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Argentina toma medidas para acelerar dolarização da economia

Governo quer lançar cartão de débito que funcione tanto em pesos como na moeda americana, para colocar em circulação recursos que foram repatriados com anistia fiscal

Javier Milei: o presidente havia prometido, durante a campanha, dolarizar a economia  (Michael M. Santiago /AFP)

Javier Milei: o presidente havia prometido, durante a campanha, dolarizar a economia (Michael M. Santiago /AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 18h03.

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O governo da Argentina está correndo contra o tempo enquanto trabalha com grandes bancos e empresas de pagamento para implementar a estratégia de dolarização proposta por Javier Milei, mesmo com a alta demanda por pesos. Para isso, planeja tomar duas medidas principais:

  • Lançar o primeiro cartão de débito com duas moedas, permitindo que os argentinos realizem pagamentos em dólares, apesar dos controles cambiais;
  • Autorizar bancos a oferecerem empréstimos em dólares para setores atualmente excluídos desse tipo de financiamento.

As iniciativas visam aproveitar o recente aumento no fluxo de dólares resultante da anistia fiscal do governo. Nos últimos cinco meses, os argentinos depositaram mais de US$ 20 bilhões nos bancos locais. Esse movimento, aliado a uma medida do governo para limitar a oferta de moeda local, ajudou o peso a se valorizar mais de 20% nos mercados paralelos desde sua mínima histórica, em julho.

Peso estabilizado favorece o uso do dólar

Com o peso estabilizado, o uso do dólar está previsto para crescer, incluindo em transações do dia a dia. O presidente Milei destacou em um programa de televisão em 10 de dezembro: “A partir de agora, todo argentino poderá comprar, vender e emitir faturas em dólares, ou na moeda que considerar, exceto para o pagamento de impostos.”

Autoridades argentinas estão pressionando os principais processadores de pagamento a desenvolverem um mecanismo que permita compras com cartão de débito em dólares. O ministro da Economia, Luis Caputo, deseja que o cartão seja lançado em janeiro, mas as empresas estimam que isso só será viável em março.

O plano prevê que os consumidores possam usar dólares depositados em suas contas sem a necessidade de converter para pesos. Adicionalmente, o governo busca expandir os empréstimos em dólares para incluir hipotecas e empresas de setores não-exportadores.

“Remonetizar a economia”

O ministro Caputo enfatizou: “Nosso objetivo é remonetizar a economia, tanto em pesos quanto em dólares. Queremos que as pessoas usem seus dólares, porque isso reativa a economia, gera mais renda e nos permite reduzir os impostos.”

Embora Javier Milei tenha inicialmente proposto fechar o Banco Central e adotar o dólar como moeda oficial, a estratégia atual é chamada de dolarização endógena. A abordagem restringe a oferta de pesos, incentivando os argentinos a utilizarem suas reservas em dólares.

Alguns setores já aceitam pagamentos em dólares, como supermercados e bares, mas instituições financeiras ainda precisam aprimorar a infraestrutura para processar tais transações. No setor de tecnologia financeira, por exemplo, as fintechs dependem da aprovação do Banco Central para implementar uma chave virtual uniforme (CVU) em dólares.

Desafios e futuro da dolarização

Enquanto bancos e fintechs lançam fundos em dólar para aproveitar os recursos da anistia fiscal, analistas são céticos quanto ao impacto das medidas no longo prazo. Segundo Alejo Czerwonko, do UBS Group AG, “a dolarização vai levar tempo e exige reformas estruturais que tornem a Argentina um país normal novamente”.

Ainda assim, maximizar o recente fluxo de dólares é visto como um passo positivo para alcançar os objetivos econômicos do governo.

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