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AI critica repressão em protestos na América Latina

A Anistia Internacional criticou o alto nível de impunidade e a crescente militarização na América Latina em 2014, ano em que recrudesceram as manifestações

Manifestante segura cartaz onde se lê "Maduro assassino" durante protesto por morte de jovem de 14 anos na Venezuela (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Manifestante segura cartaz onde se lê "Maduro assassino" durante protesto por morte de jovem de 14 anos na Venezuela (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 17h15.

Santiago - A Anistia Internacional criticou nesta quarta-feira o alto nível de impunidade e a crescente militarização na América Latina em 2014, ano em que recrudesceram as manifestações contra governos em países como México e Venezuela.

No seu relatório 2014/15, a entidade indicou que a região "pareceu retroceder" em matéria de respeito aos direitos humanos nos últimos dois anos, quando "num país atrás do outro, o povo tomou as ruas para protestar contra as práticas estatais repressivas".

"As manifestações constituíram um verdadeiro desafio público aos altos níveis de impunidade e corrupção e às políticas econômicas que favoreciam a uns poucos", acrescentou.

Estes protestos, especialmente em México, Venezuela e Brasil, se deram "num contexto de erosão do espaço democrático e de uma persistente criminalização da dissidência", com uma reação "cada vez mais militarizada" por parte do Estado às demandas sociais e políticas, disse a Anistia.

A situação no México foi considerada a mais alarmante, com grande preocupação pela impunidade e pelos numerosos casos de tortura.

"Segundo dados oficiais, mais de 22 mil pessoas continuam sequestradas, submetidas a desaparecimentos forçados ou têm paradeiro desconhecido, entre elas os 43 estudantes do Estado de Guerrero", detalhou o informe em relação a um caso de conivência entre autoridades locais e quadrilhas organizadas que comoveu a opinião pública mundial.

No que se refere à Venezuela, a Anistia criticou o uso excessivo da força por parte do Estado para silenciar as manifestações populares, que deixaram pelo menos 43 mortos e 870 feridos durante os enfrentamentos entre manifestantes e as forças de segurança.

A entidade também denunciou o aumento das detenções e reclusões arbitrárias no país sul-americano rico em petróleo, assim como as "ingerências governamentais" no judiciário.

A Anistia enfatizou os casos do líder opositor Leopoldo López, "preso apesar da falta de provas", e de Daniel Ceballos, prefeito da cidade de San Cristóbal cuja libertação exigiu um Grupo de Trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU).

Brasil

O país foi outro epicentro regional dos protestos. Milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o aumento das tarifas do transporte público, o elevado gasto com eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, e o escasso investimento nos serviços públicos.

A polícia foi acusada de uso excessivo da força nas manifestações pacíficas, com centenas de pessoas detidas de forma arbitrária.

No caso colombiano, o documento destacou os avanços nas negociações de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), embora "ambas as partes continuavam cometendo violações de direitos humanos e do direito internacional humanitário".

No resto dos países da região, a Anistia destacou sobretudo as travas aos direitos de reprodução das mulheres, a discriminação dos povos indígenas e as ações judiciais contra crimes ocorridos durante as ditaduras militares.

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