Rainha Elizabeth II e seu filho, príncipe Andrew, acusado de envolvimento em escândalo sexual (Mark Cuthbert / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 20 de novembro de 2019 às 16h48.
Última atualização em 20 de novembro de 2019 às 17h09.
O príncipe Andrew, 59, anunciou nesta quarta-feira sua retirada da vida pública, após o escândalo gerado por sua amizade com o empresário americano Jeffrey Epstein, acusado de agressão sexual e que foi encontrado morto na prisão.
"Perguntei a Sua Majestade se poderia me retirar das atividades públicas por tempo indeterminado, e ela me concedeu sua permissão", anunciou o príncipe em comunicado.
O segundo filho da rainha Elizabeth II reconheceu que sua ligação com Epstein acabou se tornando "um grande estorvo" para a família real e as associações de caridade que trabalham com a mesma.
"Sigo lamentando sem rodeios minha relação errônea com Epstein", indica o texto. "Seu suicídio deixou perguntas sem resposta, principalmente para suas vítimas, e expresso minha compaixão mais profunda com qualquer um que tenha sido afetado e esteja buscando uma forma de virar a página", manifesta.
"Só posso esperar que, com o tempo, sejam capazes de reconstruir suas vidas. Estou totalmente disposto a colaborar com a Justiça em qualquer investigação, caso seja necessário", assinala Andrew.
Os comentários de Andrew à rede BBC dominaram o noticiário e provocaram o repúdio da mídia nacional, que disse que suas explicações são insatisfatórias. Os advogados das vítimas de Epstein disseram que o príncipe mostrou pouca solidariedade pelas pessoas abusadas.
O príncipe, cujo título oficial é Duque de York, disse em uma entrevista à BBC exibida no sábado que não poderia ter feito sexo com uma adolescente na casa de uma socialite de Londres porque voltou ao seu lar após uma festa infantil na noite em questão e que não se lembra de tê-la conhecido.
Andrew deu várias razões para sustentar que o relato da vítima, que disse tê-lo conhecido quase duas décadas atrás em um clube noturno londrino dançando e suando antes de fazer sexo com ele, não pode ser verdadeiro.
Entre elas está um problema médico que o impede de transpirar, o fato de que “nunca foi festeiro” e de evitar “exibições públicas de afeto”.
Mas a mídia britânica publicou fotos de Andrew em diversas festas na companhia de várias mulheres, em algumas das quais ele aparece demonstrando afeto e transpirando claramente.
Bilionário do mercado financeiro, o americano Jeffrey Epstein foi acusado de ser o líder de uma enorme rede de tráfico sexual de menores e de conspiração criminosa para traficar menores para explorá-los sexualmente.
Segundo a acusação, ele teria levado menores de idade, algumas delas com apenas 14 anos, para suas residências em Manhattan e em Palm Beach, na Flórida, entre 2002 e 2005 pelo menos, “para participar de atos sexuais com ele, depois dos quais lhes dava centenas de dólares em dinheiro”. “Também pagava algumas de suas vítimas para recrutarem mais meninas para serem abusadas”, apontou a acusação.
Epstein negou as acusações, mas um juiz federal rejeitou o pedido de liberdade condicional feito por sua defesa. Ele foi preso em julho de 2019 e encontrado morto em sua cela, em aparente suícidio, em agosto. Sua morte vem sendo alvo de especulações e teorias da conspiração que dizem que ele teria sido assassinado.