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Após aprovação parlamentar, início do Brexit segue incerto

Primeira-ministra Theresa May enfrentou tentativas no Parlamento de acrescentar condições à legislação que lhe dá o direito de iniciar a separação

Theresa May: premiê está habilitada a iniciar o que podem ser as negociações mais complexas do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial (Stefan Wermuth/Reuters)

Theresa May: premiê está habilitada a iniciar o que podem ser as negociações mais complexas do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial (Stefan Wermuth/Reuters)

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Reuters

Publicado em 14 de março de 2017 às 09h05.

Londres - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, conquistou o direito de desencadear o processo de desfiliação do país da União Europeia, o chamado Brexit, e iniciar dois anos de conversas que irão moldar o futuro do Reino Unido e da Europa.

May, que assumiu como premiê pouco depois de seu país decidir romper com a UE em um referendo de junho passado, enfrentou tentativas no Parlamento de acrescentar condições à legislação que lhe dá o direito de iniciar a separação.

As duas Casas do Parlamento aprovaram o chamado projeto de lei do Brexit, e depois que receber a aprovação simbólica da rainha Elizabeth, o que pode acontecer no início desta terça-feira, May está habilitada a iniciar o que podem ser as negociações mais complexas do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial.

Mas além de dizer que irá lançar o processo formal até o final deste mês, a premiê ainda tem que explicar quando exatamente o fará, pondo fim a nove meses de especulações sobre como seu governo irá trilhar o caminho desconhecido de rompimento com a UE.

"Estamos agora no limiar da negociação mais importante para o nosso país em uma geração", disse o ministro do Brexit, David Davis, em um comunicado depois de o parlamento aprovar a legislação na segunda-feira.

"Temos um plano para construir um Reino Unido Global, e aproveitar seu novo lugar no mundo forjando novos laços comerciais".

A data em que May irá acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa da UE e iniciar a separação vem eclipsando novas complicações para as conversas: a exigência escocesa de um novo referendo de independência e um pedido do maior partido da Irlanda do Norte para realizar uma votação sobre a separação do Reino Unido.

O porta-voz de May minimizou o que chamou de "especulação" midiática segundo a qual a premiê irá começar as tratativas nesta terça-feira, e ao invés disso emitiu o sinal mais claro até agora de que isso irá ocorrer até o final de março: "Eu disse 'fim' muitas vezes, mas parece que não coloquei letras maiúsculas com ênfase suficiente".

Seja quando for que May decidir encetar as conversas, seu governo terá que pesar exigências conflitantes durante os dois anos de negociações proporcionados pelo Artigo 50, que prevê um acordo sobre os termos da desfiliação ao mesmo tempo em que "leva em conta o arcabouço para sua relação futura com a União".

May revelou pouco sobre sua estratégia, mas tem uma lista de desejos grande – obter um acordo de livre comércio, manter a cooperação de segurança, recuperar o controle sobre a imigração e restaurar a soberania sobre as leis britânicas.

O bloco vem refutando suas demandas com o argumento de que elas equivalem a "querer a cereja do bolo". O gabinete de May admitiu que se trata de um primeiro movimento ousado, e também está se preparando para a possibilidade de sair do bloco sem um acordo.

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