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AIEA negocia acordo em Teerã, que confirma novas centrífugas

Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), liderados pelo belga Herman Nackaerts, reencontraram os negociadores iranianos


	Herman Nackaerts e a delegação da AIEA sobre o Irã: o Irã confirmou o início da instalação de centrífugas de última geração nas instalações de enriquecimento de urânio de Natanz.
 (©afp.com / Dieter Nagl)

Herman Nackaerts e a delegação da AIEA sobre o Irã: o Irã confirmou o início da instalação de centrífugas de última geração nas instalações de enriquecimento de urânio de Natanz. (©afp.com / Dieter Nagl)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2013 às 13h53.

Teerã - A Agência Nuclear da ONU tenta concluir em Teerã um acordo para investigar o polêmico programa nuclear do Irã, que confirmou a modernização das suas instalações de enriquecimento de urânio.

Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), liderados pelo belga Herman Nackaerts, reencontraram os negociadores iranianos, encabeçados pelo representante do Irã na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, na oitava visita da organização ao Irã em um ano.

Enquanto as partes negociavam desde o início da manhã, o diretor da Organização Iraniana de Energia Nuclear (OIEA), Fereydoun Abbasi Davani, confirmou o início da instalação de centrífugas de última geração nas instalações de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do Irã.

Segundo ele, essas novas centrífugas, mais poderosas, "destinam-se ao enriquecimento a 5%", utilizado para a produção de energia elétrica, e "não têm nenhum uso para o enriquecimento a 20%".

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que monitora as atividades nucleares iranianas, o Irã informou em uma carta datada de 23 de janeiro sobre esta modernização, que foi denunciada pelas grandes potências e por Israel.

Em Teerã, a agência da ONU busca um acesso mais amplo aos locais, indivíduos e documentos que possam esclarecer as dúvidas levantadas em seu relatório de 2011, sobre elementos segundo os quais o Irã trabalhou na produção de armas atômicas antes de 2003 e talvez depois.

A República Islâmica rejeita este relatório e nega todas as acusações do Ocidente e de Israel, que suspeitam que Teerã tenta desenvolver bombas atômicas sob as alegações de um programa nuclear civil.


Teerã espera que o acordo assinado com a agência da ONU respeite seus "direitos nucleares" de enriquecimento.

A AIEA pede, sobretudo, para visitar a base militar de Parchin, onde atividades suspeitas são realizadas, segundo a agência.

Mas Fereydoun Abbassi Davani descartou o acesso à Parchin enquanto a AIEA não fornecer ao Irã provas que sustentem tais suspeitas. Além disso, esta base militar não está no quadro de investigação dos inspetores da ONU, segundo Teerã.

Qualquer decisão sobre Parchin é de responsabilidade do Conselho Supremo de Segurança Nacional, ressaltou o deputado Alaeddine Boroujerdi, citado pela agência de notícias ISNA. O Conselho é presidido por Saeed Jalili, o representante do guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que lidera as negociações com outras grandes potências sobre a questão nuclear.

Sem avanços, o Irã corre o risco de enfrentar uma nova resolução durante a reunião no início de março do Conselho de Governadores da AIEA, exigindo encaminhamento ao Conselho de Segurança da ONU.

As negociações com a AIEA também terão um impacto sobre a retomada das negociações com o grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha), prevista para 26 de fevereiro na cidade de Almaty, no Cazaquistão, após oito meses de suspensão.

As grandes potências querem que o Irã acabe com o enriquecimento de urânio a 20% que, se for elevado a 90%, pode ser utilizado para a produção de armas atômicas.


Já o Irã exige uma flexibilização das sanções internacionais antes de qualquer redução de suas atividades de enriquecimento, um pedido rejeitado pelo grupo 5+1.

A ONU impôs ao Irã quatro séries de sanções, que foram somadas no final de 2011 a medidas americanas e europeias que visam as exportações de petróleo, o que levou a uma grave crise econômica. Em 2012, estas sanções provocaram uma queda de 40 bilhões dólares em receitas de exportação de petróleo do Irã, segundo a Agência Internacional de Energia.

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