Mundo

Após brutalidade do furacão Dorian, Bahamas enfrenta crise de desabrigados

O furacão Dorian deixou pelo menos 45 mortos nas Bahamas e muitas pessoas ainda estão desaparecidas, diz balanço policial

Bahamas: após a passagem do furacão Dorian, o governo estuda criar abrigos com barracas e contêineres (Loren Elliott/Reuters)

Bahamas: após a passagem do furacão Dorian, o governo estuda criar abrigos com barracas e contêineres (Loren Elliott/Reuters)

A

AFP

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 11h24.

A família Baptiste desembarcam da balsa que os retirou de Marsh Harbour, cidade das Bahamas que foi devastada pelo furacão Dorian. "Muitos mortos, muitos", afirma Marie Claude Baptiste ao chegar à capital, Nassau, com lágrimas nos olhos e um celular que acaba de receber como seu único bem material.

A recordação do horror a impede de pensar nos próximos passos. "Muitos mortos", repete a mulher de 46 anos.

Ela não consegue imaginar para onde seguirá com os seis adultos e três crianças que a acompanham. Flórida, especula. Canadá é outra possibilidade.

No momento ela aguarda no porto de Nassau por um ônibus que transportará a família para um abrigo.

O marido de Marie Claude, Fedner Baptiste, 44 anos, tenta explicar: "Não tenho nada. Nada de nada. Tudo desapareceu. Carro, casa, cachorro. Foram embora".

Ele mostra a roupa do corpo e resume: "Isto é tudo".

Normalmente, os furacões atingem e deixam o país em questão de hora. Dorian, no entanto, permaneceu por quase três dias, até terça-feira passada, sobre o norte do arquipélago das Bahamas. Destruiu as ilhas Grande Bahama e Ábaco e quase 70.000 pessoas perderam suas casas.

Até o momento as autoridades anunciaram um balanço de 45 mortos, mas o número deve aumentar com o avanço dos trabalhos de recuperação.

"Todos choram. Os bebês choram, as mulheres choram, os homens choram", conta Marie Claude.

Agora que está claro que as ilhas deverão ser reconstruídas a partir do zero, um trabalho de muitos anos, começa a ficar evidente o próximo problema: dezenas de milhares de desabrigados deixados pelo furacão.

Eles chegam a conta-gotas a Nassau, por ar e pelo mar. A balsa que transportou a família Baptiste faz duas viagens por dia, com entre 100 e 200 pessoas a cada vez. No porto são recebidos pela companhia telefônica com celulares gratuitos.

O primeiro-ministro Hubert Minnis afirmou na sexta-feira que a capital não poderia receber "da noite para o dia" toda a população da ilha Ábaco. O governo vai criar abrigos na própria zona de impacto.

A Agência de Administração de Emergências das Bahamas (NEMA) informou em um comunicado que 2.500 pessoas abandonaram as ilhas desde a passagem do furacão, a maioria de Ábaco.

No momento 370 pessoas estão no abrigo instalado no Ginásio Kendal Isaacs, que receberá mais 300 nesta segunda-feira. Outros três abrigos de Nassau já estavam no máximo de sua capacidade no domingo, de acordo com a NEMA.

O governo também estuda a possibilidade de criar abrigos com barracas e contêineres.

As autoridades pediram aos moradores de Nassau - que não sofreram o impacto do furacão - que hospedem os desabrigados de suas famílias.

Abria Hield, funcionária do ministério das Relações Exteriores, atendeu o pedido e aguardava no domingo à noite a chegada de um primo de Marsh Harbour. Ela mora sozinha em um apartamento de dois quartos e agora dá abrigo a 10 parentes.

"Sou a única pessoa que eles têm em Nassau", explica à AFP a jovem de 24 anos. "Não têm para onde ir. Vai ser duro, mas é minha família. Estão muito traumatizados. Minha avó chora o dia todo".

Os senadores pelo estado da Flórida - o mais próximo às Bahamas - pediram ao presidente Donald Trump que conceda status de proteção temporária (TPS) aos baamenses. Países como Haiti, El Salvador e Honduras se beneficiam há anos da medida, mas Trump está fazendo esforços para eliminar a possibilidade.

Acompanhe tudo sobre:BahamasDesastres naturaisFuracõesMortes

Mais de Mundo

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos

Israel mata membros do alto escalão do braço armado do Hamas na Cidade de Gaza

Lavrov diz que os EUA devem dar “primeiro passo” para restaurar o diálogo com a Rússia