Argentina adotará relação pragmática com o Brasil, diz chanceler
Ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, visitou o Palácio do Planalto nesta quarta (12)
Isabela Rovaroto
Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 16h07.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, disse que o país adotará uma postura "pragmática e realista" nas relações bilaterais com o Brasil e não será um entrave para o crescimento do Mercosul. Segundo ele, é esta a mensagem do presidente Alberto Fernández que será entregue nesta tarde ao presidente Jair Bolsonaro .
O encontro no Palácio do Planalto marca uma tentativa de aproximação dos dois países após de farpas e críticas de ambos os lados durante o período eleitoral na Argentina. Pela manhã, Solá se reuniu pela primeira vez com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, no Palácio do Itamaraty.
Em declaração conjunta após o encontro, ambos reafirmam compromisso de fortalecimento do Mercosul e apoios na áreas de segurança e no combate ao crime organizado. "Terei encontro com o presidente Bolsonaro. Transmitirei as saudações do presidente Alberto Fernández e levarei a mensagem que adotaremos o enfoque pragmático e realista nas relações bilaterais com o Brasil", disse o argentino.
Solá sinalizou que o governo de Fernandéz não colocará barreiras para o avanço do bloco. "Entendemos que o Mercosul para crescer precisa fazer acordo para o livre comércio com outros países. Israel, Centro América, Líbano, Cingapura. Temos de ter a mente aberta para os acordo e vamos tratar de não ser um entrave", disse o chanceler argentino.
Em 2019, Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) encerraram suas negociações de parcerias comerciais com a União Europeia e com o Efta, que reúne Noruega, Suíça e Islândia. Por sua vez, Araújo disse que tem a "convicção e expectativa de contar a com a parceria da Argentina para consolidação do Mercosul." "Brasil e Argentina estão na mesma página em crescimento, segurança e valores democráticos", disse. Em sua fala, Araújo ressaltou a preocupação com a Venezuela e disse que o "Mercosul tem vocação democrática e um tema que nos preocupa é a Venezuela."
Durante a campanha na Argentina e após a vitória da chapa Alberto Fernández e Cristina Kirchner, Bolsonaro ameaçou deixar o Mercosul e, por diversas vezes, disse que o país vizinho poderia seguir o mesmo rumo da Venezuela que vive sob o regime de Nicolás Maduro.
O chanceler argentino disse que a conversa entre os dois países se deu com "espírito de franqueza". Solá fez um relato das dificuldades econômicas na Argentina e pediu ajuda ao Brasil. "Pedimos aos irmãos brasileiros que nos apoie de modo possível ao FMI para termos tempo para crescer e pagar dívida. Não vamos dar o calote", disse.