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América Latina e Europa reforçam aliança para enfrentar crise

Madri - A América Latina e a União Europeia (UE) proclamaram-se nesta terça-feira, em Madri, "sócios globais", em uma cúpula na qual reforçaram seus laços comerciais e sua unidade diante da crise, mas na qual também surgiram tensões entre as duas regiões e entre países latino-americanos. "Nessa cúpula, nos reconhecemos ainda mais como sócios globais", […]

Zapatero cumprimenta Lula antes da reunião em Madri (.)
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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2010 às 18h20.

Madri - A América Latina e a União Europeia (UE) proclamaram-se nesta terça-feira, em Madri, "sócios globais", em uma cúpula na qual reforçaram seus laços comerciais e sua unidade diante da crise, mas na qual também surgiram tensões entre as duas regiões e entre países latino-americanos.

"Nessa cúpula, nos reconhecemos ainda mais como sócios globais", disse o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, em seu discurso de fechamento no qual destacou como "decisão mais importante" do encontro a "reafirmação do compromisso de solidariedade" ao Haiti.

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Zapatero citou como outras conquistas desta VI Cúpula Birregional a aprovação do mecanismo de facilitação de investimentos na América Latina, que mobilizará "até 3 bilhões de euros para a infraestrutura necessária na região".

Durante o encontro, líderes da América Latina manifestaram a seus colegas europeus sua "preocupação" com as possíveis consequências da crise enfrentada pela Europa sobre as exportações latino-americanas ao Velho Continente, informaram fontes do governo espanhol.

A reunião de Madri levantou também uma questão polêmica: o acordo entre Irã, Turquia e Brasil para que Teerã troque em território turco parte de seu urânio levemente enriquecido por combustível nuclear, para o qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva somou importantes apoios.

A presidente argentina, Cristina Kirchner, que co-presidiu a cúpula com Zapatero, citou "o multilateralismo como método adequado para resolver todos os problemas", e se referiu à necessidade de reformar os órgãos internacionais que datam do pós-guerra, como a ONU.

Kirchner voltou a invocar o multilateralismo na coletiva de imprensa final para criticar a decisão "equivocada" da Grã-Bretanha de rejeitar qualquer negociação sobre a soberania das Ilhas Malvinas, pelas quais os dois países entraram em guerra em 1982.


A Grã-Bretanha descartou essa negociação depois de Kirchner pedir, pela manhã, um diálogo sobre o tema. Essa atitude, disparou Kirchner, está ditada por um unilateralismo que "criou um mundo muito mais inseguro (...) e também muito mais incerto em matéria econômica e política".

Outras tensões afloraram entre os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Colômbia, Álvaro Uribe, pela decisão da Justiça equatoriana de investigar o bombardeio promovido pela Colômbia contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no país vizinho em março de 2008.

Correa apoiou essa investigação, que envolve o candidato à presidência colombiano Juan Manuel Santos que, por sua vez, recebeu apoio total de Uribe. O ataque matou o líder guerrilheiro Raúl Reyes. "Devemos lembrar que Raúl Reyes era um assassino, que estava matando e sequestrando cidadãos colombianos, em um acampamento terrorista", destacou Uribe.

A reunião de Madri já tinha tido outro motivo de discórdia, inclusive antes de seu início, que obrigou o presidente hondurenho, Porfirio Lobo, a desistir de participar, diante da ameaça de vários países sul-americanos de boicotar o evento por considerar que sua eleição foi organizada por um regime golpista.

Lobo participará, em troca, da cúpula entre UE e América Central, que ocorrerá na quarta-feira. A cúpula ocorre em um momento em que a América Latina registra uma taxa de crescimento invejável diante das anêmicas economias europeias. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB latino-americano crescerá 4% este ano, contra a previsão de 0,9% para a zona do euro.

Em uma mostra da vontade de obter avanços reais, a UE e a América Central anunciaram pouco antes da abertura da cúpula um acordo para um Tratado de Livre Comércio (TLC), depois de vários dias e noites de negociações.

Essa notícia soma-se à retomada, na segunda-feira, das discussões entre europeus e o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) com o mesmo objetivo, depois de mais de cinco anos de paralisia. Peru e Colômbia assinaram na quarta-feira com a UE seus respectivos acordos de livre comércio.

O Chile - que organizará a próxima cúpula em 2012 - e México eram os únicos países latino-americanos que até agora tinham TLC com os 27.


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