Di Maio: "Talvez ela se esqueça de quando o seu presidente, falando do nosso governo, nos comparou com a hanseníase" (Simona Granati/Getty Images)
EFE
Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 12h18.
Última atualização em 8 de janeiro de 2019 às 12h22.
Roma - O ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Luigi Di Maio, reforçou o apoio expressado ontem aos "coletes amarelos" franceses e contra-atacou após a ministra de Assuntos Europeus da França, Nathalie Loiseau, ter pedido para que o governo italiano se preocupasse com os próprios problemas.
"A ministra de Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau, depois da minha mensagem de ontem aos 'coletes amarelos', declarou: 'a Itália se preocupa muito em dar lições à França. Salvini e Di Maio precisam a fazer limpeza em casa'. Talvez ela se esqueça de quando o seu presidente, (Emmanuel) Macron, falando do nosso governo, nos comparou com a hanseníase", escreveu Di Maio no Facebook.
O líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S) - que governa em coalizão com a ultradireitista Liga, do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini - reiterou o seu apoio aos protestos dos "coletes amarelos".
"O povo francês quer a mudança e que as suas exigências sejam mais escutadas. Não posso não compartilhar estes desejos, não penso que esteja dizendo nada ofensivo para os cidadãos franceses", afirmou na rede social.
E acrescentou: "quanta hipocrisia. Está claro que algo deve mudar. Por exemplo, é hora de deixar de empobrecer a África com políticas colonialistas, que causam ondas migratórias para a Europa e que a Itália em várias ocasiões teve que encarar sozinha".
Loiseau pediu para que os ministros italianos se concentrem nos próprios assuntos, após Di Maio e Salvini terem expressado apoio aos "coletes amarelos" ontem. No seu blog, Di Maio encorajou os "coletes amarelos" a não se renderem porque "uma nova Europa está nascendo".
"Tanto na França como na Itália, a política tem ficado surda para as exigências dos cidadãos, excluídos das decisões mais importantes que afetam o povo. O grito que ganha força nas ruas francesas é definitivamente "deixem-nos participar'", disse.
"Não se rendam. O M5S, quatro anos depois do seu nascimento, apesar dos insultos, entrou no Parlamento. E, menos de nove anos depois, agora estamos no governo e quem zombava de nós agora desapareceu do cenário político", comentou.
Embora tenha condenado os distúrbios ocorridos, disse que o M5S "está preparado para apoiar" os "coletes amarelos" e os ofereceu um acesso ao sistema de tomada de decisões utilizado pelo M5S na internet.
Salvini, tradicionalmente muito crítico em relação ao presidente francês, Emmanuel Macron, também se posicionou sobre os protestos na França.
"Apoio os cidadãos de bem que protestam contra um presidente que governa contra o seu povo, mas expresso uma absoluta, firme e total condenação a cada episódio de violência, que não é útil para ninguém", afirmou Salvini.