Angola investiga tumulto que matou 17 em estádio de futebol
Tumulto aconteceu na entrada do estádio de Uíge, no noroeste do país, no primeiro dia do campeonato nacional de futebol
AFP
Publicado em 11 de fevereiro de 2017 às 11h58.
As autoridades angolanas anunciaram a abertura de uma investigação após um tumulto que deixou pelo menos 17 mortos, incluindo várias crianças, na sexta-feira (10), na entrada do estádio de Uíge, no noroeste do país, por ocasião do primeiro dia do campeonato nacional de futebol.
A comissão de inquérito irá determinar as causas do incidente, anunciou neste sábado (11) a agência de notícias nacional Angop.
Outra comissão será criada para apoiar as famílias das vítimas e ajudar a organizar os funerais.
Sexta-feira à noite, o tumulto na entrada do estádio Quatro de Janeiro, em Uíge, deixou pelo menos 17 mortos e 56 feridos, segundo informou a polícia.
"Várias crianças morreram", declarou à AFP o porta-voz da polícia, Orlando Bernardo.
A tragédia ocorreu na entrada do estádio onde o clube Santa Rita recebia o Recreativo do Libolo, na abertura do campeonato angolano.
"Durante a partida, quando as duas equipes já estavam em campo, torcedores tentaram entrar no estádio para assistir ao jogo. O portão cedeu com a pressão e 17 pessoas morreram no tumulto", afirma um comunicado do clube visitante.
De acordo com Sergio Traguil, treinador da equipe anfitriã, entrevistado pelo jornal português "Diário de Notícias", "nenhuma pessoa dentro do estádio percebeu o que estava acontecendo lá fora".
As imagens transmitidas pela televisão pública de Angola parecem confirmar estas afirmações.
Vemos o jogo se desenrolar normalmente em um estágio rústico, desprovido de qualquer arquibancada, onde os espectadores presentes assistem ao jogo na beira do campo, ou amontoados atrás do gol no gramado de uma pequena colina.
O jogo não foi interrompido e terminou com a vitória do Recreativo por 1 a 0.
"Falta grave"
O presidente do Santa Rita, Pedro Nzolonzi, imediatamente acusou a polícia de ser o responsável pela tragédia.
"Muitos não queriam pagar e aqueles que não tinham bilhetes não conseguiram entrar. E aí começou a confusão. É muito triste", declarou à agência portuguesa Lusa.
"Tudo é culpa da polícia. Teria sido fácil evitar ampliando o cordão de segurança", considerou, denunciando uma "falta grave".
A história do futebol é marcada por diversos episódios de tumultos que terminaram em tragédias.
Em 2009, 19 pessoas morreram na capital econômica da Costa do Marfim, Abidjan, depois de um tumulto em um jogo de qualificação para a Copa do Mundo 2010 entre Costa do Marfim e Malauí.
Em 2001, uma debandada também matou 127 torcedores em Accra, capital de Gana.
Em maio de 1964, 320 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas em um tumulto no estádio de Lima, durante uma partida entre Peru e Argentina. Os torcedores que não conseguiram escapar foram pisoteadas ou asfixiados.
Nos anos 80, a Europa não foi poupada de tais tragédias, particularmente a Grã-Bretanha. Em 1985, um incêndio no estádio Valley Parade matou 56 pessoas, enquanto quatro anos mais tarde, 96 pessoas morreram em Hillsborough.
A maior tragédia continua sendo a de Heysel, onde, em 29 de maio de 1985, por ocasião da final da Taça da Europa entre Liverpool e Juventus, 39 pessoas morreram e 458 ficaram feridas em um terrível tumulto causado por hooligans ingleses.