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AIEA vê indícios de programa militar nuclear no Irã

Relatório aponta que atividades estão sendo feitas há mais de oito anos e país já tem material nuclear para a construção de uma bomba atômica

Usina nuclear de Natanz, no Irã: programa já estava em funcionamento antes de 2003 (Henghameh Fahimi/AFP)

Usina nuclear de Natanz, no Irã: programa já estava em funcionamento antes de 2003 (Henghameh Fahimi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2011 às 16h33.

Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou nesta terça-feira um relatório sobre o programa nuclear do Irã no qual aponta indícios de que o país manteve até um passado recente atividades exclusivamente relacionadas ao desenvolvimento de armas nucleares.

Os dados que o organismo recebeu de vários países-membros indicam que Teerã 'realizou atividades relevantes no desenvolvimento de uma bomba nuclear', de acordo com o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, no documento emitido na sede da entidade, em Viena.

O texto, enviado aos Estados-membros e ao Conselho de Segurança da ONU, acrescenta que, antes de 2003, essas atividades eram realizadas sob um programa estruturado e algumas poderiam ainda estar em andamento.

Entre as atividades, a agência da ONU destaca trabalhos no desenvolvimento do que qualifica como um 'desenho próprio' para uma arma nuclear, além da compra de informação e documentação a uma rede clandestina de material atômico, segundo um extenso documento confidencial obtido pela Agência Efe.

Nele, os inspetores detalham as informações sobre supostas dimensões militares do programa nuclear iraniano como, por exemplo, experimentos com explosivos especiais e o desenvolvimento de detonadores.

Uma fonte diplomática próxima à AIEA e a par das investigações disse à Efe em Viena que 'os assuntos detalhados dão uma imagem bastante exaustiva do que se necessita quando se deseja construir uma arma nuclear'.

Os inspetores da AIEA destacam que o regime de Teerã realizou 'esforços para desenvolver vias não declaradas de produção de material nuclear'.

Militares iranianos teriam tentado, às vezes com sucesso, adquirir equipamentos nucleares e de uso civil e militar, acrescenta o documento, um dos mais delicados dos últimos anos, que vem precedido por muitas especulações, especialmente em Israel, sobre um possível ataque armado para neutralizar o programa atômico do Irã.


De acordo com a AIEA, que investiga há oito anos as atividades nucleares iranianas, Teerã já produziu quase cinco toneladas de urânio enriquecido, mais que o suficiente, segundo especialistas internacionais, para fabricar várias bombas.

O uso bélico do urânio enriquecido depende do grau de pureza de um combustível que pode ser usado tanto com fins militares como civis.

Por isso, o Conselho de Segurança da ONU exige há quase cinco anos que o Irã suspenda o enriquecimento como medida para criar confiança internacional. Teerã se recusa a interromper o programa, alegando que tem direito de produzir urânio e que seu projeto nuclear tem fins exclusivamente energéticos e científicos.

O relatório detalha ainda que os iranianos já produziram 73,7 quilos de urânio enriquecido até 20%. A República Islâmica alega que pretende utilizar o material para um reator civil para produzir isótopos destinados à luta contra o câncer.

No entanto, os especialistas advertem que aumentar o grau de pureza do combustível atômico aproxima muito o Irã da capacidade de produzir urânio enriquecido acima dos 80% necessários para uma bomba.

O número de centrífugas de urânio instaladas na usina de enriquecimento em Natanz (centro do Irã) se mantém estável há meses, em torno das 8 mil unidades. Isso contradiz os planos oficiais de Teerã de chegar às 50 mil que fazem falta para a produção industrial de combustível nuclear.

Estados Unidos, Israel e os países da União Europeia temem que, sob o pretexto de um programa civil, o Irã pretende obter conhecimentos para produzir uma bomba nuclear. EFE

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