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Argentina pede que Uruguai suspenda decisão sobre fábrica

Governo argentino rejeitou "a decisão unilateral" de autorizar aumento da produção da fábrica de celulose UPM

Fábrica de celulose da finlandesa UPM-Kymmene em Fray Bentos, no Uruguai (Andres Stapff/Reuters)

Fábrica de celulose da finlandesa UPM-Kymmene em Fray Bentos, no Uruguai (Andres Stapff/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 22h53.

Buenos Aires - O governo argentino rejeitou nesta quarta-feira 'a decisão unilateral do Uruguai' de autorizar o aumento da produção da fábrica de celulose UPM e solicitou ao Executivo de José Mujica que 'suspenda sua decisão'.

A decisão foi anunciada pelo chanceler argentino, Héctor Timerman, em entrevista coletiva, acompanhado pelo governador da província de Entre Ríos, limítrofe com o Uruguai, Sergio Urribarri.

'A Argentina solicita formalmente ao governo uruguaio que suspenda a decisão e que continuemos na mesa de diálogo', disse Timerman.

'Fazemos isso porque Uruguai violou em oito oportunidades o mecanismo de informação e consulta estipulado por ambos países', acrescentou.

O chanceler assegurou que o governo argentino também rejeita a decisão do Executivo Uruguaio 'porque se privilegiam os interesses da UPM sobre a história de dois povos irmãos, tendo o Uruguai deixado a mesa de negociações de forma unilateral'.

Na entrevista Timerman divulgou também o relatório que a Argentina elaborou sobre a situação das águas no rio Uruguai por causa do despejo de líquidos da UPM.

Nesse sentido, e dado que o Uruguai adotou de forma unilateral a decisão de autorizar o aumento da produção da papeleira, assegurou que a Argentina 'de forma unilateral se encontra liberada da obrigação de anunciar de forma conjunta' os resultados das análises realizadas nas águas do rio Uruguai.


O relatório em questão detalha os níveis de toxicidade dos vazamentos da fábrica de celulose e consta de 'mais de 70 expedientes'.

A decisão do Executivo de Cristina Kirchner acontece em plena convalescença da presidente argentina após uma operação que lhe retirou um hematoma craniano.

Após saber da doença da governante, Mujica enviou a Cristina 'uma mensagem de preocupação' por sua saúde.

'Obviamente as relações, independentemente dos fatos recentes, estão sempre abertas e se acrescenta o vínculo histórico e o afeto que o presidente tem por sua colega', declarou também em entrevista coletiva em Montevidéu o ministro de Desenvolvimento Social uruguaio, Daniel Olesker.

Mujica anunciou no último dia 2 de outubro sua autorização para que a fábrica de celulose, situada na cidade uruguaia de Fray Bentos, em frente à cidade argentina de Gualeguaychú, aumente sua produção em 100 mil toneladas anuais desde que cumpra uma série de requisitos ambientais.

A instalação desta fábrica em 2005 foi motivo do pior conflito em décadas entre Uruguai e Argentina e derivou em um julgamento na Corte Internacional de Justiça de Haia e no bloqueio durante três anos da mais importante ponte que une os dois países pelos moradores de Gualeguaychú.

Após o pedido do aumento de produção da fábrica de celulose, a Argentina anunciou de forma taxativa sua oposição a dita iniciativa, ao mesmo tempo em que os moradores de Gualeguaychú, que se opuseram à usina em um primeiro momento, ameaçaram voltar a bloquear a principal rota entre os países.

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