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Alemanha reabre o comércio e tenta voltar à rotina, com cautela (e testes)

A maior economia da Europa começa a religar suas máquinas, mas a normalidade ainda é um sonho distante

MERKEL (EM DISTÂNCIA SEGURA): a Alemanha já fez testes de coronavírus em mais de 1,7 milhão de pessoas (Bernd von Jutrczenka/Pool/Reuters)

MERKEL (EM DISTÂNCIA SEGURA): a Alemanha já fez testes de coronavírus em mais de 1,7 milhão de pessoas (Bernd von Jutrczenka/Pool/Reuters)

A Alemanha começa a afrouxar as medidas de quarentena contra o novo coronavírus. Nesta segunda-feira (20), lojas com até 800 metros quadrados de área poderão reabrir para o comércio. Livrarias, revendas de carros e lojas de bicicletas, independentemente do tamanho, também poderão reabrir suas portas.

A retomada das atividades na maior economia da Europa ocorrerá de forma gradual. Bares e restaurantes continuarão fechados. As aulas nas escolas serão retomadas em 4 de maio, começando pelos alunos mais velhos. A proibição de grandes eventos, como concertos e jogos de futebol, foi estendida até 31 de agosto. As creches deverão ficar fechadas até agosto ou setembro, um problema para pais com filhos pequenos que tiverem de voltar ao trabalho antes disso.

A Volkswagen, que tinha fechado todas as fábricas na Europa em meados de março, retomará nesta segunda-feira a produção em sua unidade na cidade de Zwickau, na Saxônia. A Mercedes-Benz também pretende retomar esta semana as atividades em suas fábricas em Hamburgo, Berlim e Untertuerkheim. Já a BMW informou não ter planos de reiniciar a produção antes do fim de abril.

 

A produção de carros é a principal atividade industrial da Alemanha, responsável por 5% do PIB do país. O setor emprega 800.000 pessoas e fatura quase 500 bilhões de euros por ano. Entende-se a pressa dos alemães em religar as máquinas, mas a produção não deverá se normalizar tão cedo. As montadoras alemãs dependem de peças fabricadas na Itália, cuja produção está paralisada. Outro problema é que a Alemanha exporta cerca de 80% de sua produção de carros. Com a maioria dos mercados em recessão, vai ser difícil exportar como antes.

O FMI prevê que o PIB da Alemanha terá uma contração de 7% em 2020 – um golpe duro para um país que cresceu apenas 0,6% no ano passado. Ainda assim, a chanceler Angela Merkel defende cautela no afrouxamento da quarentena. “O que conseguimos até agora é um sucesso temporário e frágil”, disse Merkel na última quarta-feira.

A Alemanha tem se destacado como um dos países europeus com melhores resultados no combate ao coronavírus. Até domingo, o país tinha registrado 4.500 mortos por covid-19. O Reino Unido, com população menor, já tinha 16.000 mortos. Além das medidas de distanciamento social, a diferença parece estar na estratégia de testagem em massa para identificar e isolar os doentes. A Alemanha já fez testes de coronavírus em mais de 1,7 milhão de pessoas. No Reino Unido, foram menos de 500.000 pessoas.

Há pouco mais de um mês, Merkel afirmou que o coronavírus poderia infectar até 70% da população do país. O Ministério da Saúde estima que, até agora, o vírus atingiu em torno de 1,5% dos 83 milhões de alemães. Isso significa que a epidemia na Alemanha pode estar longe de acabar. O país tenta voltar à rotina, mas a normalidade ainda é um sonho distante.

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