o quadro eleitoral estadual, com chances dos candidatos apoiados pela petista capitalizarem parcela do seu crescimento.
Popularidade de Lula
O cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente, atribui o crescimento de Dilma à capitalização (pela candidata) da popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O analista observa que, após dez dias do início do horário eleitoral gratuito, a candidata conquistou os votos dos eleitores que antes diziam não saber em quem votar e arrebatou uma parcela do apoio daqueles que diziam que votariam no candidato do PSDB na disputa, José Serra. "Tudo indica que (Dilma) vai ganhar em primeiro turno. É pouco provável que ela perca essa eleição", afirmou Dantas.
A mais recente pesquisa Datafolha de intenção de voto, divulgada ontem, mostrou que a candidata do PT abriu vantagem de 20 pontos porcentuais sobre Serra. Na mostra, Dilma figurou com 49%, enquanto Serra teve 29%. Na comparação com o último levantamento, realizado no dia 20, logo depois do início do horário eleitoral, Dilma oscilou de 47% para 49%, ao mesmo tempo em que Serra foi de 30% para 29%. A petista passou o adversário em colégios eleitorais que eram considerados a última fortaleza de Serra nas eleições deste ano, como São Paulo e Rio Grande do Sul. Se considerada a margem de erro de dois pontos porcentuais, Dilma venceria em primeiro turno mesmo sem considerar os votos válidos.
O cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), endossou a tese de que o cenário atual é mais favorável a uma decisão em primeiro turno e observou que apenas "algo fora do padrão" poderia ameaçar uma eventual vitória da candidata petista.
"As pesquisas apontam que Dilma cresceu sobre os eleitores do Serra, principalmente depois do horário eleitoral gratuito", esclareceu. De acordo com Carvalho Teixeira, o desafio do PSDB neste momento é levar a disputa para o segundo turno e impedir que o crescimento da petista se reflita nos cenários estaduais, levando candidatos aliados a garimpar dividendos eleitorais da popularidade de Dilma.
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