Kofi Annan e Vladimir Putin: "Eu não vejo por que não podemos chegar a um acordo no Conselho de Segurança. Estamos prontos para isso", disse o chanceler russo (©AFP / Kirill Kudryavtsev)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2012 às 15h38.
Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta terça-feira em Moscou o seu apoio ao emissário internacional da ONU para a Síria, Kofi Annan, que considerou "inaceitável" a situação neste país, onde, segundo ele, a crise chegou a "um ponto crítico".
"Desde o início, desde as primeiras medidas, apoiamos e continuaremos a apoiar seus esforços para restabelecer a paz civil" no território sírio, insistiu Putin, enquanto os rebeldes afirmavam que a "batalha pela libertação" de Damasco começou.
A este respeito, deve ser possível chegar a um consenso sobre uma resolução sobre a Síria, declarou, logo em seguida, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
"Eu não vejo por que não podemos chegar a um acordo no Conselho de Segurança. Estamos prontos para isso", disse o chanceler russo em uma coletiva de imprensa.
"Espero que o Conselho envie a mensagem de que a matança deve parar e que a situação no terreno é inaceitável", insistiu depois Kofi Annan aos jornalistas.
"A crise síria chegou a um ponto crítico, estou feliz por ter a oportunidade de falar sobre isso", disse o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, cujo plano de paz continua a ser bloqueado pela Rússia, que se opõe a qualquer forma de sanção ou de interferência no país árabe, apesar da intensificação dos combates e dos massacres.
O encontro entre Vladimir Putin e Kofi Annan foi realizado na véspera da apresentação no Conselho de Segurança da ONU de um projeto de resolução dos ocidentais com novas ameaças de sanções contra o regime sírio.
A Rússia, que já bloqueou duas resoluções desde o início do conflito, em março de 2011, novamente se juntou à China para impedir qualquer condenação das autoridades em Damasco, incluindo pelo massacre de Treimsa.
Kofi Annan reuniu-se na segunda-feira com Sergei Lavrov. Na ocasião, o lado russo "procurou incentivar (o enviado) a trabalhar ativamente com a oposição e com os atores externos", enquanto acusava as potências ocidentais e regionais de terem prejudicado qualquer possibilidade de diálogo com o governo sírio.
No mesmo dia, Lavrov expôs em termos virulentos a posição da Rússia, acusando o Ocidente de fazer chantagem para forçar a Rússia a aceitar uma resolução que prevê sanções, e até o uso da força, contra o governo de Bashar al-Assad.
Como observado no jornal oficial Rossiyskaya Gazeta, Moscou quer que qualquer resolução sobre o conflito "coloque a culpa pelo derramamento de sangue igualmente no regime de Damasco e nos opositores".
O presidente russo considera que "os líderes têm o direito de manter o poder por todos os meios possíveis, independentemente do pensamento da comunidade internacional", acrescenta o jornal muito crítico do Kremlin.