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Após 53 mortes em protestos, Nicarágua dá passo em direção ao diálogo

ÀS SETE - A dura repressão por parte do governo em manifestações contra a reforma da Previdência causou revolta na população

NICARÁGUA: manifestantes protestam contra o presidente Daniel Ortega (Oswaldo Rivas/Reuters)

NICARÁGUA: manifestantes protestam contra o presidente Daniel Ortega (Oswaldo Rivas/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 16 de maio de 2018 às 06h40.

Última atualização em 16 de maio de 2018 às 09h09.

Depois de quase um mês de protestos que tomaram várias cidades da Nicarágua contra o governo de Daniel Ortega, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) chega ao país nesta quarta-feira para iniciar um diálogo nacional com o objetivo de pôr um fim aos conflitos.

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As tensões começaram no dia 18 de abril, quando estudantes se organizaram em manifestações contra uma reforma da Seguridade Social, o equivalente à Previdência Social no Brasil. A dura repressão por parte do governo causou revolta na população e mais manifestações começaram a aparecer em diversas cidades do país contra as medidas repressivas de Ortega. Organizações não governamentais estimam que pelo menos 53 pessoas já tenham morrido até agora -algumas estimativas falam em 65 mortos. O empresariado calcula mais de 100 milhões de dólares de perdas geradas pelo conflito.

Os manifestantes pedem uma renúncia imediata de Ortega que, tendo sido reeleito em 2016 para o terceiro mandato consecutivo, acumula 11 anos no poder. Mas há setores que buscam uma saída menos traumática para a crise com o adiantamento das eleições e a garantia de que nem Ortega nem sua esposa, vice-presidente e porta-voz, Rosario Murillo, participem do processo eleitoral. Segundo reportagem do jornal El País, o consenso na Nicarágua é que qualquer solução do conflito passa pela saída de Ortega da presidência antes do término oficial de seu mandato, em 2021.

Na última sexta-feira, em um comunicado conjunto, empresários, estudantes e representantes de organizações civis afirmaram estarem prontos para participar de um “diálogo nacional. Horas depois, a Conferência Episcopal do país fez um pronunciamento exigindo quatro condições para o início das conversas, entre elas, a entrada da CIDH para investigar os ocorridos em abril –única que viria a ser atendida pelo governo.

Na noite de sexta, Rosario Murillo foi à televisão pública ler uma carta de Ortega (que não aparece em público desde o dia 30 de abril), na qual o presidente concordava com as propostas da Igreja. Além da entrada da CIDH, os bispos pedem o fim da repressão contra protestos civis pacíficos, a dissolução dos grupos paramilitares e o fim do uso da Polícia Nacional em ações repressivas. No sábado, no entanto, forças do presidente atacaram uma cidade a 35 quilômetros da capital, Manágua, deixando um morto e dezenas de feridos. Na madrugada de segunda-feira, outro enfrentamento em uma zona produtiva deixou vários feridos.

Diante de tantas tensões, uma conversa nacional parece difícil. A própria Igreja afirmou que as “circunstâncias para o diálogo não são as mais idôneas”, mas que é preciso abrir o caminho para uma democratização do país. A Ortega, restam poucas opções. A reunião de hoje deve mostrar se ele está disposto a deixar o comando do país de forma pacífica.

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