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Argentina terá crescimento forte em 2025 após um 2024 de ajuste, diz ministro da Economia 

Luís Caputo diz que Brasil é 'superparceiro' que poderia fazer muito mais em termos de investimento no país vizinho

Luis Caputo, ministro da Economia da Argentina, ao deixar a Casa Rosada (Telam/AFP)

Luis Caputo, ministro da Economia da Argentina, ao deixar a Casa Rosada (Telam/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 18h22.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 18h38.

O ministro da Economia da Argentina, Luís Caputo, disse esperar que o país terá crescimento significativo a partir de 2025, após um 2024 que será marcado por ajustes e medidas de estabilização da economia.

"Esperamos que 2024 será mais de estabilização. E começando em 2025, esperamos ter um crescimento significativo, que continuará no futuro", disse Caputo, que participou de um painel do evento CEO Conference Brasil 2024, promovido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), nesta terça, 6.

Em conversa com André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, Caputo disse que seu país atrairá mais investimentos ao atingir as metas de melhoria fiscal e monetária. "As oportunidades na Argentina serão boas demais para serem verdade se formos capazes de atingir nossos objetivos. Olhamos para o Brasil como um superparceiro. Vocês são nosso parceiro número 1, mas pensamos que poderiam fazer muito, muito mais", afirmou.

Esteves pontuou que há muitas oportunidades de investimento, especialmente no setor de energia e na integração energética entre os países.

A Argentina vive uma crise séria, com inflação acima de 200% ao ano e uma queda forte do peso frente ao dólar no último ano. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o país deve ter encolhimento da economia de 2,8% neste ano.

Em meio a esta crise, Javier Milei foi eleito presidente no fim do ano passado, com a proposta de cortar gastos e liberalizar a economia como forma de conter a alta de preços e a falta de divisas estrangeiras, dois problemas crônicos do país.

"Não haverá mais financiamento do Banco Central pelo Tesouro. Estamos voltando ao básico, que é o respeito às leis, aos contratos e aos direitos privados, e acreditamos fortemente que isso irá lançar as bases para a estabilização das variáveis macroeconômicas", disse Caputo.

"Sentimos que temos a população do nosso lado. Eles entenderam qual é o problema real [o déficit fiscal]. Eles sabem que há tempos muito duros vindo, mas estão prontos para apertar os cintos e esperar um futuro melhor", afirmou o ministro.

Lei ônibus

Ele disse esperar também que o pacote de medidas enviado por Milei ao Congresso seja aprovado em até um mês. O projeto de lei está sendo debatido na Câmara esta semana: o texto-base foi aprovado semana passada, e agora os parlamentares estão analisando artigo a artigo. Depois de aprovado nesta etapa, o texto seguirá para o Senado.

Caputo comentou ainda a questão de que o ex-presidente Mauricio Macri tentou aprovar medidas para reduzir gastos públicos durante seu governo (2015-2019), mas conseguiu poucos avanços.

"As pessoas agora estão muito mais preparadas para a verdade. Essa é a principal diferença entre Milei e Macri. Com Macri, era quase proibido mencionar o termo 'ajuste fiscal' porque vínhamos de 12 anos de populismo. Milei preparou as pessoas durante dois anos para entender a verdade, e agora sentimos que temos um mandato para fazer o que a Argentina precisa fazer", afirmou. "Temos de fazer a lição de casa, e só depois de fazer a lição a economia vai começar a crescer."

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