Exame Logo

Arábia: uma pequena vitória das mulheres

Decisão do governo vai obrigar que lojas que vendam roupas intimas femininas tenham atendentes mulheres

Mulheres numa loja de lingerie, na Arábia Saudita (Amer Hilabi/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2012 às 15h53.

Jeddah, Arábia Saudita - A partir desta quinta-feira, as mulheres sauditas vão, enfim, poder comprar roupa de baixo sem o constrangimento de ter que passar por vendedores masculinos. Uma decisão real autoriza as mulheres a trabalharem em lojas, a partir de agora - uma iniciativa que está sendo recebida com desprezo por líderes religiosos.

No reino ultraconservador, onde a segregação de sexos é estritamente imposta, o rei Abdullah, um reformista prudente, promulgou em junho um decreto dando um prazo de seis meses às lojas de lingerie para substituir os vendedores homens, geralmente de origem asiática, por funcionárias sauditas.

"É uma decisão positiva e corajosa. Como muitas mulheres, ficava constrangida em comprar minhas roupas íntimas das mãos de um vendedor que, por sua vez, era obrigado a me perguntar as minhas medidas", afirma Samar Mohammed, uma professora primária de 37 anos.

A decisão foi precedida de uma campanha na internet feita por mulheres, expressando desagrado. Mas elas vão continuar sem poder experimentar as peças, uma vez que as cabines de prova são proibidas no reino.

Rim Assaad lançou há mais de um ano uma campanha na internet pedindo o boicote às boutiques de lingerie que empregavam homens.

"Acabou o constrangimento", proclamou sua filha Fatima Qaroub, que também participou da campanha para exigir a feminização dos empregos no setor.

Ela destaca que "os comerciantes, no começo, receberam mal a decisão das autoridades".

O ministro do Trabalho, Adel Faqih, informou à AFP que a medida diz respeito a 7.300 estabelecimentos, que devem criar até 44.000 empregos para as sauditas.


Segundo Fahd al-Takhifi, do ministério do Trabalho, 28.100 mulheres já apresentaram suas solicitações de emprego às lojas de lingerie e de cosméticos em todo o reino.

O ministério preveniu que 400 inspetores foram mobilizados para verificar a aplicação, a partir de quinta-feira, da decisão real, indicando que os que não a cumprirem estarão sujeitos a medidas punitivas.

A iniciativa será aplicada num segundo tempo, antes de julho de 2012, a perfumarias.

Safa Salama declarou-se encantada com o novo cargo de diretora de uma loja de lingerie feminina num centro comercial de Jeddah, a cidade portuária do oeste do reino.

A decisão entra em vigor apesar da oposição do mufti da Arábia Saudita, xeque Abel Aziz Al-Cheikh. Ele disse, no sermão de sexta-feira passada, que isso colocava as vendedoras em contato direto com os homens que administram as lojas.

"As mulheres vão vender e contar dinheiro", e isso "contraria a religião", acrescentou.

Uma iniciativa precedente, permitindo às sauditas trabalhar em lojas de lingerie, tomada há três anos, foi bloqueada por religiosos conservadores, que se opõem ao trabalho feminino em diversos setores de atividade, para evitar que se misturem.

Uma instância muçulmana chegou a emitir, em 2010, uma fatwa, um decreto religioso, proibindo às mulheres trabalhar como caixas de supermercado - um emprego autorizado pelas autoridades - mas o aviso não foi obedecido por gerentes desses estabelecimentos.

Veja também

Jeddah, Arábia Saudita - A partir desta quinta-feira, as mulheres sauditas vão, enfim, poder comprar roupa de baixo sem o constrangimento de ter que passar por vendedores masculinos. Uma decisão real autoriza as mulheres a trabalharem em lojas, a partir de agora - uma iniciativa que está sendo recebida com desprezo por líderes religiosos.

No reino ultraconservador, onde a segregação de sexos é estritamente imposta, o rei Abdullah, um reformista prudente, promulgou em junho um decreto dando um prazo de seis meses às lojas de lingerie para substituir os vendedores homens, geralmente de origem asiática, por funcionárias sauditas.

"É uma decisão positiva e corajosa. Como muitas mulheres, ficava constrangida em comprar minhas roupas íntimas das mãos de um vendedor que, por sua vez, era obrigado a me perguntar as minhas medidas", afirma Samar Mohammed, uma professora primária de 37 anos.

A decisão foi precedida de uma campanha na internet feita por mulheres, expressando desagrado. Mas elas vão continuar sem poder experimentar as peças, uma vez que as cabines de prova são proibidas no reino.

Rim Assaad lançou há mais de um ano uma campanha na internet pedindo o boicote às boutiques de lingerie que empregavam homens.

"Acabou o constrangimento", proclamou sua filha Fatima Qaroub, que também participou da campanha para exigir a feminização dos empregos no setor.

Ela destaca que "os comerciantes, no começo, receberam mal a decisão das autoridades".

O ministro do Trabalho, Adel Faqih, informou à AFP que a medida diz respeito a 7.300 estabelecimentos, que devem criar até 44.000 empregos para as sauditas.


Segundo Fahd al-Takhifi, do ministério do Trabalho, 28.100 mulheres já apresentaram suas solicitações de emprego às lojas de lingerie e de cosméticos em todo o reino.

O ministério preveniu que 400 inspetores foram mobilizados para verificar a aplicação, a partir de quinta-feira, da decisão real, indicando que os que não a cumprirem estarão sujeitos a medidas punitivas.

A iniciativa será aplicada num segundo tempo, antes de julho de 2012, a perfumarias.

Safa Salama declarou-se encantada com o novo cargo de diretora de uma loja de lingerie feminina num centro comercial de Jeddah, a cidade portuária do oeste do reino.

A decisão entra em vigor apesar da oposição do mufti da Arábia Saudita, xeque Abel Aziz Al-Cheikh. Ele disse, no sermão de sexta-feira passada, que isso colocava as vendedoras em contato direto com os homens que administram as lojas.

"As mulheres vão vender e contar dinheiro", e isso "contraria a religião", acrescentou.

Uma iniciativa precedente, permitindo às sauditas trabalhar em lojas de lingerie, tomada há três anos, foi bloqueada por religiosos conservadores, que se opõem ao trabalho feminino em diversos setores de atividade, para evitar que se misturem.

Uma instância muçulmana chegou a emitir, em 2010, uma fatwa, um decreto religioso, proibindo às mulheres trabalhar como caixas de supermercado - um emprego autorizado pelas autoridades - mas o aviso não foi obedecido por gerentes desses estabelecimentos.

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaOriente MédioRoupas

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame