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Analistas acreditam que os EUA seguirão com Primavera Árabe

Cientistas políticos acreditam que o país deve continuar apoiando a democratização nos países árabes, apesar da morte de seu embaixador na Líbia

Manifestantes egípcios protestam no Cairo: analista avalia que "a maioria dos líbios sente nojo e vergonha" após o ataque de Benghazi
 (Khaled Desouki/AFP)

Manifestantes egípcios protestam no Cairo: analista avalia que "a maioria dos líbios sente nojo e vergonha" após o ataque de Benghazi (Khaled Desouki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 13h13.

Washington - Apesar da morte de seu embaixador na Líbia, os Estados Unidos devem continuar a apoiar a democratização dos países da Primavera Árabe contra as ameaças extremistas, acreditam os analistas políticos.

Um dos principais atores da operação da Otan que conduziu à derrubada e morte do coronel Kadhafi em outubro de 2011, Washington assegurou na quarta-feira que o ataque ao consulado em Benghazi "não romperá os laços de amizade com a Líbia".

De fato, para Brian Katulis, pesquisador sobre o Oriente Médio em Washington, "é essencial permanecer engajado na Líbia e em países em transição, como a Tunísia e o Iêmen".

"Ir embora dizendo 'por que gastar tanto tempo e dinheiro em um país como esse' é escutar precisamente os maus instintos", adverte.

A Líbia, que tenta se reerguer de uma violenta guerra, progrediu muito nos últimos meses, considera Tom Malinowski, diretor em Washington da organização Human Rights Watch, elogiando as primeiras eleições livres realizadas no país em julho, após 40 anos.

A seu ver, "a maioria dos líbios sente nojo e vergonha", após o ataque de Benghazi, que o departamento de Estado atribuiu à "extremistas líbios". As autoridades também suspeitam da participação da Al-Qaeda.

Malinowski admite que o calcanhar de Aquiles da revolução líbia sempre foi as milícias armadas extremistas, contra quem Tripoli não foi suficientemente firme". "Reprimir esses grupos islamitas não será fácil para os líbios", reconhece o especialista. "Mas é essencial para salvar a revolução e preservar sua relação com os Estados Unidos".

Em seu relatório 2011 sobre os Direitos Humanos no mundo, o departamento de Estado considerou que as revoltas populares da Primavera Árabe, iniciada em dezembro de 2010 pela Tunísia, e que se estendeu para o Egito, Líbia, Síria e Iêmen, eram "uma fonte de inspiração para o resto do planeta".


"Pela primeira vez em cerca de 70 anos, assistimos manifestações massivas em todo o mundo árabe exigindo ligações mais estreitas com o Ocidente e o resto do mundo", afirma Ed Hussain, especialista em Oriente Médio do centro de pesquisas Council on Foreign Relations de Washington.

"Ele vê um resultado positivo da Primavera Árabe, um processo histórico ainda em movimento e que não terminou". Husain também concorda que a Primavera Árabe produziu "muitos resultados negativos", relacionados aos "direitos das mulheres, à liberdade religiosa e o aumento das organizações radicais islamitas".

O relatório do departamento de Estado sobre os direitos Humanos lembra que "será necessário tempo para a criação de partidos políticos, uma sociedade civil sólida e um clima propício para a liberdade de expressão".

Ainda assim, a vontade de Washington de apoiar a democratização dos países árabes tropeça, de acordo com especialistas, no conflito na Síria. Após 18 meses de revolta e conflito armado, o presidente Obama, que luta por uma reeleição em novembro, descartou qualquer ajuda militar direta à oposição contra o regime do presidente Bashar al-Assad.

"Se retirar nosso apoio a estas pessoas, os bandidos vão ganhar, os islamitas e terroristas vão ganhar", declarou ao canal Fox News, o senador republicano John McCain, comentando o ataque em Benghazi e enviando abertamente uma mensagem a Obama, seu adversário na eleição presidencial de 2008.

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