As incógnitas levantadas pela nova diplomacia dos EUA
Os sócios dos Estados Unidos esperam acabar com as dúvidas sobre a postura do país em temas como Síria, Rússia ou China
AFP
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 13h25.
As dúvidas relacionadas às posições da administração americana são múltiplas, devido à ambiguidade e às contradições, calculadas ou não, das declarações das novas autoridades em Washington.
Os sócios dos Estados Unidos esperam acabar com as dúvidas sobre a postura do país em temas como Síria, Rússia ou China, por ocasião da sequência político-diplomática que começou na quarta-feira com uma reunião da Otan em Bruxelas e prosseguirá nesta quinta-feira com o G20 em Bonn e, depois, com a Conferência de Segurança de Munique.
Ucrânia e relações com a Rússia
Embora Trump tenha defendido uma aproximação com o Kremlin durante sua campanha eleitoral, alimentando a hipótese de um rápido levantamento das sanções americanas, seus assessores endureceram o tom após a renúncia do conselheiro americano para a segurança nacional, Michael Flynn, acusado de mentir sobre suas relações com a Rússia.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse na quarta-feira que esperava "do governo russo uma desescalada da violência na Ucrânia e a devolução da Crimeia", anexada pela Rússia em março de 2014.
O chefe da diplomacia americana, Rex Tillerson, e seu colega russo, Serguei Lavrov, realizarão um encontro bilateral à margem do G20.
Guerra civil na Síria
Os Estados Unidos se aproximarão da Rússia coordenando os bombardeios contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, como sugeriu Trump?
Trump deu como prazo até fevereiro ao Pentágono para que analise se pode acelerar a campanha contra o EI. No ano passado, prometeu bombardear fortemente os extremistas, mesmo que isso significasse aumentar as baixas civis.
Para evitar isso, o presidente propôs a criação de "zonas de segurança" para os civis, mas Bashar al-Assad rejeitou a ideia.
Otan e UE
Sobre a Otan, a postura da nova administração é ambivalente. O presidente americano primeiro classificou a Aliança Atlântica de "obsoleta", antes que seu responsável de defesa se apressasse em reafirmar sua importância, "pedra angular" para os Estados Unidos.
Na quarta-feira, o chefe do Pentágono, James Mattis, convocou os aliados de Washington a aumentarem seu gasto militar sob pena de verem os Estados Unidos "moderarem seu compromisso" na Aliança Atlântica, despertando inquietação particularmente no leste da Europa ante a postura russa.
Ao mesmo tempo, Trump fez pouco caso da União Europeia e inclusive celebrou o Brexit, prevendo novas deserções de outros Estados membros. Trump acusa a UE de estar subordinada aos interesses alemães.
Relações com a China
Neste capítulo também há sinais contraditórios.
Com uma aproximação repentina com Taiwan, Trump questionou o princípio de "uma só China", provocando a revolta de Pequim... antes de voltar atrás.
Por outro lado, em matéria comercial, Pequim se tornou o alvo preferido da nova administração, que acusa as importações chinesas de destruírem empregos americanos.
E Tillerson ameaçou inclusive com um bloqueio para impedir o acesso do país às contestadas ilhas do mar da China meridional.
Até o momento não se sabe se o chefe da diplomacia americana se reunirá com seu colega chinês, Wang Yi, de forma bilateral ou se o encontro se limitará ao imposto pelo G20.