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África do Sul critica declaração de Trump sobre reforma agrária

O governo planeja mudar a Constituição para expropriar terras sem o pagamento de indenizações, para superar as desigualdades na posse da terra

Trump: o presidente americano criticou a reforma agrária sul-africana (Leah Millis/Reuters)

Trump: o presidente americano criticou a reforma agrária sul-africana (Leah Millis/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 11h27.

Johannesburgo - O governo da África do Sul criticou nesta quinta-feira uma mensagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Twitter, na qual o americano disse que pediu ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que apure a reforma agrária sul-africana e a "matança em larga escala de fazendeiros" no país. O tuíte da noite da quarta-feira se referia a uma matéria da Fox News que criticava a posição do governo americano sobre a reforma agrária sul-africana.

O rand sul-africano recuou em relação ao dólar após a mensagem de Trump. "A África do Sul rejeita totalmente a percepção estreita que apenas busca dividir nossa nação e nos lembrar de nosso passado colonial", afirmou o governo em mensagem em sua conta oficial no Twitter. "A África do Sul acelerará o ritmo da reforma agrária de modo cuidadoso e inclusivo, que não divida nossa nação."

O partido governista, Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), já disse que planeja mudar a Constituição para permitir a expropriação de terras sem o pagamento de indenizações, como forma de superar grandes desigualdades na posse da terra. Os brancos, que formam 8% da população nacional, detêm 73% das terras agricultáveis, segundo estimativas da associação de fazendeiros Agri. O presidente Cyril Ramaphosa diz que o processo será conduzido com cuidado para evitar desrespeito ao direito à propriedade e garantir a segurança alimentar e a produção agrícola.

Proprietários podem entrar na Justiça local contra o governo, caso tenham terras tomadas sem compensação justa. Mas ataques violentos sobre fazendeiros brancos chamam a atenção da imprensa local e estrangeira nos últimos anos, gerando protestos dos fazendeiros e de grupos de interesse dos brancos.

Levantamentos locais mostram que o número de fazendeiros mortos tem recuado nos últimos 20 anos, chegando à mínima de 47 em 2017/2018. Já os ataques contra fazendas, que incluem estupro, roubos e agressões, aumentaram nos dois últimos anos, para 561 em 2017/2018, embora bem abaixo da máxima de 1.069 ataques de 2001/2002.

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