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Aliança de esquerda anuncia candidato para presidir a câmara baixa do Parlamento francês

Nome do comunista André Chassaigne, de 74 anos, foi anunciado pela Nova Frente Popular na véspera da votação; ainda não há consenso, porém, para o posto de primeiro-ministro

O comunista André Chassaigne foi escolhido como o único candidato da Nova Frente Popular para concorrer à presidência da Assembleia Nacional  (Alain JOCARD/AFP)

O comunista André Chassaigne foi escolhido como o único candidato da Nova Frente Popular para concorrer à presidência da Assembleia Nacional (Alain JOCARD/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 17 de julho de 2024 às 16h50.

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A Nova Frente Popular (NFP), aliança de esquerda francesa que ganhou as eleições legislativas antecipadas, concordou nesta quarta-feira com um candidato comum para presidir a Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento. O nome do comunista André Chassaigne, de 74 anos, foi anunciado pelos grupos da coalizão na véspera da votação.

Chassaigne era um dos cinco candidatos em disputa dentro do NFP, ao lado de Boris Vallaud (Partido Socialista), Cyrielle Chatelain (Ecologista), Mathilde Panot e Eric Coquerel (França Insubmissa). Agora, ele enfrentará a macronista Yaël Braun-Pivet, presidente cessante da câmara, e o centrista Charles de Courson, do grupo independente Liot.

Em declarações à imprensa junto de outros líderes dos grupos de esquerda, o deputado destacou a “legitimidade” da Nova Frente Popular para “presidir a Assembleia” após sua vitória no segundo turno das eleições legislativas de 7 de julho. Ao jornal La Montagne, ele afirmou que os debates para a escolha do candidato foram “muito respeitosos” e pontuou que cada candidato da aliança “tem seus pontos fortes”.

— Eu tenho uma boa experiência, acho que sou apreciado e respeitado, e na minha idade, não tenho ambições políticas. A questão política é extremamente forte em torno desse cargo, pois a Presidência determinará necessariamente quem é a maioria e quem é a oposição.

Governo fragmentado

O presidente da França, Emmanuel Macron, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou antecipadamente as legislativas após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias de 9 de junho. Embora a estratégia tenha funcionado, as eleições resultaram num Legislativo fragmentado, com três grupos (direita, esquerda e centro) com representações relevantes, mas sem um governo de maioria.

A NFP, a aliança de esquerda que inclui socialistas, comunistas, ecologistas e a esquerda radical da França Insubmissa, ficou em primeiro lugar com 193 deputados, à frente da aliança de centro-direita de Macron (164 cadeiras) e da extrema-direita (143).

Enquanto isso, as negociações para acordar um candidato único da NFP ao cargo de primeiro-ministro continuam estagnadas. Nesta terça-feira, Macron aceitou a renúncia do premier Gabriel Attal, embora tenha afirmado que ele permanecerá à frente do governo do país de maneira interina. A situação pode durar “algum tempo”, segundo o mandatário francês, provavelmente até o final dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam em 26 de julho e terminam em 11 de agosto.

Segundo comunicado emitido pelo gabinete de Macron, Attal e outros membros do governo estão “encarregados de lidar com assuntos correntes até que um novo governo seja nomeado”. Não há um prazo definido para o presidente nomear um novo primeiro-ministro. A nota do mandatário afirmou que, “para que esse período termine o mais rápido possível, cabe a todas as forças republicanas trabalharem juntas”.

A lógica institucional diz que o presidente da República deve nomear um primeiro-ministro do partido que venceu as eleições, mas nenhum grupo político hoje pode reivindicar a maioria absoluta. A aliança de esquerda NFP ganhou o maior número de assentos, mas ainda não está claro quem será o indicado – tampouco qual partido dentro do bloco será escolhido. A falta de um nome tem sido vista como um sinal potencial das divisões internas da coalizão ampla – e possivelmente frágil.

A França Insubmissa ganhou o maior número de assentos dentro do NFP, mas os aliados de Macron disseram que não trabalharão com o líder do partido, o populista Jean-Luc Mélenchon. Eles afirmam que o político é “extremo” e, portanto, inapto para governar. Ao mesmo tempo, a França Insubmissa também suspendeu as negociações com integrantes da coalizão nesta segunda-feira, acusando os Socialistas de “sabotarem” as candidaturas para substituir Attal.

Segundo publicado pela Associated Press, o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, disse nesta terça-feira que o bloco de esquerda precisa “pensar, conversar e retomar as discussões” se quiser atender “à expectativa do público” e cumprir sua promessa de que “está pronta para governar”. Ele reconheceu que as longas discussões e brigas públicas entre os líderes dos partidos da aliança não são bem-vistas.

Macron já anunciou que deseja esperar para ver como ficará estruturada a Assembleia Nacional para decidir quem nomeará como novo primeiro-ministro. Attal, por sua vez, já havia antecipado estar disposto a continuar “enquanto o dever exigir”. A nova legislatura começará nesta quinta, dia da eleição do novo presidente da Assembleia Nacional.

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