Após suspensões, Boris Johnson toma vacina da AstraZeneca no Reino Unido
O premiê britânico se vacinou nesta sexta-feira, 19, dias depois de países europeus suspenderem a vacina. A EMA, reguladora europeia, disse ontem que o imunizante se mostrou seguro
Carolina Riveira
Publicado em 19 de março de 2021 às 16h14.
Última atualização em 19 de março de 2021 às 16h56.
Após uma semana de polêmicas com a vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, o premiê britânico, Boris Johnson , decidiu dar seu voto de confiança simbólico ao imunizante. Johnson se vacinou nesta sexta-feira, 19, e postou em suas redes sociais que tomou o imunizante de AstraZeneca/Oxford.
"Eu acabei de receber minha primeira dose da vacina de Oxford/AstraZeneca. Obrigada a todos os cientistas incríveis, os funcionários do NHS [sistema de saúde britânico] e voluntários que ajudaram a fazer isso acontecer", escreveu em seu perfil no Twitter.
"Tomar a vacina é a melhor coisa que podemos fazer para ter de volta a vida da qual tanto sentimos falta."
Boris Johnson é membro do Partido Conservador e está no poder no Reino Unido desde 2019. No ano passado, o premiê foi um dos primeiros líderes globais a se infectar com a covid-19 e chegou a ser internado na UTI, se tratando no sistema público britânico, o NHS. Após a internação, o comportamento de Johnson no combate à pandemia mudou, e o premiê passou a não mais se opor publicamente a medidas de contenção, como uso de máscara e quarentenas, como fazia no começo da crise.
A vacinação do primeiro-ministro do Reino Unido acontece dias depois das suspensões envolvendo a vacina da AstraZeneca. Países europeus como Portugal, Alemanha, Dinamarca, Itália e França chegaram a pausar a vacinação com esse imunizante por suspeitas de que a vacina pudesse estar ligada a casos de trombose e coágulos sanguíneos.
Os britânicos, no entanto, mantiveram a imunização desde então e defenderam a vacina publicamente. Nesta sexta-feira, outros países que haviam suspendido a campanha com a AstraZeneca também voltaram a vacinar.
A agência reguladora da União Europeia, a EMA, vinha defendendo que a vacinação deveria continuar e que os riscos de não se vacinar - em meio à alta mortalidade da covid-19 - eram mais perigosos do que eventuais suspeitas não comprovadas. Dias depois, nesta quinta-feira, 18, a EMA deu seu veredicto final e disse que não foi possível encontrar relação entre coágulos e a vacina. A reguladora afirmou que seguirá investigando os casos.
Na declaração, os técnicos da EMA voltaram a dizer que a proporção de casos não é maior do que os que já ocorreriam nessa parcela da população. Foram vacinados com o imunizante 20 milhões de pessoas na UE e no Reino Unido.
A agência também descartou que haja problema com um lote específico da vacina, como se cogitou no início.
No Brasil, a Anvisa, que regula as vacinas autorizadas, disse que o imunizante da AstraZeneca é seguro, que não foram identificados efeitos adversos graves no país e recomendou que a vacinação continue normalmente.
O Reino Unido, que deixou a União Europeia após o Brexit (e onde a vacina de AstraZeneca/Oxford é o carro-chefe de um bem-sucedido programa de vacinação), tem sido o maior defensor do imunizante até agora. O regulador do país reforçou nos últimos dias que não foram encontrados casos de problemas relacionados ao imunizante dentre os vacinados britânicos e não paralisou a vacinação com a AstraZeneca em nenhum momento.
O governo britânico já vacinou quase 39% da população com ao menos a primeira dose, taxa superior à da União Europeia. O número de casos de covid-19 tem caído drasticamente no país.
Após a disseminação de uma nova variante mais contagiosa do vírus, no fim do ano passado, que fez o número de casos subir exponencialmente, o Reino Unido entrou em lockdown completo e, agora, está em meio a um processo de reabertura. A expectativa do governo é que o comércio e a locomoção estejam totalmente liberados em junho.