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Advogado de banqueiros ajuda sem-teto de Londres no Natal

Iniciativa de advogado de defesa que ajudou banqueiros a ganharem milhões oferece assessoria jurídica de voluntários para sem-teto

Londres: abrigo Shelter From The Storm é um dos poucos lugares onde os sem-teto podem receber assessoria jurídica, além de comida e uma cama (Daniel Berehulak/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2014 às 21h43.

Londres -Victor Echodu era antigamente um piloto que levava aviões de carga para a África e a Ásia. Aos 62 anos, ele está passando esse Natal em um abrigo de sem-teto no norte de Londres .

Echodu tira da carteira uma maltratada identificação de piloto com uma foto que mostra um homem jovem de uniforme: camisa branca e dragonas.

O ugandense precisa ter seu status de imigração confirmado para poder se mudar para uma nova casa, o que é difícil, explica, porque perdeu o passaporte.

O abrigo Shelter From The Storm, onde Echodu está, é um dos poucos lugares onde os sem-teto podem receber assessoria jurídica, além de comida e uma cama. Advogados de escritórios jurídicos de elite de Londres são voluntários das clínicas gratuitas duas vezes por mês para cuidar de problemas que vão desde custódia de filhos e divórcios até casos relacionados a moradias e a acesso a benefícios.

A iniciativa é realizada por Andrew Hochhauser, advogado de defesa mais conhecido por ter ajudado 104 banqueiros do Dresdner Kleinwort a ganhar cerca de 50 milhões de euros (US$ 61 milhões) do Commerzbank AG na maior ação judicial relativa a bônus do Reino Unido.

“Isso aqui está tão distante do bônus de um banqueiro quanto você possa imaginar”, diz ele. O abrigo provavelmente é o primeiro do Reino Unido a oferecer serviços jurídicos no local, segundo Hochhauser. Normalmente as pessoas precisam encontrar uma solução nos centros jurídicos da comunidade local.

“O que nós fizemos foi algo muito novo”, disse Hochhauser, de 59 anos, que também trabalha como juiz-adjunto na Tribunal Superior de Londres.

A clínica opera desde fevereiro e Hochhauser está conversando com a Linklaters LLP, uma das maiores firmas de advocacia do mundo, para ter sua ajuda.

Código postal N1

O Shelter From the Storm fica em Islington, um dos bairros mais desiguais em uma cidade onde os extremos de riqueza e pobreza muitas vezes são encontrados na mesma rua. Apesar de ficar no muito procurado código postal N1, onde casas vitorianas podem ser vendidas por mais de 2 milhões de libras, Islington está entre os 15 bairros mais carentes da Inglaterra.

O lar é, supostamente, difícil de encontrar, disse a fundadora e CEO Sheila Scott. “Há muitas vítimas de violência doméstica aqui”, diz ela.

Do lado de dentro, os moradores assistem futebol em uma TV grande enquanto voluntários fazem barulho na cozinha preparando o jantar de palitos de peixe e batata frita ou massa com vegetais. Scott, 60, entrega camisetas e faz piadas com os convidados.

A clínica jurídica atraiu advogados da Laura Devine Solicitors, uma firma de imigração, e da Penningtons Manches LLP, que tem entre seus clientes empreendedores e executivos de empresas. Nessa noite a sessão está sendo realizada por Stephane Gentili, do Islington Law Centre, que fornece assessoria jurídica grátis.

Echodu explica seu problema. Ele mora no Reino Unido há 40 anos, mas está tendo dificuldades para provar isso às autoridades para poder pedir um benefício habitacional e se mudar para uma casa nova.

Gentili se mostra otimista. O governo do Reino Unido deve ter registros de seu tempo de trabalho como piloto e Echodu recebeu uma decisão positiva de um tribunal de ajuda social.

O número de pessoas que moram nas ruas na Inglaterra está crescendo. Cerca de 2.400 pessoas estavam desabrigadas no outono (setembro a dezembro no Hemisfério Norte) de 2013, de acordo com estatísticas do governo. Esse número representa um aumento de 5 por cento em relação ao ano anterior e um incremento de 37 por cento na comparação com 2010, quando foi realizada a primeira contagem. Um quarto dos sem-teto do país está em Londres.

Trabalho de detetive

“Não tem a ver com a lei de imigração”, diz Gentili a ele. “É só um pouco de trabalho de detetive”.

Echodu foi expulso de casa há um ano quando a autoridade local questionou seu status de imigração e interrompeu seus benefícios.

Ele tem a esperança de se mudar para um novo apartamento em breve e diz que nunca teria sido expulso se tivesse tido acesso a assessoria jurídica.

“Se eu soubesse, isso nunca teria acontecido”, diz ele.

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Londres -Victor Echodu era antigamente um piloto que levava aviões de carga para a África e a Ásia. Aos 62 anos, ele está passando esse Natal em um abrigo de sem-teto no norte de Londres .

Echodu tira da carteira uma maltratada identificação de piloto com uma foto que mostra um homem jovem de uniforme: camisa branca e dragonas.

O ugandense precisa ter seu status de imigração confirmado para poder se mudar para uma nova casa, o que é difícil, explica, porque perdeu o passaporte.

O abrigo Shelter From The Storm, onde Echodu está, é um dos poucos lugares onde os sem-teto podem receber assessoria jurídica, além de comida e uma cama. Advogados de escritórios jurídicos de elite de Londres são voluntários das clínicas gratuitas duas vezes por mês para cuidar de problemas que vão desde custódia de filhos e divórcios até casos relacionados a moradias e a acesso a benefícios.

A iniciativa é realizada por Andrew Hochhauser, advogado de defesa mais conhecido por ter ajudado 104 banqueiros do Dresdner Kleinwort a ganhar cerca de 50 milhões de euros (US$ 61 milhões) do Commerzbank AG na maior ação judicial relativa a bônus do Reino Unido.

“Isso aqui está tão distante do bônus de um banqueiro quanto você possa imaginar”, diz ele. O abrigo provavelmente é o primeiro do Reino Unido a oferecer serviços jurídicos no local, segundo Hochhauser. Normalmente as pessoas precisam encontrar uma solução nos centros jurídicos da comunidade local.

“O que nós fizemos foi algo muito novo”, disse Hochhauser, de 59 anos, que também trabalha como juiz-adjunto na Tribunal Superior de Londres.

A clínica opera desde fevereiro e Hochhauser está conversando com a Linklaters LLP, uma das maiores firmas de advocacia do mundo, para ter sua ajuda.

Código postal N1

O Shelter From the Storm fica em Islington, um dos bairros mais desiguais em uma cidade onde os extremos de riqueza e pobreza muitas vezes são encontrados na mesma rua. Apesar de ficar no muito procurado código postal N1, onde casas vitorianas podem ser vendidas por mais de 2 milhões de libras, Islington está entre os 15 bairros mais carentes da Inglaterra.

O lar é, supostamente, difícil de encontrar, disse a fundadora e CEO Sheila Scott. “Há muitas vítimas de violência doméstica aqui”, diz ela.

Do lado de dentro, os moradores assistem futebol em uma TV grande enquanto voluntários fazem barulho na cozinha preparando o jantar de palitos de peixe e batata frita ou massa com vegetais. Scott, 60, entrega camisetas e faz piadas com os convidados.

A clínica jurídica atraiu advogados da Laura Devine Solicitors, uma firma de imigração, e da Penningtons Manches LLP, que tem entre seus clientes empreendedores e executivos de empresas. Nessa noite a sessão está sendo realizada por Stephane Gentili, do Islington Law Centre, que fornece assessoria jurídica grátis.

Echodu explica seu problema. Ele mora no Reino Unido há 40 anos, mas está tendo dificuldades para provar isso às autoridades para poder pedir um benefício habitacional e se mudar para uma casa nova.

Gentili se mostra otimista. O governo do Reino Unido deve ter registros de seu tempo de trabalho como piloto e Echodu recebeu uma decisão positiva de um tribunal de ajuda social.

O número de pessoas que moram nas ruas na Inglaterra está crescendo. Cerca de 2.400 pessoas estavam desabrigadas no outono (setembro a dezembro no Hemisfério Norte) de 2013, de acordo com estatísticas do governo. Esse número representa um aumento de 5 por cento em relação ao ano anterior e um incremento de 37 por cento na comparação com 2010, quando foi realizada a primeira contagem. Um quarto dos sem-teto do país está em Londres.

Trabalho de detetive

“Não tem a ver com a lei de imigração”, diz Gentili a ele. “É só um pouco de trabalho de detetive”.

Echodu foi expulso de casa há um ano quando a autoridade local questionou seu status de imigração e interrompeu seus benefícios.

Ele tem a esperança de se mudar para um novo apartamento em breve e diz que nunca teria sido expulso se tivesse tido acesso a assessoria jurídica.

“Se eu soubesse, isso nunca teria acontecido”, diz ele.

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