Angela Merkel: o governo Merkel III quer "colocar pessoas no centro de suas ações", declarou a chefe de Governo (Laurent Dubrule/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 10h55.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, apresentou nesta quarta-feira os projetos de seu governo, marcados por uma preocupação com a justiça social e defendendo melhorias no sistema previdenciário, muito criticado pela comunidade empresarial, e a introdução de um salário mínimo.
Em um discurso de uma hora, a chanceler evocou todas as áreas que deverão receber a atenção de seu governo, formado por uma coalizão ente seu partido conservador e os sociais-democratas, neste terceiro mandato.
O governo Merkel III quer "colocar as pessoas no centro de suas ações", declarou a chefe de Governo, listando seus projetos: reforma previdenciária, salário mínimo, dupla nacionalidade e revisão da transição energética.
Sentada, devido a uma lesão na pélvis após uma queda de esquis durante as férias de fim de ano, Merkel fez referência à " economia social de mercado", importante para os alemães, que combina liberdade empresarial e um Estado de bem-estar social forte.
O Conselho Ministerial aprovou na quinta-feira uma reforma que reduz a idade da aposentadoria para 63 anos, para aqueles que contribuíram por 45 anos.
Desta forma, Merkel retoma, sob a pressão dos sociais-democratas, uma grande reforma iniciada em seu primeiro governo (2005-2009).
Em 2007, foi uma "grande coalizão" liderada pela chanceler que decidiu aumentar a idade de aposentadoria para 67 anos.
As donas de casa não receberão mais aposentadoria, um assunto caro aos conservadores . Ao todo, a reforma custará 60 bilhões de euros até 2025 , uma despesa justificada pela chanceler por uma preocupação "humanitária"
"A humanidade de uma sociedade se reflete em seu tratamento aos mais fracos, velhos e doentes", disse Merkel
A reforma da previdência tem sido, contudo, muito criticada na Alemanha por parte da mídia e da comunidade empresarial. Ela "cria um desequilíbrio em detrimento das gerações mais jovens", considerou o presidente da federação dos empregadores BDA, Ingo Kramer.
A "coalizão tem se dedicado aos mais velhos, porque os eleitores estão ficando cada vez mais velhos", criticou o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung .
Até mesmo o predecessor de Merkel, o ex-chanceler Gerhard Schröder, denunciou uma reforma que envia "um mau sinal" aos parceiros europeus, a quem a Alemanha tem cobrado ajustes estruturais desde o início da crise.
Regularização do mercado de trabalho
"Cada um deve fazer o que tem de fazer", reiterou a chanceler, ressaltando mais uma vez que só as reformas estruturais podem "fazer com que a Europa saia da crise mais forte" e permitir uma Europa "mais justa".
A chefe de Governo reafirmou a intenção do governo de introduzir a partir de 2015 um salário mínimo de 8,50 euros brutos por hora, porque "nenhuma pessoa com um coração pode rejeitar a ideia de um salário mínimo".
As reformas do mercado de trabalho introduzidas por Schröder a partir de 2005, um fator essencial para o sucesso econômico do país hoje, levaram a "abusos" que seu governo quer corrigir, disse ela, evocando, por exemplo, as regras mais rigorosas sobre o trabalho temporário.
Após Merkel, todos os ministros devem falar aos membros do Parlamento até sexta-feira , durante três sessões de debates políticos.