São Paulo – A esperada abertura da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém deveria representar o fim de uma guerra. No entanto, ao invés de observar a paz entre Israel e a Palestina, o mundo testemunhou soldados israelenses atirando contra manifestantes, matando dezenas e ferindo centenas na Faixa de Gaza, constatou o jornal americano The New York Times em editorial publicado nesta segunda-feira.
No último dia 14 de maio, o presidente americano, Donald Trump, oficializou a abertura da embaixada americana na cidade, que é disputada tanto pelos israelenses quanto pelos palestinos. A data escolhida marcou o aniversário de 70 anos da fundação do Estado de Israel e foi um dia antes do evento que os palestinos chamam de “Nakba” (a “catástrofe”), o êxodo causado por essa criação.
Para a publicação, que intitulou a peça opinativa do conselho editorial como “O fracasso de Trump em Jerusalém” e chamou a cerimônia de "vergonhosa", a decisão tomada pelo presidente de mudar a embaixada foi um presente livre de condição ao governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e um golpe nos palestinos, que lutam há anos pelo reconhecimento do seu Estado.
“Por décadas, os EUA se orgulharam de ser o mediador entre Israel e Palestina”, continuou o artigo, “e sucessivas administrações apostaram em uma fórmula de paz entre as duas partes que tratasse das questões fundamentais”. Tal fórmula, lembrou o NYT, culminaria numa Jerusalém vista como uma capital dividida entre israelenses e palestinos.
“O anúncio de Trump de que reconheceria Jerusalém como capital de Israel e a mudança da embaixada de Tel Aviv jogaram fora 70 anos de neutralidade americana”, considerou o jornal.
Enquanto a cerimônia de abertura acontecia, sem a presença de Trump, protestos convocados por movimentos palestinos eclodiram em Gaza e a violência explodiu entre manifestantes e soldados israelenses. Como resultado ao menos 60 pessoas morreram e quase três mil ficaram feridas. A expectativa é a de que as demonstrações continuem nesta semana.
“Israel tem todo o direito de defender a sua fronteira”, notou o NYT, “mas as autoridades não são convincentes quando argumentam que apenas munição real é capaz de proteger Israel”.
Do outro lado, a publicação avalia que a Palestina foi por muito tempo comandada por figuras “corruptas ou violentas, ou os dois” que falharam em se esforçar pela paz. “Mesmo agora”, disse o NYT, “moradores de Gaza estão minando a própria causa ao recorrer a atos de violência em vez de manter os protestos pacíficos”.
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1. Protestos na Faixa de Gaza, contra a mudança da embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém
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1/15 Protestos na Faixa de Gaza, contra a mudança da embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
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2/15 Protestos na Faixa de Gaza, contra a mudança da embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
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3/15 Protestos na Faixa de Gaza, contra a mudança da embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
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10. EUA mudam sua embaixada em Israel para Jerusalém
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10/15 EUA mudam sua embaixada em Israel para Jerusalém (Ronen Zvulun/Reuters)
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11/15 Protestos na Faixa de Gaza, contra a mudança da embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
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