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Artista diz que governo cubano deu lição de intolerância

A artista Tania Bruguera, 46, que vive entre a ilha, Estados Unidos e França, foi detida duas vezes, terça e quarta-feira, com outros 50 dissidentes


	Tania Bruguera: ela desafiou governo com plano de montar "performance" na Praça da Revolução de Havana
 (AFP)

Tania Bruguera: ela desafiou governo com plano de montar "performance" na Praça da Revolução de Havana (AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2015 às 08h25.

A artista cubana Tania Bruguera afirmou nesta quinta-feira, em entrevista à AFP, que, com a onda de repressão para impedir que ela montasse uma tribuna pública em Havana, o governo de Raúl Castro "deu uma lição de intolerância e criou o caos".

A artista, 46, que vive entre a ilha, Estados Unidos e França, foi detida duas vezes, terça e quarta-feira, com outros 50 dissidentes, ao desafiar o governo com seu plano de montar uma "performance" na emblemática Praça da Revolução de Havana, para que os cubanos se expressassem livremente.

Agora, ela enfrenta um processo em que é acusada de que a performance "tinha o objetivo de incitar à desordem pública, e por resistência à polícia", e terá que permanecer na ilha, uma vez que as autoridades cubanas confiscaram seu passaporte.

Tania, que se definiu como "uma mulher de esquerda", descartou que a obra que desenhou "com muito profissionalismo, ordem e total transparência", e a qual promoveu nas redes sociais antes de chegar à ilha, na última sexta-feira, para montá-la, possa ser considerada uma provocação, e negou que alguma empresa americana esteja por trás da mesma.

"Não há por trás disto uma empresa americana, não há ninguém. Tampouco sou agente da CIA", afirmou, assinalando que, com os agentes da Segurança do Estado cubano, suas conversas foram cordiais, e que, durante as horas que passou presa, foi "muito bem tratada".

"A ideia era instalar em uma praça pública microfones para que os cubanos interessados pudessem falar sobre o momento que estamos vivendo, as dúvidas que têm", explicou a artista, referindo-se, principalmente, à reconciliação histórica entre Cuba e Estados Unidos.

"Por que não acreditam que haja um cubano que possa ter, em um momento como este, uma resposta entusiasmada, e que diga: 'Eu também quero ser parte desta mudança'?", questionou.

"O governo precisa repensar seu sistema para responder a algumas questões", disse Tania, assinalando que, embora não tenha podido realizá-la, sua performance foi um sucesso.

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