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Abusos sexuais envolvendo centros educacionais infantis comovem austríacos

Mulheres denunciaram terem sido estupradas e maltratadas de forma sistemática há várias décadas em cidades como Viena

Com a exposição das denuncias, a Áustria entrou em um verdadeiro debate político (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 19h40.

Viena - Um escândalo de abusos sexuais e violência física em centros educacionais para crianças está comovendo a Áustria, onde mulheres denunciaram terem sido estupradas e maltratadas de forma sistemática há várias décadas nessas instituições.

'Era terrível. Éramos estupradas pelo jardineiro, pelos professores e outros funcionários. Eles deviam contar aos seus amigos: 'Venham ao centro que têm meninas. Se quiser se divertir pode ficar à vontade', relatou uma das supostas vítimas ao jornal Kurier, que denunciou estes casos na última semana.

As primeiras denúncias faziam referência apenas aos abusos sofridos no centro educacional 'Am Wilhelminenberg' de Viena, que tinha internos com idades entre oito e 14 anos. No entanto, o fato desencadeou para uma série de acusações contra professores de outros centros e de outros estados do país alpino.

As autoridades austríacas deviam estar cientes das denúncias, já que dezenas de vítimas destes abusos cobraram indenizações (de 35 mil euros) nas últimas semanas.

No entanto, as denúncias do jornal Kurier acabaram comovendo toda a sociedade austríaca, que observa incrédula como a cada dia o surgimento de novos detalhes apavorantes relacionados aos maus-tratos.

Algumas vítimas, atualmente com 70 anos, garantiram que tiveram de comer seus próprios vômitos, causados pela má qualidade da comida, além de sofrer continuamente agressões, gritos, ameaças e muitas outras formas de humilhação.

Johannes Öhlböck, advogado de duas irmãs que tornaram públicas estas acusações, confirmou que 'milhares de jovens' foram maltratados entre 1945 e fim da década de 70.

O que as vítimas alegam 'é totalmente digno de verdade, apesar de ser difícil de acreditar. Uma história deste tipo não poderia ser inventada. Isso é impossível', manifestou o advogado em entrevista coletiva.

Em meio à comoção, soube-se que em 1972 a Prefeitura de Viena encarregou uma conhecida psicóloga para elaborar um relatório sobre a situação das instituições de menores austríacas.

O estudo foi elaborado por Irmtraut Karlsson, que chegou a qualificar 14 dos 34 centros investigados como 'instituições totalitárias' e 'prisões para crianças' foi publicado dois anos mais tarde. Porém, o conteúdo acabou censurado sem revelar o nome dos centros.


'Ninguém se interessou pelos resultados do relatório. Nós pensamos que as denúncias iriam ter uma grande comoção pública, mas não aconteceu nada', afirmou a psicóloga à emissora pública 'ORF' nesta semana.

'Ali tudo acontecia a portas fechadas, em humilhantes e violentos rituais. Estes centros eram piores do que uma prisão. O isolamento nesses centros acabou com os sonhos de muitas crianças', disse Karlsson.

A especialista acrescentou que nas instituições privadas a situação não era diferente. Aliás, poderia ser até pior, já que os supostos agressores não precisam dar justificativas para nenhum órgão oficial.

Com a grande visibilidade das denuncias na mídia austríaca, as autoridades de Viena se viram obrigadas a reagir. Nessa semana foi criada uma comissão especial para investigar em profundidade as acusações. Outra consequência da grande exposição é que a cada dia aparecem mais vítimas denunciando as barbaridades sofridas.

'No momento em que desligamos o telefone, outra pessoa já liga para fazer novas denuncias', afirmou um porta-voz da organização encarregada de registrar as vítimas dessa tragédia. Segundo a entidade, 400 supostas vítimas já ligaram para registrar suas queixas.

A última instituição de ensino para menores da Áustria foi fechada no ano 2000. Os centros foram substituídos aos poucos por escolas menores, onde as possibilidades de sofrerem maus-tratos são inferiores.

Karlsson destacou que as vítimas destes abusos, que sofreram caladas durante décadas, devem ser tratadas de forma respeitosa e sensível.

'Não devemos humilhá-las novamente', manifestou a psicóloga, em referência às declarações de uma antiga educadora, que acusou as vítimas de inventar tais acusações, assim como terem sido prostitutas clandestinas.

Com a exposição das denuncias, a Áustria entrou em um verdadeiro debate político. Assim, todos os partidos - incluído o social-democrata SPÖ, que governa em Viena sem interrupção desde a Segunda Guerra Mundial - pediram para prolongar ou abolir os períodos de prescrição do delito de abusos contra menores. A ideia é que todos os culpados paguem por seus atos criminosos.

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As primeiras denúncias faziam referência apenas aos abusos sofridos no centro educacional 'Am Wilhelminenberg' de Viena, que tinha internos com idades entre oito e 14 anos. No entanto, o fato desencadeou para uma série de acusações contra professores de outros centros e de outros estados do país alpino.

As autoridades austríacas deviam estar cientes das denúncias, já que dezenas de vítimas destes abusos cobraram indenizações (de 35 mil euros) nas últimas semanas.

No entanto, as denúncias do jornal Kurier acabaram comovendo toda a sociedade austríaca, que observa incrédula como a cada dia o surgimento de novos detalhes apavorantes relacionados aos maus-tratos.

Algumas vítimas, atualmente com 70 anos, garantiram que tiveram de comer seus próprios vômitos, causados pela má qualidade da comida, além de sofrer continuamente agressões, gritos, ameaças e muitas outras formas de humilhação.

Johannes Öhlböck, advogado de duas irmãs que tornaram públicas estas acusações, confirmou que 'milhares de jovens' foram maltratados entre 1945 e fim da década de 70.

O que as vítimas alegam 'é totalmente digno de verdade, apesar de ser difícil de acreditar. Uma história deste tipo não poderia ser inventada. Isso é impossível', manifestou o advogado em entrevista coletiva.

Em meio à comoção, soube-se que em 1972 a Prefeitura de Viena encarregou uma conhecida psicóloga para elaborar um relatório sobre a situação das instituições de menores austríacas.

O estudo foi elaborado por Irmtraut Karlsson, que chegou a qualificar 14 dos 34 centros investigados como 'instituições totalitárias' e 'prisões para crianças' foi publicado dois anos mais tarde. Porém, o conteúdo acabou censurado sem revelar o nome dos centros.


'Ninguém se interessou pelos resultados do relatório. Nós pensamos que as denúncias iriam ter uma grande comoção pública, mas não aconteceu nada', afirmou a psicóloga à emissora pública 'ORF' nesta semana.

'Ali tudo acontecia a portas fechadas, em humilhantes e violentos rituais. Estes centros eram piores do que uma prisão. O isolamento nesses centros acabou com os sonhos de muitas crianças', disse Karlsson.

A especialista acrescentou que nas instituições privadas a situação não era diferente. Aliás, poderia ser até pior, já que os supostos agressores não precisam dar justificativas para nenhum órgão oficial.

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'No momento em que desligamos o telefone, outra pessoa já liga para fazer novas denuncias', afirmou um porta-voz da organização encarregada de registrar as vítimas dessa tragédia. Segundo a entidade, 400 supostas vítimas já ligaram para registrar suas queixas.

A última instituição de ensino para menores da Áustria foi fechada no ano 2000. Os centros foram substituídos aos poucos por escolas menores, onde as possibilidades de sofrerem maus-tratos são inferiores.

Karlsson destacou que as vítimas destes abusos, que sofreram caladas durante décadas, devem ser tratadas de forma respeitosa e sensível.

'Não devemos humilhá-las novamente', manifestou a psicóloga, em referência às declarações de uma antiga educadora, que acusou as vítimas de inventar tais acusações, assim como terem sido prostitutas clandestinas.

Com a exposição das denuncias, a Áustria entrou em um verdadeiro debate político. Assim, todos os partidos - incluído o social-democrata SPÖ, que governa em Viena sem interrupção desde a Segunda Guerra Mundial - pediram para prolongar ou abolir os períodos de prescrição do delito de abusos contra menores. A ideia é que todos os culpados paguem por seus atos criminosos.

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