Olaf Scholz, chanceler da Alemanha (Michael Sohn/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de janeiro de 2022 às 13h24.
A recusa da Alemanha em se juntar a outros membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no fornecimento de armas à Ucrânia irritou alguns aliados e levantou dúvidas sobre a determinação de Berlim em enfrentar a Rússia.
A questão veio à tona no fim de semana, após relatos de que o governo alemão havia impedido Estônia de fornecer velhos obuses a Kiev.
A posição da Alemanha sobre o fornecimento de armas "não corresponde ao nível de nossas relações e à situação de segurança atual", criticou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter.
Na segunda-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, insistiu que seu país está alinhado com os com a Otan a União Europeia na oposição a qualquer incursão russa na Ucrânia. "Se essa situação ocorrer, agiremos em conjunto", disse ele a repórteres.
Ainda assim, o político afirmou que há uma exceção para o apoio: "Não fornecemos armas letais".
Especialistas dizem que a posição da Alemanha está parcialmente enraizada em sua história de agressão durante o século XX.
"Há o legado óbvio da própria militarização da Alemanha na Europa durante duas Guerras Mundiais que levou muitos líderes alemães a ver qualquer resposta militar como o último recurso", disse Rachel Ellehuus, vice-diretora do programa Europa, Rússia e Eurásia no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.
Falando ao lado de seu homólogo russo, a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, reconheceu o "sofrimento e destruição que nós alemães trouxemos aos povos da União Soviética" durante a era nazista, mas alertou que a Alemanha estava disposta a considerar medidas difíceis se a Rússia agir contra a Ucrânia.
Isso incluiria colocar em xeque o futuro do novo gasoduto Nord Stream 2, destinado a trazer o tão necessário gás natural da Rússia para a Alemanha.