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Analfabetismo, problema de políticos e eleitores

Problema social atinge desde Tiririca, um candidato a deputado federal suspeito de não saber ler e escrever, até os mais de 10 milhões de eleitores brasileiros iletrados

Tiririca, candidato a deputado federal por São Paulo, é suspeito de não saber ler e escrever

Tiririca, candidato a deputado federal por São Paulo, é suspeito de não saber ler e escrever

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2010 às 18h01.

Rio de Janeiro - De um candidato a deputado federal suspeito de não saber ler e escrever até os mais de 10 milhões de eleitores brasileiros iletrados, o analfabetismo se transformou em um importante tema de discussão das eleições do próximo domingo.</p>

Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca, é um dos aspirantes mais polêmicos deste pleito, não só porque as pesquisas preveem que será o candidato a deputado mais votado no estado de São Paulo, com estimados 900 mil votos, mas também por ser, aparentemente, analfabeto.

A lei eleitoral proíbe que analfabetos se candidatem a cargos públicos e, por isso, vários políticos, alarmados com seu apoio popular, reivindicaram à Justiça que averigue se Tiririca, de 45 anos, realmente sabe ler e escrever e, consequentemente, se pode ser candidato ou não.

O próprio Tiririca, cujo lema para convencer o eleitorado é "Você sabe o que faz um deputado federal? Eu não sei, mas vote em mim que eu te conto", comentou em um canal de televisão que não sabia ler e escrever, mas não se sabe se isso é verdade ou apenas uma estratégia para ganhar a simpatia dos eleitores.

Esta não é a primeira vez que se põe em xeque o nível intelectual dos candidatos. Durante as eleições municipais de 2008, vários aspirantes ao cargo de vereador viram sua candidatura revogada após serem submetidos a uma prova básica na qual não puderam comprovar seu nível de alfabetização.


 Apesar dos grandes avanços econômicos e sociais do Brasil nos últimos anos, o analfabetismo continua sendo um problema nacional.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado havia no país 14,1 milhões de analfabetos, número que corresponde a 9,7% da população acima de 15 anos de idade.

No entanto, um estudo realizado pela Unesco nos países em desenvolvimento mais populosos do mundo revelou que, durante a última década, houve progressos nesse sentido, já que em 2000 os analfabetos representavam 14% da população adulta.

No Brasil, a maior parte desta população analfabeta se concentra nas regiões Norte e Nordeste, onde os índices de habitantes que não sabem ler e escrever costumam ser maiores do que a média nacional, alcançando, em algumas ocasiões, 20% do total.

Há também um alto número de analfabetos funcionais, aqueles que sabem escrever o nome e ler um texto básico, mas que não entendem o conteúdo.


A Lei Eleitoral estabelece que toda pessoa com idade entre 18 e 70 anos é obrigada a votar, exceto os analfabetos, que geralmente carecem do Título de Eleitor requerido para a votação.

Para evitar a fraude eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impôs, este ano, uma nova norma: os eleitores devem levar ao local de votação, além do Título de Eleitor, um documento com foto.

A nova medida causou preocupação e o PT, intrigado com a possibilidade de que muitos de seus eleitores de baixa escolaridade não possam votar por não saberem da nova regra, alegou inconstitucionalidade em um processo apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto a oposição acusa o partido do Governo de tentar mudar as regras do jogo.

Os candidatos a presidente falaram em suas campanhas da necessidade de melhorar a educação no país, mas a única que pôs ênfase no problema do analfabetismo foi Marina Silva, do PV, que sofreu o problema.

Nascida em uma família humilde em Breu Velho, uma remota cidade do estado do Acre na fronteira com Peru e Bolívia, Marina só aprendeu a ler e escrever aos 16 anos de idade.

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