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Anistia internacional alerta para aumento da homofobia

A Anistia Internacional divulgou hoje estudo no qual mostra que houve aumento da homofobia em uma série de países nos últimos anos

Manifestação a favor do casamento gay, em Salt Lake City (George Frey/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2014 às 12h13.

São Paulo - A Anistia Internacional divulgou hoje estudo no qual mostra que houve aumento da homofobia em uma série de países nos últimos anos.

A publicação analisa a ocorrência de casos intolerância em vários países e destaca que "os governos de todo o mundo precisam intensificar e cumprir sua responsabilidade de permitir que as pessoas se expressem, protegidos da violência homofóbica".

Hoje (17) é o Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia.

De acordo com o assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Maurício Santoro, "um desses países é a Rússia, onde a homossexualidade é legal, foi permitida em 1993, quando houve a transição da União Soviética para a Rússia.

Mas, desde então, foram aprovadas uma série de leis na Rússia que restringem muito a liberdade de expressão e a liberdade de associação dos grupos lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).

As paradas de orgulho foram proibidas, essas pessoas sofrem agressões nas ruas e não conseguem registrar queixas na polícia", diz Santoro.

A situação dos países africanos também tem chamado a atenção da organização. "A África hoje é o continente com o maior número de leis homofóbicas, para diversos países da região.

O caso de Uganda é particularmente chocante porque o país aprovou, há algumas semanas, uma lei muito dura, que criminaliza totalmente a homossexualidade e que prevê inclusive a pena de morte para as pessoas que forem presas pelo chamado crime de homossexualidade agravada, seja lá o que isso signifique", critica o assessor.

São Paulo - Em seu levantamento anual, oGrupo Gay da Bahia (GGB) contabilizou maisde 312 homicídios de gays , travestis e lésbicas no Brasil em 2013. Ou seja, uma morte a cada 28 horas. O número, apesar de ruim, representa uma queda de 7,7% em relação ao ano anterior.
A maior parte das mortes (43%) aconteceu no Nordeste,onde vivem menos de 30% da população nacional, e é chamado pela ONG de “região mais homofóbica do Brasil”.
O levantamento levou em consideração notícias divulgadas na imprensa e dados enviados por organizações não-governamentais. Segundo a GGB, todos os crimes considerados tiveram como pano de fundo a homofobia.
Dez suicídios foram contabilizados por terem ocorrido, também de acordo com a ONG , pelo fato dos envolvidos não aguentarem a pressão social.
O estado que registrou mais assassinatos é Pernambuco , com 34 mortes.Considerando o tamanho da população, Roraima aparece como o estado mais perigoso para os homossexuais, com 6,15 mortes para um milhão de habitantes.
Entre as capitais, Manaus lidera na violência, com 12 casos.
Confira os estados que representaram, proporcionalmente, mais perigo para os gays no ano passado, de acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia.
  • 2. 1º Roraima - 6,15 mortes por milhão/hab

    2 /26(Tiago Orihuela/ Prefeitura Boa Vista/Divulgação)

  • Veja também

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 6,15* Mortes em Boa Vista: 2 Total de mortes no estado (2013): 3 * Estatisticamente, deve-se levar em consideração que, como a população do estado é pequena, três mortes já acarretam em índice extremamente elevado. É preciso lembrar também que a redução de apenas uma morte entre um ano e outro já alteraria significativamente esta taxa
  • 3. 2º Mato Grosso - 4,71 mortes por milhão/hab

    3 /26(Divulgação/ Embratur)

  • Taxa (mortes por milhão de habitantes): 4,71 Mortes em Cuiabá: 10 Total de mortes no estado (2013): 15
  • 4. 3º Rio Grande do Norte - 4,45 mortes por milhão/hab

    4 /26(REUTERS/Sergio Moraes)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 4,45 Mortes em Natal: 0 Total de mortes no estado (2013): 15
  • 5. 4º Paraíba - 4,34 mortes por milhão/hab

    5 /26(Divulgação / Cacio Murilo)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 4,34 Mortes em João Pessoa: 11 Total de mortes no estado (2013): 17
  • 6. 5º Alagoas - 3,94 mortes por milhão/hab

    6 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 3,94 Mortes em Maceió: 4 Total de mortes no estado (2013): 13
  • 7. 6º Pernambuco - 3,69 mortes por milhão/hab

    7 /26(Leo Caldas/EXAME.com)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 3,69 Mortes em Recife: 12 Total de mortes no estado (2013): 34
  • 8. 7º Amazonas - 3,41 mortes por milhão/hab

    8 /26(DIVULGAÇÃO)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 3,41 Mortes em Manaus: 12 Total de mortes no estado (2013): 13
  • 9. 9º Rondônia - 2,89 mortes por milhão/hab

    9 /26(Reprodução/Wilson Dias/ABr/Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 2,89 Mortes em Porto Velho: 4 Total de mortes no estado (2013): 5
  • 10. 10º Sergipe - 2,73 mortes por milhão/hab

    10 /26(Flickr/Creative Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 2,73 Mortes em Aracaju: 4 Total de mortes no estado (2013): 6
  • 11. 11º Tocantins - 2,71 mortes por milhão/hab

    11 /26(Divulgação/Governo do Tocantins)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 2,71 Mortes em Palmas: 3 Total de mortes no estado (2013): 4
  • 12. 12º Mato Grosso do Sul - 1,93 morte por milhão/hab

    12 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,93 Mortes em Campo Grande: 1 Total de mortes no estado (2013): 5
  • 13. 13º Goiás - 1,55 morte por milhão/hab

    13 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,55 Mortes em Goiânia: 7 Total de mortes no estado (2013): 10
  • 14. 14º Distrito Federal - 1,43 mortes por milhão/hab

    14 /26(REUTERS/Ueslei Marcelino)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,43 Total de mortes no DF (2013): 4
  • 15. 15º Amapá - 1,36 morte por milhão/hab

    15 /26(Antonio Milena/Veja)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,36 Mortes em Macapá: 1 Total de mortes no estado (2013): 1
  • 16. 15º Paraná - 1,36 morte por milhão/hab

    16 /26(Francisco Anzola/Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,36 Mortes em Curitiba: 9 Total de mortes no estado (2013): 15
  • 17. 17º Bahia - 1,33 morte por milhão/hab

    17 /26(Divulgação)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,33 Mortes em Salvador: 9 Total de mortes no estado (2013): 20
  • 18. 20º Minas Gerais - 1,21 morte por milhão/hab

    18 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,21 Mortes em Belo Horizonte: 8 Total de mortes no estado (2013): 25
  • 19. 21º Santa Catarina - 1,21 morte por milhão/hab

    19 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,21 Mortes em Florianópolis: 0 Total de mortes no estado (2013): 8
  • 20. 22º Rio Grande do Sul - 1,16 morte por milhão/hab

    20 /26(Camila Domingues/Palácio Piratini)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,16 Mortes em Porto Alegre: 2 Total de mortes no estado (2013): 13
  • 21. 23º Maranhão - 1,03 morte por milhão/hab

    21 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,03 Mortes em São Luís: 3 Total de mortes no estado (2013): 7
  • 22. 24º São Paulo - 0,66 morte por milhão/hab

    22 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 0,66 Mortes na cidade de SP: 5 Total de mortes no estado (2013): 29
  • 23. 25º Pará - 0,63 morte por milhão/hab

    23 /26(Cayambe/Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 0,63 Mortes em Belém: 1 Total de mortes no estado (2013): 5
  • 24. 26º Espírito Santo - 0,52 morte por milhão/hab

    24 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 0,52 Mortes em Vitória: 0 Total de mortes no estado (2013): 2
  • 25. 27º Acre - sem mortes

    25 /26(Wikimedia Commons)

    Não foram registradas mortes de homossexuais cuja causa tenha sido homofobia, segundo o Grupo Gay da Bahia
  • 26. Agora, veja as cidades do Brasil que estão entre as mais violentas do planeta (independente de orientação sexual)

    26 /26(Spencer Platt/Getty Images)

  • No Brasil, apesar das agressões e da violência que a população LGBT é vítima, chegando a 300 assassinatos por ano, segundo a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Santoro afirma que a legislação melhorou nos últimos anos.

    "A gente teve a decisão do Supremo legalizando o casamento de pessoas do mesmo sexo, que é uma decisão muito importante, pois coloca o Brasil numa vanguarda de países que adotaram esse tipo de lei.

    Tivemos várias decisões de tribunais superiores concedendo benefícios de saúde e de previdência para parceiros em relacionamentos homossexuais, antes mesmo do casamento ser aprovado", afirma.

    Para melhorar o cenário, a Anistia Internacional propõe leis mais duras para combater a homofobia no Brasil, além da discussão e melhor aceitação do tema dentro das escolas e pelas forças de segurança.

    No âmbito internacional, a campanha da entidade estimula que as pessoas assinem petições e enviem cartas para os governantes, para "colocar pressão internacional sobre cada governo", diz Santoro.

    Como parte das comemorações que marcam o Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia, a sede da Anistia Internacional no Rio recebe, neste sábado, o projeto Eu Te Desafio a Me Amar, lançado em Brasília, na última quarta-feira (14).

    A mostra, que também passou pelo Complexo de Favelas da Maré, no Rio, apresenta filme e exposição fotográfica da artista Diana Blok, que registrou artistas, militantes e personalidades políticas LGBT.

    Ela utiliza as artes visuais para tratar da liberdade e do respeito às escolhas pessoais em torno de questões de gênero, cor, identidade e credo.

    Acompanhe tudo sobre:Direitos civisDireitos HumanosGaysLGBTPreconceitos

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