Mundo

Após morte de Quércia, PMDB paulista busca identidade

Grupo que apoiava o ex-governador e aliados do vice-presidente Michel Temer devem brigar pelo controle do partido no Estado

Orestes Quércia era o presidente do PMDB em São Paulo (Silvana Garzaro/CONTIGO)

Orestes Quércia era o presidente do PMDB em São Paulo (Silvana Garzaro/CONTIGO)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2011 às 13h00.

Menos de um mês após a morte de sua grande referência em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, as palavras de ordem no PMDB paulista são união, reformulação e adaptação à nova realidade política, com foco na busca de uma identidade para a sigla.

Uma ala do partido que, sob a batuta de Quércia, apoiou os tucanos nas sucessões estadual e presidencial já admite a influência do vice-presidente da República, Michel Temer, no diretório estadual e cobra a fatura pelo apoio na eleição de Geraldo Alckmin no Estado, com a reivindicação de participação na administração estadual paulista. Entretanto, alguns nomes de peso da sigla, como o do prefeito de Barueri, Rubens Furlan, defendem um novo caminho para a legenda.

"A nossa realidade hoje é que a Dilma (Rousseff) é a presidente, o Michel é o vice e o Alckmin governa São Paulo", afirma Marcelo Barbieri, prefeito de Araraquara e um dos caciques do PMDB paulista. Com esse argumento, ele espera conter qualquer tentativa de levante interno e provar que o partido continua sendo o 'bom e velho PMDB': de olho em suas ramificações na esfera federal e com um pé no governo estadual.

O discurso também é um aviso aos que questionam o possível controle de Temer e do deputado estadual Baleia Rossi, filho do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, na direção regional do partido.

Líder da ala que contesta o controle de Temer, o prefeito Furlan que já foi vereador, deputado estadual e federal e está atualmente em seu quarto mandato na administração de Barueri, município com o maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os comandados pela sigla em São Paulo, ameaça deixar a legenda caso não haja uma discussão entre os correligionários para definir os novos rumos do partido.

O prefeito é também pai da deputada federal Bruna Furlan (PSDB), uma das mais votadas no Estado, e foi um dos articuladores mais ativos do PMDB na campanha do então candidato tucano José Serra à Presidência da República.

Presidência do diretório

O PMDB de São Paulo tem até fevereiro para escolher o sucessor de Quércia na presidência do diretório e, embora possa fazer a eleição antes desse período, deve postergar a decisão, a fim de avaliar o cenário e acalmar os ânimos dos que querem refundar o partido, como o prefeito de Barueri. "O partido se enfraqueceu com a morte do Quércia. Ninguém vai preencher o espaço que ele deixou porque ele sempre foi referência no Estado", disse Barbieri.

"É inegável que existe uma divisão", afirma o presidente interino e deputado estadual Jorge Caruso, ao se referir aos blocos de Quércia e de Temer. O trabalho da cúpula agora é evitar que a morte de Quércia e as mudanças no partido provoquem uma debandada, uma vez que o quercista Rubens Furlan já ameaçou deixar a legenda caso o PMDB "caia em mãos erradas". "A prioridade é a unidade em São Paulo", defendeu Airton Sandoval, secretário-geral. "Temos que administrar o patrimônio do partido".

Caruso, que esteve na ala de apoio à candidatura de Dilma Rousseff, tenta minimizar a possível interferência de Temer na ausência de Quércia. "Sempre houve uma influência do Michel, mas sempre respeitando o Quércia. É natural que ele (Temer) tenha participação no Estado", afirmou. O deputado considera precipitada a ameaça de saída de alguns integrantes do partido e prega o consenso na escolha do sucessor de Quércia para que a legenda passe por uma reformulação pacífica e defina seu rumo nas eleições municipais de 2012.

Apesar dos discursos de unidade no partido, Marcelo Barbieri rechaça a candidatura de Baleia Rossi para a presidência do diretório. "O nome de Caruso não criaria conflito nesse momento porque ele transita nas duas alas. (Baleia Rossi) é um bom nome, mas não agora, isso provocaria uma disputa", argumentou o prefeito de Araraquara. Já Baleia Rossi não esconde, nos bastidores, o interesse em se tornar o presidente do PMDB paulista e já articula sua candidatura desde o ano passado. "Os nomes ainda não foram colocados, o importante agora é pacificar o partido", afirma o filho do ministro da Agricultura.

Após ser um dos negociadores para o PMDB no fracassado acordo por cargos no governo Geraldo Alckmin (PSDB), Baleia mostra o descontentamento com o governador. "A expectativa era que o PMDB paulista, que ajudou a elegê-lo, tivesse cargos e espaço no primeiro escalão. Agora, o partido segue na expectativa", frisou.

A mesma crítica é feita por Barbieri: "Já estamos no governo federal. É justo que também participemos em São Paulo porque ajudamos a eleger esse governo", cobrou . Uma das prioridades dos peemedebistas, segundo Barbieri, é retomar o diálogo com Alckmin para definir como o PMDB pode ainda participar da administração estadual, já que o partido ficou fora do primeiro escalão. "Não temos que esconder que fazemos composição", alfinetou Barbieri.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMDB – Movimento Democrático BrasileiroMetrópoles globaisPartidos políticosPolíticasao-paulo

Mais de Mundo

Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA