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Arábia Saudita lança ataques aéreos no Iêmen contra rebeldes

Soldados rebeldes estariam sendo apoiados pelo Irã; os EUA, em plena negociação sobre o programa nuclear iraniano, expressaram apoio à Arábia Saudita

Iemenitas no local de um bombardeio saudita contra rebeldes, perto do aeroporto de Sanaa: Washington anunciou que fornecerá apoio logístico e de inteligência (AFP/ Mohammed Huwais)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de março de 2015 às 13h59.

Adem - À frente de uma coalizão de países árabes, a Arábia Saudita lançou nesta quinta-feira uma operação militar no Iêmen para conter o avanço dos rebeldes xiitas, apoiados pelo Irã, que criticou duramente estes bombardeios.

Para o Irã, trata-se de uma iniciativa perigosa e que pode criar mais tensões na região.

O Hezbollah libanês e o Iraque também condenaram o ocorrido. Bagdá disse ser partidário de soluções pacíficas, sem intervenção estrangeira.

Por sua vez, os Estados Unidos, em plena negociação com Teerã sobre o programa nuclear iraniano, expressaram seu apoio à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, mas sem participar diretamente.

Washington anunciou que fornecerá apoio logístico e de inteligência, após o qual o secretário de Estado John Kerry "elogiou o trabalho da coalizão que atua militarmente contra os huthis".

Kerry, que se encontra em Lausanne para las negociações com o Irã, realizou uma conferência telefônica com seus colegas do Conselho de Cooperação do Golfo sobre a situação no Iêmen , indicou um funcionário do departamento de Estado.

A operação militar começou com o bombardeio de várias posições huthis, particularmente em Sana, a capital do Iêmen. Participam 100 aviões de combate da Arábia Saudita, que decidiu mobilizar 150.000 soldados, 30 dos Emirados Árabes Unidos, 15 do Bahrein, 15 do Kuwait e 10 do Catar, segundo um canal de televisão saudita.

Além destes países do Golfo, vizinho do Iêmen, a operação militar conta com a participação de outras nações aliadas da Arábia Saudita como Egito, Jordânia, Sudão, Paquistão e Marrocos.

Quatro navios de guerra egípcios entraram nesta quinta-feira no canal de Suez, a caminho do Golfo de Aden, indicaram autoridades do Canal.

Nenhum envolvimento de países europeus foi anunciado.

Após o início dos ataques, a Arábia Saudita ordenou um reforço na segurança de suas fronteiras e no interior do Reino, e prometeu agir com firmeza contra os que quiserem prejudicar o país.

Os huthis combatem as unidades do exército iemenita fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, forçado a renunciar em 2012, após 33 anos no poder.

O Iêmen é o único país da Primavera Árabe onde o levante popular levou à saída negociada do presidente, substituído por seu vice-presidente, Abd Rabo Mansur Hadi.

A intervenção militar liderada por Riad responde a vários pedidos de ajuda lançados pelo grupo do presidente Hadi, incapaz de enfrentar o avanço dos rebeldes huthis, que nos últimos dias foram se aproximando de Aden, onde o chefe de Estado havia se refugiado.

Forças leais ao presidente retomaram na quinta-feira o controle do aeroporto de Aden das mãos das forças antigovernamentais, segundo um oficial de segurança.

Habitantes de Sana fogem

"A coalizão fará tudo o que for preciso para o retorno à estabilidade", avisou o embaixador saudita em Washington, Abdel al-Khubeir.

Segundo testemunhas e fontes militares no Iêmen, os primeiros ataques tinham como alvo locais sensíveis controlados pela rebelião em Sana, incluindo uma base aérea e o palácio presidencial, onde um incêndio foi declarado.

Ao menos 14 civis perderam a vida em um bairro da capital, segundo uma fonte da defesa civil.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) mostrou-se preocupado pelas partes civis no Iêmen e apelou nesta quinta-feira para que todas as partes envolvidas respeitem o direito humanitário e poupem os civis.

Os bombardeios cessaram no início da manhã, segundo os habitantes.

"A aviação saudita praticamente garantiu a segurança do espaço aéreo iemenita onde atua para estabelecer uma ampla zona de exclusão aérea", declarou um conselheiro saudita.

"Vou com a minha família, Sana já não é segura", conta Mohamed que, como muitos outros, decidiu fugir da capital do Iêmen após uma noite de intensos bombardeios aéreos sauditas.

"Por que a Arábia Saudita e os outros países escolheram intervir (...) quando os huthis já conquistaram a maioria das regiões?", se pergunta Safwan Haidar, um morador.

Para os especialistas, o Iêmen é o palco de uma guerra entre o Irã xiita e o reino saudita sunita, que pode terminar com a desintegração do país.

A isto se soma a atuação da rede sunita Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), bem implantada no sudeste, e do grupo jihadista Estado Islâmico.

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Para o Irã, trata-se de uma iniciativa perigosa e que pode criar mais tensões na região.

O Hezbollah libanês e o Iraque também condenaram o ocorrido. Bagdá disse ser partidário de soluções pacíficas, sem intervenção estrangeira.

Por sua vez, os Estados Unidos, em plena negociação com Teerã sobre o programa nuclear iraniano, expressaram seu apoio à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, mas sem participar diretamente.

Washington anunciou que fornecerá apoio logístico e de inteligência, após o qual o secretário de Estado John Kerry "elogiou o trabalho da coalizão que atua militarmente contra os huthis".

Kerry, que se encontra em Lausanne para las negociações com o Irã, realizou uma conferência telefônica com seus colegas do Conselho de Cooperação do Golfo sobre a situação no Iêmen , indicou um funcionário do departamento de Estado.

A operação militar começou com o bombardeio de várias posições huthis, particularmente em Sana, a capital do Iêmen. Participam 100 aviões de combate da Arábia Saudita, que decidiu mobilizar 150.000 soldados, 30 dos Emirados Árabes Unidos, 15 do Bahrein, 15 do Kuwait e 10 do Catar, segundo um canal de televisão saudita.

Além destes países do Golfo, vizinho do Iêmen, a operação militar conta com a participação de outras nações aliadas da Arábia Saudita como Egito, Jordânia, Sudão, Paquistão e Marrocos.

Quatro navios de guerra egípcios entraram nesta quinta-feira no canal de Suez, a caminho do Golfo de Aden, indicaram autoridades do Canal.

Nenhum envolvimento de países europeus foi anunciado.

Após o início dos ataques, a Arábia Saudita ordenou um reforço na segurança de suas fronteiras e no interior do Reino, e prometeu agir com firmeza contra os que quiserem prejudicar o país.

Os huthis combatem as unidades do exército iemenita fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, forçado a renunciar em 2012, após 33 anos no poder.

O Iêmen é o único país da Primavera Árabe onde o levante popular levou à saída negociada do presidente, substituído por seu vice-presidente, Abd Rabo Mansur Hadi.

A intervenção militar liderada por Riad responde a vários pedidos de ajuda lançados pelo grupo do presidente Hadi, incapaz de enfrentar o avanço dos rebeldes huthis, que nos últimos dias foram se aproximando de Aden, onde o chefe de Estado havia se refugiado.

Forças leais ao presidente retomaram na quinta-feira o controle do aeroporto de Aden das mãos das forças antigovernamentais, segundo um oficial de segurança.

Habitantes de Sana fogem

"A coalizão fará tudo o que for preciso para o retorno à estabilidade", avisou o embaixador saudita em Washington, Abdel al-Khubeir.

Segundo testemunhas e fontes militares no Iêmen, os primeiros ataques tinham como alvo locais sensíveis controlados pela rebelião em Sana, incluindo uma base aérea e o palácio presidencial, onde um incêndio foi declarado.

Ao menos 14 civis perderam a vida em um bairro da capital, segundo uma fonte da defesa civil.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) mostrou-se preocupado pelas partes civis no Iêmen e apelou nesta quinta-feira para que todas as partes envolvidas respeitem o direito humanitário e poupem os civis.

Os bombardeios cessaram no início da manhã, segundo os habitantes.

"A aviação saudita praticamente garantiu a segurança do espaço aéreo iemenita onde atua para estabelecer uma ampla zona de exclusão aérea", declarou um conselheiro saudita.

"Vou com a minha família, Sana já não é segura", conta Mohamed que, como muitos outros, decidiu fugir da capital do Iêmen após uma noite de intensos bombardeios aéreos sauditas.

"Por que a Arábia Saudita e os outros países escolheram intervir (...) quando os huthis já conquistaram a maioria das regiões?", se pergunta Safwan Haidar, um morador.

Para os especialistas, o Iêmen é o palco de uma guerra entre o Irã xiita e o reino saudita sunita, que pode terminar com a desintegração do país.

A isto se soma a atuação da rede sunita Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), bem implantada no sudeste, e do grupo jihadista Estado Islâmico.

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