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Alemanha assume Conselho da Europa em meio à tensão com a Rússia

Aliança de países fundada em 1949 para garantir a democracia no continente deve ter dificuldades na relação com a Rússia do presidente Vladimir Putin

A relação de Merkel e Putin está deteriorada por causa das ambições militares da Rússia e do apoio a Alexander Lukashenko, líder da Bielorrússia reconduzido ao cargo após eleições fraudadas (Philippe Wojazer/Reuters)

A relação de Merkel e Putin está deteriorada por causa das ambições militares da Rússia e do apoio a Alexander Lukashenko, líder da Bielorrússia reconduzido ao cargo após eleições fraudadas (Philippe Wojazer/Reuters)

LB

Leo Branco

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 06h20.

Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 09h21.

Em meio ao avanço da pandemia, e o retorno dos regimes de lockdown em boa parte dos países europeus, o governo da Alemanha assume nesta quarta-feira, 18, a presidência do Conselho da Europa, aliança de países fundada em 1949 para garantir a democracia, o Estado Democrático de Direito e a normalidade das relações internacionais dentro do continente.

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Embora não tenha relação formal com a União Europeia, o Conselho da Europa é tido como um embrião do bloco econômico europeu. O conselho não tem o poder para fazer leis, como faz a União Europeia, mas tem mandato para pressionar os países membros a aplicarem as normas acordadas pelo bloco econômico - em particular nos temas ligados aos direitos humanos.

Além disso, nenhum país entra na União Europeia sem, antes, fazer parte do Conselho da Europa, cuja sede fica em Estrasburgo, na França, e tem um orçamento anual de aproximadamente 500 milhões de euros.

Pelos próximos seis meses, o governo da Alemanha será responsável por direcionar os esforços do Conselho da Europa, no lugar das autoridades da Grécia, que estava no comando desde maio.

Entre os assuntos mais urgentes do mandato que começa nesta quarta-feira está a relação delicada da Rússia, um dos 47 países membros do Conselho da Europa, com os vizinhos do continente.

O governo do presidente russo Vladimir Putin tem expandido a atividade militar no Cáucaso, à despeito de pedidos do Conselho da Europa para reduzir a presença na região.

Nos últimos meses, tropas russas têm feito exercícios na Abecácia e Ossétia do Sul, regiões administrativas da Geórgia que a Rússia alega fazerem parte do seu território. O temor das lideranças do Conselho da Europa é de um retorno do conflito armado entre os dois países, em cessar-fogo desde 2008.

A relação entre Alemanha e Rússia também está deteriorada por causa da eleição presidencial da Bielorrússia, em agosto. Observadores internacionais consideraram o pleito fraudado em favor do presidente Alexander Lukashenko, reconduzido ao cargo que ocupa desde 1994.

O governo da primeira-ministra alemã Angela Merkel tem sido um dos mais vocais nas críticas a Lukashenko, pedindo para o líder bielorrusso dialogar com a oposição e ceder parte do poder. Enquanto isso, a Rússia é um dos maiores aliados de Lukashenko.

Para complicar ainda mais as coisas, a Alemanha atualmente abriga o líder opositor russo Alexei Navalny, um dos principais críticos ao regime de Putin. Em agosto, Navalny foi envenenado por um agente químico durante um voo para a Sibéria. Em coma, Navalny foi transferido às pressas para um hospital de Berlim, onde está em tratamento até agora.

Ao que tudo indica, a tensão entre os dois países deve atrapalhar os esforços do Conselho da Europa pelos próximos meses.

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